Capítulo 29

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Eu e Jack chegamos primeiro e logo fomos procurar uma mesa. Jack escolheu uma que ficava próxima a janela de vidro e isso nos permitia apreciar um belo jardim cheio de flores que ficava do lado de fora.

Seria um lugar perfeito para um encontro. Pensei.

O restaurante em si era um lugar bem romântico. O ambiente passava aquela sensação de conforto e acolhimento. E a decoração sofisticada proporcionava ao local um aspecto elegante.

Eu conseguia imaginar os valores exorbitantes daquele lugar e me perguntava se eu teria condições de bancar... Se bem que com o salário atual que Jack havia me oferecido, eu poderia passar tranquilamente meu cartão de crédito. 

Ainda assim, eu estava ponderando a possibilidade que ele havia me dado em investir esse dinheiro. 

Eu não tinha muitos planos para o futuro, mas em uma coisa Jack tinha razão: meu plano não era ser babá para o resto da minha vida. 

-Cheguei - Charles apareceu, roubando minha atenção. 

Eu sorri, sem emoção.

A mesa era de quatro lugares e eu fiquei sentado no meio dos rapazes que se encaravam inexpressivos. 

-Como anda a vida, meu velho amigo? - Charles perguntou, finalmente quebrando o gelo.

-Até que boa - Jack respondeu, se recostando na cadeira. 

-Onde esta o pequeno Rafa? - perguntou Charles.

-Minha mãe veio buscar ele para passar o fim de semana com ela - respondeu. 

Charles sorriu. Esse homem tinha o hábito de esbanjar seu lindo sorriso o tempo todo e as vezes era até irritante encara-lo. 

-Aquele menino é uma comédia - Charles falou rindo. 

Jack estava quieto, não falava muito e seu rosto não demonstrava nenhum tipo de emoção. Era complicado saber o que ele estava pensando, mas percebi que a situação estava incomodando ele.

-E você, com o que trabalha na casa do Jack? - Charles si virou para mim. - Empregada? Secretária?

Jack deu um tapa na mesa. O tom de deboche de Charles me irritou, mas pareceu perturbar ainda mais o homem. 

-Ela é a governanta da casa - Jack disse, em tom irritado. 

Charles o olhou curioso e depois assumiu os aspecto desafiador. 

-Um cargo interessante - ele voltou a me encarar. - Se quiser pode trabalhar comigo, tenho certeza que posso encontrar um... cargo melhor para você e pagar bem mais pelos seus serviços. 

O tom que ele usou foi bem claro. Ele estava insinuando que eu prestava outros tipos de serviços para Jack. A reação de Jack deixou bem claro que ele se importava comigo de alguma forma e para um entendedor, meias palavras bastam. Mas ainda assim, a reação de Charles foi grotesca. 

-Não trabalharia para você nem por todo o dinheiro do mundo - eu disse, rispidamente. 

-Não se faça de difícil, bebê - ele disse em tom carinhoso. - Eu posso pagar pelo valor que quiser.

Eu ri sem humor. 

-Você é um escroto - eu falei.

Jack estava furioso e eu já imagina a fumaça saindo de seus ouvidos, como nos desenhos animados. 

-Eu vou pedir que se retire - Jack falou. 

-Ah, meu amigo, vai preferir manter essa puta do que eu? - Charles gritou. 

Isso foi o estopim, tanto para mim como para Jack. Mas a reação do meu chefe foi bem pior que a minha. 

Jack socou o rosto de Charles.

O homem cambaleou e caiu da cadeira. Todos ao redor nos encararam amedrontados. 

-Limpa essa boca suja antes de falar alguma coisa da Sofia - Jack gritou. - Eu aceito que fale de mim, mas não vou aceitar que se refira a ela de forma tão baixa.

Jack entrelaçou seus dedos envolta da minha mão, prendendo minha atenção. 

-Vamos sair daqui - ele disse e me puxou para fora do restaurante. 

Me senti como em um filme, em que o mocinho salva a protagonista de uma situação embaraçosa. Meu príncipe encantado não veio de cavalo branco, mas em um Audi A5 branco. 

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora