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~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~ 

- Tomás, acorda. - Digo mais uma vez, enquanto abano o seu ombro.

Ele resmunga alguma coisa mas mantém-se naquela posição estranha em que adormeceu.

- Tomás. - Insisto mais uma vez.- Eu preciso da poltrona e tu precisas de um lugar mais confortável para dormir.

Ele finalmente abre um dos olhos, mas como uma criança volta a fechá-lo imediatamente.

- Estou bem aqui.

- O Diogo não gosta de mamar deitado na cama e aqui é mais confortável para mim. - Digo.- Preciso que vás deitar a Beatriz também e vás para a cama.

Sem realmente me responder, ele levanta-se entre resmungos e caminha até à nossa filha que dorme descansada.

Enquanto ele a leva para o quarto, sento-me na poltrona com o Diogo e trato de amamentá-lo, em silêncio e no escuro como ele gosta durante a noite.

Já estou praticamente adormecida na poltrona quando o Tomás volta e se encosta à ombreira da porta, de braços cruzados.

- Quero ficar aqui. - Ele murmura baixo, em respeito ao bebé, mas num tom decisivo.

- Não é confortável. - Respondo num sussurro.

Eu sabia que isto ia acabar por acontecer. Ele pode ser mais teimoso do que eu, mas eu conheço-o. Sei como ele reage a determinadas situações.

- Não me importo. - O Tomás responde no mesmo tom, com os olhos fixos em mim, mesmo através da penumbra.

- É melhor dormires na cama, vais acordar todo partido se dormires aqui.

- Não me importo, quero dormir aqui, convosco.

Solto um suspiro pesado enquanto me levanto com o Diogo no colo e sigo até ao pai dele.

- Troca-lhe a fralda e deita-o no berço enquanto eu vou à casa de banho. - Instruo enquanto ele pega no bebé.- E depois deita-te, na cama.

Pode não ser a solução mais inteligente, mas estamos no meio da noite, eu só quero descansar e quando o Tomás cisma com alguma coisa, ele não desiste, então não vale a pena lutar.

Quando volto da casa de banho, encontro o Tomás deitado no centro da cama, com o peito virado para o teto.

Engatinho pelo colchão até conseguir deitar-me entre ele e o berço, virada para o meu bebé.

Não tenho tempo de me cobrir porque o Tomás puxa os cobertores e cobre-me até ao pescoço, começando a falar.

- Eu nunca fui viciado em tabaco. - Ele diz praticamente num sussurro.

- Eu sei. - Respondo num sussurro também, já com os olhos fechados.

- Mas há situações em que um cigarro realmente ajudava. - Ele continua.

Não digo nada, já praticamente vencida pelo sono.

- Quando eu não posso fumar, a luta ajuda sempre. - Ele continua a falar.

Não quero deixá-lo a falar sozinho, mas a meio da noite é muito difícil para mim ficar acordada.

- Eu sei. - Respondo simplesmente, aconchegando-me melhor.

- Ou o sexo. - Ele diz naturalmente. - Estou há muito tempo sem fumar, sem lutar, sem sexo, a minha cabeça parece que vai explodir.

- Mas não tens um vício. - Digo de forma sarcástica.

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