Capítulo 9 (Parte 2)

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— Estou querendo te dizer que, eu nunca te vi assim, amiga. Em todo esse tempo de amizade, você nunca ficou com um cara mais de duas vezes, nunca respondeu mensagens, levar para o seu apartamento era mais que proibido.

— Carol, amiga do meu coração, eu sei disso tudo! Eu fui uma completa otária por ter aberto exceção das minhas regras por causa daquele Japa burro. Agora, por favor, diga logo de uma vez, que eu já estou perdendo a minha curta e rara paciência — na verdade, já havia perdido. Não estou entendendo nada do que Carol quer dizer.

Quando ela abriu a boca para falar, nosso jantar chegou, e nenhuma se atreveu à adiar essa janta, estávamos famintas (novidade).

Jantamos no mais absoluto silêncio. Só o celular da Carol que vibrava de minuto em minuto, e ela largava o garfo e respondia a mensagem com um sorrisinho no rosto. Fiquei curiosa, confesso. Mas estava tão concentrada no delicioso risoto de palmito e filé  à minha frente que nem perguntei nada.

A gente já estava na sobremesa, e nada do celular de Caroline parar de vibrar, eu já estava irritada. Mas quem liga para isso com um mousse de maracujá com chocolate à sua frente, pedindo para ser devorado? Eu não ligo mesmo.

Quando chegamos em casa, Carol tratou de me chamar para terminarmos aquela bendita conversa. Sentamos no sofá, e ela começou :

— Olha, eu vou direto ao ponto — agradeci com o olhar, já estava irritada daquelas voltas e voltas que ela estava dando — Como estava dizendo, você nunca fez isso por menino algum, aí aparece um japinha, e do nada você resolve exceder todas as sua "regras" por causa dele? Tá, ele é gato, mas você já ficou com muitos mais bonitos do que ele, amiga. Bom de cama, pelo o que você falou, ele é. Mas, eu te conheço, não é isso que ia te fazer ficar com ele duas ou três vezes. E amiga, eu nunca te vi assim. Você tinha que ver o jeito que olha para ele, o jeito que ficou quando viu ele com a PP, você era a decepção em pessoa. Os seus olhos brilhavam, quando contou para mim sobre a noite maravilhosa que passaram, sobre os beijos, o jeito que ele te travava, como você se sentia especial... Amiga, eu sinto em te informar, mas você está apaixonada por Enzo.

Oi??? É isso mesmo que ouvi, produção? Caroline está louca, o sorvete de morango que ela comeu só podia estar estragado. Só me restou rir dessa barbaridade.

— Ficou louca, Carol? — ri ainda mais — Endoidou de vez, só pode.

— Ri enquanto pode, Bruna. Só espero que não perceba isso tarde demais, que aí o Enzo pode estar casado, com filhos... Mas, já que você acha que estou ficando louca, vamos marcar um almoço com a Tia amanhã, aí ela vai dizer se é loucura minha ou não.

Carol levanta pega seu celular, que só agora percebi que havia, finalmente, parado de vibrar. Disca um número, e coloca o celular ao ouvido.

— Tia Alice?...  Oi, é a Carol... Tudo bem?...  Então... Vamos almoçar amanhã?...  Aham... Eu, você e a Bru... Não, só estamos com saudade e precisando dos seus conselhos, sabe como é... Ok. Até amanhã, beijos.

Carol volta para o sofá, e me direciona um sorrisinho vitorioso.

— Amanhã vamos descobrir quem é que está louca aqui, mocinha — ri — Agora, vou terminar um trabalho da faculdade. Aproveita esse tempo sozinha, para pensar.

Era só o que me faltava. Carol está completamente louca. Eu apaixonada? Jamais. Tá, Enzo me fazia sentir completamente especial, mas não é por isso que eu ia me apaixonar, né? Não sou trouxa. Até porque se eu quiser carinho, têm vários por aí à minha disposição.

Acordei na terça-feira sentindo um delicioso cheirinho de café, ahh como eu amo minha amiga! Comemos rapidinho e seguimos para a faculdade. Estudei bastante, e tirei todas as dúvidas que tinha da matéria. E agora eu percebo as vantagens de dormir mais cedo, estou me sentindo bem mais disposta, e sei que isso vai ajudar em minhas notas, que não são muito boas. Quando saímos da faculdade, eu e Carol, fomos ao Out Back que tem no shopping, não queria ir lá, já que é àqueles restaurantes de gente rica e enjoada, mas minha mãe insistiu, e quando Dona Alice coloca uma coisa na cabeça, não há quem tire. Quando chegamos, por incrível que pareça, ela já nos esperava, e um sorriso lindo surgiu quando nos viu.

— Oi, minhas princesas! Como estão? — nos cumprimentou com beijos e um abraco bem apertado.

— Estamos bem, tia — Carol respondeu por nós.

— Não me chame de tia em público, Carolzinha, vão pensar que estou velha — D. Alice sussurrou e eu tive que rir. E para quem se perguntou, sim, eu herdei a loucura da minha mãe.

— Bom, MÃE! — falei alto só para irritar e  a vi fazendo uma careta — Vamos fazer o pedido, estou faminta!

Mãe chamou o garçom e fizemos os pedidos. Esses restaurantes de ricos, são um ó, só têm aqueles pratos que não enche nem o buraco do meu dente.

— Então, meninas, o que queriam conversar? — Alice diz assim que o garçom sai.

— Na verdade, queremos tirar uma dúvida, ou melhor, confirmar — Carol diz.

— Qual? Perguntem!

Carol contou toda a história até sua tese ridícula de que eu estava apaixonada por Enzo. Eu apenas ficava revirando os olhos, não me restava nada, as duas estavam contra mim.

— Filha! — chama minha atenção — Porque não contou isso antes?

— Eu te contei sobre ele, mãe — falo desanimada.

— Não sobre estar apaixonada!

— Eu não es...

— Viu, tia?! — me interrompe — Algum dia ela te falou sobre algum cara?

— É verdade, filha...  — me olha com receio — Você nunca me procurar para perguntar se terminava ou não um "rolo".

— Gente, vocês estão completamente loucas! — digo incrédula — Eu que sei dos meus sentimentos!

— Não, minha filha, você não sabe. Você nunca amou alguém antes.

— Óbvio que amei — ri nervoso — Amei e me fodi!

— Aquilo não era amor, Bruna! Era uma paixonite de adolescente, não tem nada a ver com amor — Alice fala.

— Da para vocês duas pararem?  Que inferno!  Me deixem em paz!  — me exalto.

— Pare a senhorita! — minha mãe aumenta o tom fazendo eu e Carol assustar — Você tem que parar de ser criança! Tem vinte anos no lombo, mas parece uma garotinha de quatorze ou quinze anos. Acorda! Já parou para pensar que, você está fazendo igual ao seu ex? Magoando alguém igual ele te machucou? — respira fundo e continua — Você sabe que eu nunca questionei suas decisões, sempre te apoiei em tudo, mas agora não dá, chega. Você já foi longe demais com isso, Bruna. Eu não quero morrer sem ver você casar e ter filhos!

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora