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~ 𝒯𝑜𝓂𝒶́𝓈 ~

Meia hora depois, a Catarina entra na sala, parecendo bastante irritada e caminha até à fruteira, de onde tira uma maçã, antes de sair em direção aos quartos.

Observo todos os seus passos sem dizer uma palavra.

São apenas nove horas e já estamos chateados, vai ser um longo dia por este andar.

Observo-a voltar para a sala, desta vez com o Diogo nos braços.

Continuo sentando na ilha da cozinha fingindo mexer no computador enquanto ela se ajeita e começa a amamentar o Diogo.

- Sobre o pagamento. - Ela começa a falar sem me olhar. - Sei que o nosso acordo era sempre uma percentagem das vendas, mas desta vez a tua imagem não vai aparecer então deves compreender que isso não faz muito sentido. Vou pagar-te um pouco mais do que pago aos modelos pontuais.

Reviro os olhos.

- Não estou interessado em receber o que quer que seja. - Respondo seco.

Afinal, tirei as fotografias para ajudá-la, não foi para receber um pagamento em troca.

- Fico a dever-te um favor então. - Ela responde.

- Até sei algo que podias fazer. - Murmuro aproveitando a deixa. - Deixar de te sujeitar intencionalmente a esses rumores é uma boa opção.

Ela pode achar-me um imbecil por reforçar isto, mas sinto que é necessário.

- Vais usar o argumento de que sou a mãe dos teus filhos outra vez? - Pergunta indignada. - Não era a mãe dos teus filhos quando os rumores sobre ti corriam por aí? Ou quando as coisas realmente aconteciam e nem eram apenas rumores? Poupa-me, Tomás.

- Ele sempre se aproveitou de ti e tu deixas, Catarina. Não vês qualquer problema em ter a tua imagem constantemente associada a uma pessoa como ele.

- Isso são ciúmes? - Ela pergunta do nada. - Afinal não sou eu a ciumenta louca e tu o namorado sensato e ponderado?

Suspiro frustrado com a conversa que começa a perder o sentido.

- Não, não são ciúmes. É preocupação. - Respondo. E é a verdade, eu preocupo-me com a hipótese de ela sair prejudicada com a associação da imagem dos dois. - E se há alguém ciumento entre nós dois, esse alguém és tu, podes ter a certeza.

- Pelos vistos eu tinha motivos para achar que não era suficiente. - Ela comenta, de forma azeda.

Passo as mãos pelo cabelo. Já era difícil convencê-la do contrário antes, agora seria praticamente impossível.

- A segurança e confiança que tu tens com o teu corpo, devias ter com tudo o resto. Quem vê as tuas redes sociais nunca diria que és tão insegura.

- Quem vê as minhas redes sociais não me conhece. E ainda bem que eles não conhecem as minhas inseguranças, assim não podem brincar com elas como tu fazes. - A mágoa naquelas palavras é tão palpável que eu decido voltar ao meu silêncio. Temos que aprender a lidar um com o outro de novo ou a convivência na mesma casa ficará impossível.

Observo em silêncio quando ela deita o Diogo no sofá, que imediatamente começa a chorar, e caminha até à zona da cozinha, onde aquece um biberão de leite.

Seguro-me para não fazer nenhuma pergunta e vou até onde o bebé está, pegando-o com carinho e embalando-o. Rapidamente percebo que chora porque está com fome, pelo movimento que os seus lábios fazem.

- Quando o leite estiver pronto, dá-lhe e não te esqueças que ele tem que arrotar depois. - A Catarina diz já na porta que leva para o corredor dos quartos e sai da sala sem mais explicações.

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