Tudo Que Ela Quer

Capítulo 6 (Parte 1)

Acordo e sinto algo me prender. Abro os olhos e vejo um braço envolta minha cintura, olho para o lado e vejo Enzo dormindo tranquilamente.

Oh, merda!

Lembranças do que fizemos na noite passada, imediatamente invadem meus pensamentos. Porra, que cara é aquele que eu conheci ontem?

E definitivamente, eu comprovei que é a mais pura verdade aquele clichê de que os quietinhos são os piores (ou melhores).

Verifico as horas, e pela primeira vez na vida, euzinha, Bruna Lopes Paiva, acordei antes do horário!

Desativei o despertador, para não acordar o Enzo, e me levantei cuidadosamente, também para não acorda-lo.Tomei um banho e me arrumei para ir para faculdade.

Fiz café, e bom, não tinha pão fresquinho, mas tinha pão de forma integral que, para mim, é tão bom quanto o francês. Arrumei dois pães com recheio de peito de peru. Há muito tempo não tinha um café da manhã assim.

Enquanto arrumava as coisas, aproveitei o tempo para pensar nos últimos acontecimentos.

Conheci o Enzo, beijei-o, abri exceção das minhas regras, fiquei com raiva, perdoei...

E porra, eu abri mão de TODAS as regras por causa dele :

1) Respondi mensagem (essa eu me arrependi profundamente).

2) Saí mais de duas vezes.

3) Conheci a mãe dele (mesmo que sem querer).

4) Trouxe para meu apartamento (essa eu não me arrependo nem aqui e nem na China).

Acho que já está na hora de dar um basta nisso tudo, mesmo que vá magoa-lo. Mas não posso fazer nada, esse é meu jeito, essa é minha vida. E eu prometi à mim mesmo que, não me envolveria emocionalmente com outro homem. E eu não sou de descumprir promessas! 

Desperto de meus pensamentos quando sinto um corpo junto ao meu. Enzo. Suspiro fundo, pois talvez seja a última vez que eu sinta seu calor.

— Bom dia, Olhos Azuis — sorri. Sorri, porque o que me restava fazer se eu adoro quando ele me chama assim?

Eu me solto de seus braços e me viro.

— Bom dia — sorri, mas sabia que esse não havia chegado em meus olhos.

E por dentro, a cada segundo que se passava, eu estava morrendo um pouquinho, por saber que dali alguns minutos, iria dispensar esse cara incrível. Que mesmo nos poucos momentos que passamos juntos, me fez sentir a maldita mais sortuda e especial de todo o mundo.

Mas era isso mesmo que eu queria?

Ou pensando pelo lado positivo, talvez ele também não queira um relacionamento e também ache que é a hora de parar.

— Dormiu bem? — eu quis saber.

— Como nunca — sorriu.

E para que ele teve que fazer isso? Como esse simples (e lindo!) sorriso, me fez repensar em todas aquelas malditas regras, e se valia mesmo a pena não deixa-las de lado e ficar com o Japa.

Ai, meu Deus, que contradição.

Decidi que precisava de conselhos antes de tomar qualquer decisão. E nada melhor que, conselhos e comidinha da mamãe para conseguir tomar uma decisão difícil. Iria lá hoje mesmo, depois que saísse do trabalho.

— Então você preparou café para a gente? — ele diz olhando a mesa que eu havia arrumado.

— Eu tentei. Não tinha muita variedade — ri.

Comemos em silêncio. O que foi ótimo. Porque eu não estava nenhum pouco a fim de conversar, ainda mais sobre "nós ".

Ele se ofereceu para me levar para a faculdade, mas eu neguei gentilmente, dizendo que Carol logo passaria para me levar. Nos despedimos com um abraço, e ele se foi, levando uma parte de mim.

Enquanto Carol não chegava, deitei no sofá, e sinto uma vontade incontrolável de chorar.

Lembrei-me de anos atrás, quando, sem querer, flagrei meu ex-namorado com a aquela vadia. Eu fiquei sem chão, sem rumo. Chorei por dias.

À partir daí que começou meu trauma por relacionamentos. Não quero isso de novo para mim. Num relacionamento, ou você machuca ou sai machucado.

Engulo o choro, e deixo essas lembranças para lá. Logo meu celular toca, e é Carol avisando que ja está lá em baixo. Pego minhas coisas e desço.

No intervalo das aulas, como sempre, Carol percebe minha cara emburrada.

— Amiga, o que aconteceu? — pergunta preocupada — Eu não gosto de te ver assim, Bru.

— Eu sempre faço tudo errado — respiro fundo — Sempre.