Capítulo 7 (Parte 1)

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No outro dia de manhã, meu pai me levou para a faculdade, fiz a prova, e seguimos para o banco. Resolvemos tudo direitinho, e no sábado eu iria com ele escolher o carro.

Chego em casa, e vendo que não tinha nada para fazer, fui revisar algumas matérias da faculdade. Lembro de avisar Enzo que não estou na faculdade, e sim em casa. Mando uma mensagem avisando e ele me responde um ok.

Tomei um banho demorado, por lavar o cabelo. Sequei-os com o secador, me arrumei com a roupa de trabalhar, e fiz uma maquiagem básica. Fiquei assistindo televisão, até que o Enzo me liga avisando que estava lá em baixo. E quando escutei sua voz, meu coração estranhamente disparou, e muito.

Desci, e lá estava ele, do outro lado da rua. Suspirei, e fiquei olhando-o por uns segundos. Atravessei a rua indo ao seu encontro.

— Oi — chamo sua atenção, e ele que estava mexendo no celular, agora me olha e sorri.

— Oi, linda! — tenta me dar um selinho, mas eu viro o rosto — O que foi?  — me olha confuso.

— A gente precisa conversar, Enzo — digo de um vez. Se eu ficar adiando isso, nunca vou conseguir dar um fim.

— Aqui? Agora? — consigo enxergar nitidamente a decepção em seu olhar.

— Não... É... Podemos almoçar primeiro — ele concorda.

Fomos ao mesmo restaurante da outra vez, o que foi muito bom, já que a comida é ótima.

Eu tinha duas opções: Falar agora e perder o apetite. Ou falar depois e ter uma baita indigestão. Optei pela segunda opção.

Almoçamos em silêncio, imaginei que ele percebeu que eu ainda não queria conversar, e quando quisesse, tomaria iniciativa. E foi o que aconteceu, assim que terminamos de comer, soltei a bomba.

— Precisamos conversar.

— Sim, você já disse — disse friamente, o que me assustou. Será se ele já sabia do que se tratava?

— Então... Eu adorei mesmo te conhecer, mas...

— Fala logo, Bruna — me interrompe.

— Eu acho que você já sabe... Eu não namoro, Enzo. Durante anos, eu evitei me relacionar emocionalmente com qualquer homem. E ainda evito. Eu não posso mentir para você.

Pera aí... Você está me dispensando, é isso?  — diz incrédulo.

— Não é isso. Só que eu acho que a gente ja está se envolvendo demais, e eu...

— Então quer dizer que você apenas me usou?

— Não, Enzo!  Eu apenas curti o momento, igual à você.

— Nossa, eu realmente me enganei com você. Meu Deus, como eu fui burro!

— Não... Você não é burro, Enzo!

— Agora porque um idiota te machucou há  não sei quantos anos atrás, você tem medo que eu seja igual à ele?

— Eu não tenho medo nenhum!

— Tem sim! Essa Bruna aí, forte, determinada, independente, é apenas uma farsa! Uma máscara! No fundo, você é uma fraca! Isso sim! E na boa, me esquece, finja que nunca me conheceu!  — e sai, me deixando ali com cara de tacho.

Pela primeira vez, desde que tudo aconteceu, alguém me descreve tão bem. Eu realmente sou uma fraca. Eu criei essa Bruna forte, para me defender de tudo e todos. E com o tempo, me acostumei. Mas no fundo, eu sou só uma menina indefesa.

Limpo a lágrima que escorre em meu rosto. Pago a conta e saio dali, direto para o ponto de ônibus mais próximo. 

Ele conseguiu tocar na minha ferida. Está doendo. E muito.

Trabalho no automático, e quando vejo já deu a minha hora de ir embora. Chego em casa, e me jogo no sofá. Foi a melhor coisa a se fazer. É, foi o melhor.

Estava quase dormindo, quando a maldita campanhia toca. Me levanto relutante. Abro a porta.

— O que você está fazendo aqui?  — digo já irritada.

— Eu vim te ver — Leandro diz já entrando.

— Me ver o caralho. Fala logo.

— Brubs, quando é que você vai me perdoar? — faz cara de cachorro sem dono. Otário.

— Leandro, eu vou te mandar a real, falou?  Eu te suporto só por causa dos meninos, apenas por causa deles. Então, eu te peço, do fundo do meu coração,  que você vá embora, e não me dirija a palavra  — já perdi a paciência.

— Ahh, Bruna, que coração? Se você tivesse coração, já teria me perdoado! — diz aumentando o tom de voz.

[...]

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora