Capítulo 6

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Acordei cedo e olhei as roupas jogadas no guarda roupa. Jack ainda não havia me exigido um uniforme, mas obviamente que eu não sairia vestida informalmente pelo casa durante o dia.

Vesti uma legging preta e uma blusa branca.

Sorri com o resultado, eu realmente parecia uma babá.

Acordei Rafael e o ajudei com o banho. Em seguida, coloquei seu uniforme e o carreguei até a cozinha.

Lá, o acomodei em sua cadeirinha, conforme vi se pai fazer na noite anterior.

Abri a geladeira e fui pegando tudo de saudável que eu encontrei.

Enquanto batia uma vitamina de banana, deixei a água do café fervendo.

-Bom dia - Jack disse entrando na cozinha.

Ele já havia se camuflado em seu moleton e blusa larga. Fiquei decepcionada em não poder ver ele sem camiseta de novo.

Balancei a cabeça, me livrando do pensamento.

-Acordou cedo, senhor Giluer - falei.

Ele me olhou em desaprovação, provavelmente por conta do tratamento formal.

-Velhos hábitos - ele disse.

Seu cabelo estava molhado e os fios caiam preguiçosamente entorno da sua cabeça.

Ele era lindo.

Balancei a cabeça de novo. Não poderia ter esses pensamentos com o meu chefe.

-Tudo bem, Sofi? - ele chamou meu apelido de forma tão natural.

-Sim, claro - eu disse tentando esconder o nervosismo.

Ele sorriu.

-Vejo que está preparando o café - ele disse, puxando o ar forte para sentir o cheio que inundava o local.

-Sim, para que o senhor possa começar o dia de trabalho bem - falei, educadamente.

Outro sorriso.

Estava ficando difícil não pensar naquele lindo sorriso.

-Ah, que atenciosa - ele brincou.

Eu apenas me limitei a rir.

-O senhor sai que horas para o serviço? - perguntei.

Ele deu uma risada gostosa.

-Eu trabalho em casa - falou.

Me lembrei que Raimundo havia comentado comigo sobre isso.

-Perdão pela intromissão, mas o senhor trabalha com o que? - perguntei enquanto auxiliava Rafa com as colheradas.

-Eu faço investimento na bolsa de valores, aplico meu dinheiro, vivo desses rendimentos das ações - ele falou despreocupado.

Estava explicado.

-Também tenho alguns escritórios pela cidade - ele falou. - Corretoras e escritórios contábeis.

-Parece legal - eu disse.

-Para alguém como você que fez direito, isso não deve ser legal - ele falou, rindo.

O encarei confusa. Não havia lhe dito que eu tinha cursado direito.

Talvez seu Raimundo tivesse lhe dito. Enfim, resolvi esquecer o assunto.

-Ainda assim, é bom poder cuidar das suas próprias finanças e investir da forma que quiser - falei.

Ele me olhou, curioso.

-Se quiser, posso te ensinar - ele disse. - Creio que poderá obter bons investimentos se guardar um pouco do seu salário.

-E porque me ajudaria? - eu perguntei, desconfiada.

-Uma hora meu filho vai crescer e creio que ser governanta na casa de outra pessoa não seja seu sonho de vida - ele disse enquanto escolhia uma das frutas sobre o balcão.

-Faz sentindo, mas mesmo assim não seria mais lucrativo me indicar uma de suas corretoras? - eu perguntei.

Ele sorriu, enigmático.

-Se eu te recomendasse uma das minha corretoras, eu não seria capaz de te ensinar pessoalmente - ele falou.

Não entendi o que ele queria dizer, mas deixei passar.

Servi uma boa xícara de café para ele e um pequeno sanduíche natural que preparei.

Ele deu uma boa golada na xícara e engasgou.

-Você provou isso? - perguntou enquanto tossia.

-Eu não bebo café - eu disse preocupada.

Ele riu, ainda tossindo.

-Geralmente colocamos açúcar no café - ele disse tentando conter a gargalhada.

Eu não conseguia rir, estava preocupada demais para isso.

-Desculpa, senhor Giluer - falei.

Ele continuou rindo e virou uma boa quantidade de adoçante em sua xícara.

-Não se preocupe, Sofi - ele falou ao se recuperar. - Você já foi uma fofa ao fazer o café e me preparar o lanche.

Novamente: outro sorriso.

Virei minha concentração para Rafael que ria também, mesmo sem saber o que estava acontecendo.

-Vamos, meu bem? - me direcionei a ele.

O menino sorriu e estendeu os braços para o meu colo. Eu o peguei carinhosamente.

-Senhor, estarei levando o Rafa para a creche - eu disse.

-Tudo bem, Sofi - ele disse. - O motorista aguardam vocês lá em baixo.

Eu apenas sorri e me virei em direção a saída.

A GOVERNANTAOnde histórias criam vida. Descubra agora