Epílogo

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"Interessante duas pessoas que resolvem unir suas vidas e suas diferenças. Olha, tá aqui a minha vida. Junta a tua com a minha, a minha com a tua, a gente faz um mix, sacode, remexe, bota um adoçante e bebe tudinho. Ui, que delícia, que gostoso, que genial. Isso é o amor. Amor é junção. É exercício de paciência. Paciência no sentido de entender que o outro é diferente, sente diferente, pensa diferente, reage diferente, é todo diferente e se você ama, tem que amar igual e não diferente. Porque o amor é igualdade. É ser igual nas diferenças: você aceita a minha, eu aceito a sua e a gente vai ser feliz. "

Clarissa Corrêa

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6 meses depois...


Tinha sido um dia ensolarado de muito trabalho, correria e, principalmente, nervosismo, por causa da minha formatura que se aproximava cada vez mais. Eu andava muito ocupada, não tinha tempo para nada. Trabalhava e ia atrás de salão, e vestido para alugar... Chegava em casa e só queria um banho e minha cama. Fiquei devendo à ele. E claro, ele me entendia. Eu deitava na cama, morta de cansaço e ele me dava um beijo na cabeça e me abraçava. Lindo. Mas nesse dia a gente não aguentou mais. Eu estava com saudade. Ele também. A ansiedade foi tanta que... O preservativo foi esquecido na gaveta. Eu só me lembrei no outro dia. Mas o estrago já havia sido feito. Eu tomava remédio, mas não era cem por cento confiável. E aconteceu. O mais engraçado é que, dias antes, tínhamos tido uma conversa sobre isso.

— Japa, você quer ter filhos? — perguntei do nada. Acho que estava ficando doida.

— Claro! Uns três! — ele disse animado.

Oh, pelo visto ele quer muito isso.

— Nossa... Eu quero no máximo um. — eu disse assustada.

— Tá bom, dois, pode ser? — ele riu.

— Menino ou menina? — eu perguntei.

— Uma princesinha — sorriu.

— Também — eu disse pensativa — Helena.

— Manuela — ele disse.

Eu cerrei os olhos em sua direção.

— É o nome de alguma ex? — eu perguntei já em alerta.

— Óbvio que não, Bruna — riu.

E dias depois aconteceu isso. Eu quase tive um ataque. E ele calmo, como sempre.

— Calma, Bruna! Você não toma remédio?

— TOMO, ENZO, EU TOMO! MAS NÃO É CEM POR CENTO CONFIÁVEL.

Eu estava desesperada. E certa. Algum tempo depois, cerca de um mês, começaram os enjoos. E claro, eu não dei a mínima, já que nos últimos dias eu tinha abusado do refrigerante. Pensei ser a minha gastrite, claro. Como eu ia imaginar?

Até que um dia, eu tive uma tontura tão forte que, desmaiei e fui parar no hospital. Aí o médico deu a notícia.

— Bom, senhorita Bruna, sua saúde está perfeitamente bem. A tontura é um sintoma comum da gravidez.

E pela primeira vez na vida eu vi o Enzo nervoso. Quero dizer, nervoso não, assustado. Ou talvez os dois junto.

— Gravidez, doutor? — ele perguntou perplexo.

— Sim, rapaz, de seis semanas.

Eu não fui capaz de pronunciar uma palavra sequer. Eu, naquele momento, não sabia como ia ser dali para frente. Não sabia mesmo... Meu mundo desabou. Um filho? Como eu iria fazer? Eu tinha acabado de conseguir um emprego novo, o emprego dos sonhos.

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora