"Como eu aguento guardar tanta coisa comigo, por tanto tempo? Como eu aguento pensar o tempo todo e não dizer sequer uma palavra? Como? Sufoca, sabia? Mas eu não consigo! Muita coisa do que eu sinto ninguém vai saber, muito segredo meu talvez eu nunca chegue a contar. E eu sou assim. Um acúmulo de palavras não ditas, de coisas escondidas, de pensamentos privados. Só que uma hora a gente explode. Ah, explode... Uma hora a gente sai contando tudo, só pra poder respirar. Uma hora a gente não aguenta mais e fala, desabafa. Mas algo sempre fica guardado com a gente. Sempre. Porque uma parte de nós é aquilo que ninguém desconfia."
— João Pedro Bueno
***
— Opa! O japa corno chegou — o crápula ri. E eu tenho vontade de socá-lo.
— Cala a porra da boca, Leandro! — eu grito.
— Bruna, você pode, por favor, me dizer o que está acontecendo? — empurro Leandro para longe de mim, e vou para perto do meu amor.
— O que você está fazendo aqui, com esse cara? — ele pergunta com a voz alterada — Aliás, não precisa nem dizer... Eu sou muito burro mesmo.
— Isso eu sempre soube — Leandro ri e dessa vez eu não me seguro.
Parto para cima dele e, estapeio sua cara. Ele, de tão bêbado que está, nem se defende. Num impulso, o empurro forte, fazendo-o cair no chão.
— Eu não vou ficar aqui, vendo essa palhaçada — ouço Enzo dizer. E quando me viro, já não o vejo mais.
— Viu o que você fez, otário? — grito. Chuto a lateral do corpo de Leandro que, por sua vez, ainda está jogado no chão.
Corro para dentro do salão, à procura do meu Japa. Olho todo o local, mas não o vejo. Me aproximo de Beto, que estava logo ali, e pergunto:
— Você viu o Enzo?
— Não, Bru. Aconteceu algo? — ele me analisa.
— Não. Mas, obrigada — ele assente.
Vou até a entrada do salão, e suspiro aliviada ao encontrá-lo ali, sentado em um banco de madeira.
— Japa — chamo sua atenção, quando me aproximo. Mas, ele, sequer me olha.
— Eu não quero explicação nenhuma, Bruna. Eu estou chateado e ponto.
— Você vai mesmo deixar que o nosso namoro vire um daqueles clichês românticos que um não deixa o outro se explicar?
Ele continuou calado, então eu prossegui:
— Eu devia ter te contado antes, mas, achei que isso não tivesse importância, até porque, para mim, não tem.
— Vá direto ao ponto, por favor.
— Ok... — respiro fundo — O Leandro é meu ex-namorado. — solto de uma vez.
E o Enzo, finalmente, me olha. Com uma expressão de espanto.
— O que? — ele se exalta — Aquele otário é o seu ex?
Eu, com a cabeça baixa, apenas confirmo.
— Eu nunca contei, porque... Para mim, isso não tem importância mais. Sofri? Sofri, e muito. Mas, superei. E hoje...
— Aquele filho da puta! Então é por isso... — o Enzo diz, exaltado.
— Por isso, o que?
— Não lembro se te contei, mas... Na festa, em que nos conhecemos, ele veio me falar que você não prestava, e...
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Tudo Que Ela Quer
Fiksi RemajaEla é mulher com marra de menina. Joga o jogo, leva o jeito e quer sair por cima. E mandou me dizer, pelo brilho do olhar que, a vida que ela leva não vou decifrar tão cedo. Escolhe a dedo as companhias, maldosa, lua no dia, charmosa, corpo perfeito...