Capítulo 7 (Parte 3)

281 15 0
                                    


Embalada, ela dança, uma criança na madrugada...

*****

Hahaha, engraçadinha. Mas, enfim, vou sentir falta de te acordar aos berros — rimos.

Chegamos em casa, guardamos as coisas que havíamos comprado no armário e na geladeira.

Fizemos o brigadeiro, e pegamos cobertas, já que estava um friozinho delicioso. E nossa manhã foi assim, muito brigadeiro, sorvete, filmes e muita gargalhada.

Na hora do almoço, não estávamos com fome, mas como eu já disse, somos famintas à qualquer hora do dia, fizemos strogonoff de frango. E como sempre, eu comi tanto, que parecia que tinha comido um boi inteiro. E Carol, me acompanhou, é claro. Amigas até nas gordices. Depois do almoço, deixamos tudo limpinho. Ela me deixou no trabalho, e seguiu para o seu, que era um estágio numa clínica ortodôntica.

Trabalhei bem melhor do que ontem,e quando saí, aproveitei para fazer compras, começo de mês, sabe com é, né. Claro que gastei sem exagero, porque sou muito responsável para pagar minhas contas , que não são poucas. Depois das compras, que fui acompanhada por umas colegas de trabalho, fomos à uma pizzaria que ficava ali mesmo, no shopping.

Quando eu estava no ponto de ônibus, junto com as meninas, meu celular toca, e vejo o nome Cassin no visor.

— Fala, meu jovem — atendo.

— Como tu some assim, sua louca?

— Ahh, aconteceram tantas coisas — digo e o desânimo que evitei o dia todo, toma conta de mim.

— Mas você está bem? — pergunta preocupado.

— Sim, na medida do possível — suspiro.

— Vamos sair hoje?

— Sim. Pode ser só nós dois? Eu quero conversar.

— Claro. Passo na sua casa às dez e meia — concordo e desligo.

Logo meu ônibus chega, e graças ao bom Deus, estava vazio. Chego em casa e vou direto para o banho. Me visto com uma calça de cós alto, um cropped, e um salto bem alto. Faço uma maquiagem bem escura, para destacar meu olho, e um batom clarinho, quase cor de boca, para não ficar muito carregado. Aprendi desde cedo com minha mãe que, muito no olho pouco na boca, e vice-versa. Faço leves cachos nas pontas do meu cabelo, e estou pronta. Pego minha bolsa, e meu celular toca anunciando uma nova mensagem. É Cassin avisando que já havia chegado.

Fomos à um bar diferente do que estávamos acostumados, porque era perigoso encontrar a galera. E eu não queria. Esta noite era apenas eu e Cassin. Estava com saudade de passar um tempo com ele, só nós dois, e nossas loucuras.

— E aí, o que aconteceu, Bru? 

— O Enzo aconteceu — digo triste.

— Tá, isso eu já sei, mas...

— E aí que nós ficamos.

— Isso eu já sei, Bruna.

— Não, Cassin, nós ficamos mesmo — digo tentando fazer ele entender o que quero dizer.

— Sexo?  — diz surpreso.

— Sim. Um maravilhoso sexo — sorri.

— Tá, não preciso saber dos detalhes sórdidos — faz careta — Mas, qual o problema nisso?

— O problema, é que a burra aqui, abriu exceção das malditas regras.

— Ahh, as famosas regras de Bruna Lopes. Mas, assim, de todas as regras? — ele enfatiza a palavra Todas.

— Sim, levei-o para meu apartamento, respondi as mensagens...

— E aí chegou uma hora que você decidiu parar — ele confirma. É, ele me conhece muito bem.

— Sim, e o magoei.

— Lembra que eu te avisei?

— Sim, mas acredito que ele não está apaixonado por mim. Não deu tempo. — digo confiante.

— Bruna, você não conhece o Enzo, eu conheço.

— Ele jogou um monte de coisas na minha cara, que eu sou uma fraca... — lembro com desgosto.

— Você deu um pé na bunda dele! Queria o que mais? Que ele te desse um beijo de despedida?

— Cassin! Eu saí com você, para a gente conversar de boa, e não para você me dar sermão! — já conseguiu me irritar.

— Na boa, Bruna, alguém precisa fazer isso por você. Eu sou seu amigo, amo você e quero seu bem, então, está na minha obrigação te alertar. Você só afasta pessoas boas com essas regras.

— Cassin, esse é meu jeito, ok? É a minha vida.

— Não, você está muito enganada, esse não é o seu jeito. Essa Bruna, que segue essas regras ridiculas, é apenas um personagem que você criou, para se sentir melhor, depois do... Enfim, acho que já está na hora de acabar com essa palhaçada! Essa não é você, Bruna!  Acorda! Namorar, não quer dizer que você tenha que largar essa vida de festas e bebidas todo final de semana. Se a pessoa gosta realmente de você, vai te acompanhar. E outra, desilusões amorosas fazem parte da vida. Não é porque você se machucou da primeira vez, que você vai se machucar na segunda, terceira, entende? E você não é fraca, Bruna, muito pelo contrário. Você é forte e muito. Mas agiu como uma menininha fraca deixando a felicidade escapar assim. O Enzo iria fe fazer feliz, tenho certeza.

— Todo mundo me diz isso — de cabeça baixa, eu digo.

— Porque é a verdade, Bru — pega minha mão — E todas essas pessoas só querem sua felicidade.

— Eu não vou voltar atrás, ok? 

— Tudo bem. Isso é uma escolha sua. Mas acho melhor você se arrepender agora, do que depois, pode ser tarde demais — e sai, me deixando sozinha.

Fiquei pensando em tudo que Cassin me falou, e cheguei à conclusão que tinha tomado a decisão certa, é melhor ele se magoar agora, do que depois. Meus pensamentos foram interrompidos por um gatinho, que estava me chamando para dançar. Fui e me esbaldei. Beijei a noite inteira e saí daquele bar acompanhada por um deus grego.

A velha Bruna voltou. E dessa vez, para ficar.

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora