Capítulo 13

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Porque a vida segue. Mas o que foi bom fica com toda força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tons, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

         — Caio Fernando Abreu

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Sete dias. Sete dias sem meu amigo. Sete dias de sofrimento. Sete dias de luto.  Sete dias se passaram rastejando. Essa semana, posso dizer que, foi a pior da minha vida. Trabalhei no automático, fui à faculdade, mas minha cabeça não estava lá. Enfim, foi uma semana muito difícil. Enzo saiu do hospital na terça de manhã, e depois fomos ao almoço de boas vindas que Marina preparou. Confesso que ficamos mais próximos nesta semana, outro dia até trocamos mensagens, mas nada que envolvesse nós dois. E eu não estou com cabeça para pensar nisso, não agora.

Neste momento estou me arrumando para ir à missa de sétimo dia do meu grande amigo. Olho para o cartão de lembrança em cima do criado-mudo e um nó se forma em minha garganta. Olho para a foto e, lembro que nesse dia ele estava tão feliz... Seu sorriso é... era tão lindo. Acho que essa dor no meu coração não vai passar nunca.

Ouço batidas na porta e Carol me chama.

 — Amiga! — abre a porta  — Vamos?

Suspiro pesadamente e concordo. Pego minha bolsa e saímos.

Não fui uma das pessoas que fizeram discurso, falando o quanto ele era uma pessoa boa, e blá blá blá. Para mim ele era muito mais, e da nossa amizade só a gente sabia, só os nossos amigos sabiam... E se eu fosse tentar falar algo, iria cair no choro, como acontece sempre que eu falo dele. Duda estava lá, alheia à tudo que estava acontecendo. Na quinta-feira, Tia Larissa me ligou desesperada, sem saber o que falar para ela, que de minuto em minuto perguntava por seu irmão. Convoquei Cassin, e fomos para lá. Não é que a Tia não soubesse se resolver com sua própria filha, o problema é que ela, mas que ninguém, está muito abalada.

Eu quelo meu imão, Bú! — Duda chorava desesperadamente.

— Duda, quando você parar de chorar eu falo — falei firme.

Masi eu quelo ele... — o choro continua.

— Você que sabe. Vou sentar ali, e esperar, quando você parar, me chama, ok? — tem que ser firme com ela, que é muito mimada. Ela me olhou, ainda chorando. Me sentei no sofá, peguei meu celular e fui checar minhas redes sociais. Segundos depois, eu sinto sua pequena mão tocar meu joelho. Olho para ela.

Já palei — fala entre soluços. Sorrio. Me levanto e pego-a em meu colo, vou até até o quintal, e sento em um banco que tem ali.

— Olhe para o céu — ela levanta a cabecinha . O céu estava estrelado. Era ele. Eu sei que era. A mais brilhante. — Seu irmão agora é uma estrela, Duda. A mais bonita e brilhante delas — logo um nó se forma em minha garganta.

Comassim? — rio da sua cara confusa.

— Deus quis assim, minha linda. Deus quis que ele deixasse o céu ainda mais lindo. — não seguro mais, e as lágrimas caem.

Masi puque, Bú? Eu quelia ele aqui.

— Eu também, querida, mas... Infelimente, não podemos fazer nada.

Não vou vê ele nuca masi?  — ela pergunta direcionando aqueles olhos grandes em minha direção.

— Duda, todas as vezes que, quiser conversar, ver ele... Venha aqui. Olhe para o céu, e procure-o, ele é a mais brilhante, a mais linda das estrelas.

Tudo Que Ela QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora