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~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~

Demora duas horas para a Margarida conseguir convencer a Beatriz a ir embora e quando elas vão já sinto o peito demasiado cheio e desconfortável.

Pego na bomba e vou procurar o Tomás e o Diogo. Não consigo evitar o sorriso quando entro no meu quarto e encontro os dois a dormir, na minha cama, com o Diogo deitado sobre o peito do Tomás. 

Tiro várias fotografias para registar o momento e depois sento-me na poltrona de amamentação a extrair o leite. Agradeço pela máquina ser silenciosa e eu poder observar os dois enquanto tiro o leite, sem que isso os acorde. 

Cerca de meia hora depois, o Tomás começa a mexer-se e eu observo em silêncio o espetáculo que é vê-lo acordar e admirar o nosso filho. Ele fica durante minutos apenas a olhar para o Diogo com um sorriso no rosto que derrete o meu coração, mas é quando ele vira o rosto e se apercebe que eu também estou aqui que todas as minhas estruturas são abaladas. 

- Bom dia. - Brinco com a situação, mesmo que já esteja na hora do almoço e ele sorri.

- Todos os dias serão bons se eu acordar sempre com esta vista. - O que ele diz é tão profundo e ao mesmo tempo tão clichê que eu não consigo deixar de rir.

- Qual vista? Eu toda descabelada e com cara de sono, com duas bombas ligadas ao peito?

- Tu. - Ele sussurra para não acordar o Diogo que está muito próximo. - Tu és a vista mais linda. Seja descabelada e a tirar leite ou arranjada para sair. És tu. A mais bonita que eu já vi. 

Sinto as palavras escaparem-me e olho para ele, sem saber o que dizer, sem saber como reagir a um elogio tão sentido. Um elogio que me toca em lugares que há muito tempo não são tocados.

- Tomás... - Começo por dizer, por sentir que lhe devo uma resposta, mas acabo por me calar.

O Tomás não diz nada enquanto deita o Diogo na cama e caminha até mim, mas quando chega junto da poltrona, apoia a mão boa num dos braços dela e baixa-se para ficar à minha altura. 

- Eu falhei tanto assim em elogiar-te nos últimos tempos para ficares sem palavras com algo tão simples? - Ele pergunta.

Não consigo aguentar e baixo o olhar para o meu colo. 

- Tu não estavas aqui nos últimos tempos. - Murmuro. 

- Estou aqui há semanas, devia ser tempo suficiente para mostrar-te o quão maravilhosa és. - O Tomás sussurra e procura os meus lábios com os dele, fazendo-me levantar o rosto. - Mas se eu ainda não consegui, vou fazê-lo agora.

Correspondo aos leves beijos que ele deixa nos meus lábios e suspiro. 

- Fez-te bem dormir, acordaste inspirado. - Sussurro contra os lábios dele e beijo-o uma vez mais antes de me encostar novamente na poltrona para ficar mais confortável.

- Fez-me bem perceber que estamos na mesma página e que posso dizer o que eu sinto sem estar a ultrapassar os teus limites, isso sim. - Ele responde enquanto se endireita também. - Vamos deixar o Diogo dormir, vem para a sala enquanto eu aqueço o almoço.

- Não posso, estou ligada às máquinas. - Brinco com a expressão e sinto-me bem quando ele sorri em resposta. - E eu não tenho fome, comi o bolo há pouco tempo.

O Tomás nega com a cabeça, com uma expressão decidida e começa a pegar no emaranhado de fios ligado a mim. 

- Nem pensar que vais saltar o almoço, isso não vai acontecer. - Ele murmura e assim que consegue juntar as duas máquinas num braço faz-me sinal com a cabeça. - Vamos.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2022 ⏰

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