Capítulo 5

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Hoje o dia foi o mesmo de todos os outros. Normal. Pelo menos para mim que vivo a mesma coisa todos os dias.

- O que vai fazer depois das aulas? - Pergunta Lisa me encarando enquanto almoçamos.

- Nada porquê? - Ela olha seu prato e percebi logo que tinha coisa. - Fala.

- O quê? - Ela passava seus olhos pelo meu rosto.

- Fala, o que se passa Lisa, sabe que pode me falar tudo.

- Você sabe que amo música neh? - Assenti. - Então, eu tirei a matrícula das aulas da tarde para poder ter aulas de música em outra escola. Eles estão pensando no caso de estudar em duas escolas mas em princípio eles não sabem se aceitam. Você sabe que o meu sonho é seguir música mas... - Eu a interrompi.

- Espera. Você tá me falando que se matriculou na escola de música e não me falou nada?

- Não. Eu fiz um concurso. Compus uma canção e depois só teria que esperar pela resposta deles e eles me aceitaram.

- Lisa... Você fez isso sem me contar? - Ela me olhou com o rosto para baixo.

- Desculpa. Eu não quis contar porque eu tinha certeza que não ia ser aceite, e ao mesmo tempo eu não queria. Porque quem iria te proteger? - Franzi a testa.

- Ninguém... Eu não preciso de ninguém para me defender. - Falei seco.

- Você entendeu o que quis dizer.

- É... Eu entendi que você me escondeu uma das coisas mais importantes da sua vida. - Me levantei. - Perdi a fome. - Assim andei a passos firmes para fora do refeitório.

- Meg! Por favor, não fique zangada comigo! - Ela corria atrás de mim.

- Me deixe sozinha. - Pelo canto do olho eu vi ela parar.

O que mais gosto de Lisa é que ela me respeita. E eu preciso de espaço nesse momento. Se fosse eu ela teria a mesma reação. Eu nem acredito que ela escondeu isso de mim.

Quando chego numa sala eu abro a porta e entro. Me sento numa cadeira e começo a procurar a minha lâmina.

Finalmente a encontro e começo a passar ela pelo meu braço na zona superior. Com isso sinto a dor de dentro diminuir e passar para a dor física.

- O que você tá fazendo? - Dou um pulo de susto.

Olho para o fundo da sala e vejo Peter vindo até mim. Eu começo logo a arrumar minhas coisas e a endireitar minha roupa completamente nervosa.

- Desculpa, eu... eu não vi você. - Peguei tudo e fui em direção à porta.

- Espera. - Peter segurou meu pulso e eu me virei de leve para ele.

Peter começou a analisar meu rosto e depois a zona em que passei a lâmina. Ele suspirou e me olhou diretamente nos olhos perguntando:

- Porque fez isso?

- Você não tem nada haver com isso. - Apertei forte meus lábios.

- Porque fez isso?

- Olha Peter, eu não estou com a mínima paciência para você e seu papo furado. - Soltei meu pulso da sua mão e fui até à porta.

Saí da sala e como vi que a próxima aula estava quase a vir fui até ela. Sentei numa cadeira e aproveitei para resolver uns trabalhos.

As aulas terminaram e aproveitei para ir de vez para casa com meu irmão. Ele ficou chocado e perguntando o que se passava mas eu evitava. Não tava afim de dizer que fiquei chateada com minha melhor amiga por razões estúpidas.

Chegamos em casa e minha mãe estava conversando com minha tia.

- Olá sobrinhos lindos! - Ela veio até nós nos sufocando de beijos.

- Oi tia. - Falamos nos afastando dela.

- A tia veio despedir. Vossa mãe está em casa então já nada me prende aqui. Fico mais descansada que estejam todos juntos.

- Ah tia, fica mais um pouco. - Falei com cara de aborrecida.

- Não posso querida. Você sabe que tenho o meu trabalho.

- Pois é. Mal posso esperar para ir ter com você para lhe ajudar. Assim abrimos nossa loja juntas. - Rimos.

Esqueci que vocês não sabem. Minha tia tem uma loja de joias. Ela é que as cria e as coloca à venda. E desde pequena que tenho o sonho de a visitar e vender minhas roupas lá com ela.

- Você não necessita trabalhar com sua tia velha. Cria seu mundo. Você precisa ser famosa com o talento que tem. - Sorri agradecida. - Eu trouxe uns tecidos para você.

- A sério tia? - Ela assentiu. - Obrigada! - A abracei forte.

- Não me agradece. - Ela se virou para meu irmão. - Você não foi esquecido. Tem um capacete pra você.

- Você é a melhor tia! - Ele a abraçou.

- Bom crianças, eu fiz o jantar.

- Eu não tenho fome. Não me leve a mal. - Falei. - Vou fazer uns trabalhos.

Sorri para todos e subi as escadas. Fiquei fazendo os trabalhos tal como falei e depois de um tempo alguém bateu à porta.

- Entre!

- Olá querida. - Disse minha tia fechando a porta. - Me fale o que se passa, eu sei que você não tá bem.

Suspirei e ela sentou na minha frente esperando eu falar.

Amor XXLOnde histórias criam vida. Descubra agora