Bônus Carol

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Um pequeno bônus do encontro misterioso... Espero que gostem!!  ;*

***

Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Afinal, nunca tive vocação para alegria tímida. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de bonito. Não estou aqui para que gostem de mim. Estou aqui para aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E para seduzir somente o que me acrescenta. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que as vezes me cansa. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, voracidade e falta de ar.
  
           — Clarice Lispector

*****

Caroline Moreira

Olho meu guarda-roupa e, meu Deus! Não tenho nada descente para vestir. Os homens deveriam saber que, precisamos de no mínimo duas horas para arrumar. Olho no meu relógio de pulso e vejo que tenho menos de uma hora para decidir a bendita roupa. Vasculho meu guarda-roupa e encontro uma blusa cigana esquecida ali. Perfeito! Visto-a com uma calça jeans e uma sapatilha. Está bom, né?  Na maquiagem, passo bastante rímel e um batom rosa claro. Arrumo meus documentos em uma bolsa menor, e meu celular toca. Sorrio ao ver quem é. Não atendo. Ele disse que quando chegasse daria apenas um toque. Dou uma última checada no espelho, pego minha bolsa e saio. Chegando lá, encontro-o encostado em seu carro.

— Oi, Cássio! — sorri.

— Oi. Você está linda! — sorri e eu com certeza estou corada. Sou muito boba mesmo.

— Obrigada!

— Então, vamos? — concordo.

Fomos à um restaurante japonês que frequentamos. Gosto muito da culinária japonesa, e o atendimento aqui é ótimo. Fizemos o pedido.

— Onde está a Doidinha? — ele pergunta pela Bruna.

— Foi jantar na casa do Enzo — sorri ao lembrar o quanto minha amiga ficou feliz com o pedido.

— Hummm... Será que agora eles se acertam?

— Não sei... Tomara.

— Mas, e nós? — ele pergunta e eu gelo.

— Co-como assim? — pouco antes daquele acidente terrível, eu e Cássio começamos a nos aproximar. E era incrível como o assunto entre nós nunca acabava, eram mensagens o dia inteiro.

— Eu... Eu estou muito afim de você, Caroline! — isso eu já havia percebido, já que ele nunca fez questão de esconder.

— Eu também, Cássio! — uma coisa que não sou é hipócrita. Se estou afim, falo mesmo. Sou um pouco acanhada, mas quando quero algo, realmente, vou atrás.

— Desde que... te conheci, senti uma atração, mas sei lá, deixei para lá, porque pensei que era só coisa da minha cabeça, por você ser algo novo... Mas de uns tempos para cá, não conseguia mais controlar e... Eu te quero muito! — pega minhas mãos e tenho certeza que meus olhos estão brilhando. O Cássio não é um cara que antigamente me atraíria. Ele é todo tatuado, tem postura de homem, mas um brilho de menino no olhar. E seria cedo dizer que estou... me apaixonando? Eu não sou experiente com essas coisas, tive apenas um namoradinho lá na minha cidade Natal, e fiquei com alguns meninos desde que cheguei aqui, mas nada sério.

— Eu... Também aconteceu isso comigo — sorri — Mas... Eu não sei...

— Como assim? Não estou entendendo. — me olha confuso.

— Eu acho que não sou seu tipo — não tinha coisa melhor para falar, Caroline? Burra! Burra!

— Ahhhh, sem essa, Carol. Se você não está afim, fala logo, cara — vi a decepção em seu olhar.

— E tem como não ficar "afim" de você, Cássio? — faço sinal de aspas com os dedos — Olha para você, é um cara incrível, sensível, mas ao mesmo tempo durão... A sua amizade com a Bru e os meninos, é tão linda, pura... E isso só me faz te admirar muito mais. — ele sorri. E eu, claro, me derreto.

— Cara, você é de ouro... Ou melhor, de diamante! — rimos. E eu coro — Eu te quero, e não é só uma vez não. Eu te quero para mim. Só para mim! — que prepotente.

— Mas... Agora que estamos nos conhecendo...

— Carol, nós nos conhecemos há três anos — ri.

— Digo... Nos conhecendo melhor.

— E daí? Podemos nos conhecer melhor estando juntos, não?

— Sim... É que...

— Caroline!  Eu nunca senti isso antes, e sou homem suficiente para saber o que estou sentindo! — meu Deus, sinto que meu coração vai parar a qualquer minuto.

Vamos, Caroline, é agora ou nunca — Eu também sei o que estou sentindo. — falo de uma vez.

— E o que você está sentindo?

— Eu... Eu gosto de você! Olha, eu... Não sou experiente nessas coisas, e...  Não sei como... — gaguejei feio.

— Carol, eu também... — ri — Na verdade, eu nunca namorei.  E eu sei o que estou sentindo, porque nunca senti isso por outra garota e... Sei que com você é diferente. Você é diferente.

Depois dessa conversa séria, pedimos o jantar e foi entre risadas que a noite se passou. E depois do restaurante, fomos à uma paleteria e eu me esbaldei em um picolé de morango com recheio de leite condensado. E como diz a Bruna: Porra, isso é dos deuses! Só percebi que já estava tarde quando a Bru me ligou irritada.

— Cadê você, Carolina Moreira?

— Estou chegando em casa, Bru!

— Estou te esperando — desliga na minha cara.

Olho incrédula para o meu celular, e depois rio sendo acompanhada por Cássio.

— Essa é minha doidinha — ele ri.

— Doida mesmo. Está fula da vida comigo — ri.

— Temos que contar para ela, né? — ele fala quando já estamos dentro do carro a caminho de casa.

— Sim — sorri. Estava feliz demais.

— Ela vai adorar. Ela sempre torceu para que eu encontrasse alguém... especial. E eu encontrei — olha para mim e sorri. Coloca a mão na minha coxa e faz carinho.

— Pois é... — sorrio. Minutos depois ele estaciona em frente ao prédio.

Ele fica de lado no banco, e eu o acompanho. Passa a mão por meu cabelo, e sem cerimônia, coloca a mão em minha nuca, e me puxa para si. Encosta seus lábios carnudos nos meus, nos selando. Entreabri meus lábios, dando passagem para sua língua, que procura anciosamente pela minha, e quando encontra, trava uma briga deliciosa. Encerramos com selinhos.

— Preciso ir enfrentar a fera — rimos.

— Boa sorte — me beija mais uma vez.

Chego em casa e a Bru estava furiosa, ficou ainda mais quando não contei com quem eu tinha saído. Não é que eu não confie nela, eu confio bastante, mas não estou segura ainda... Nesse tempo todo que conheço Cássio, cada festa ele estava com uma mulher diferente. Então, por isso, me sinto bastante insegura.

Vou para meu quarto, tomo banho e me deito. Antes de dormir, ouço meu celular vibrar em cima do criado-mudo.

Obrigado pela noite maravilhosa! Dorme bem, minha loira.

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora