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~ 𝒯𝑜𝓂𝒶́𝓈 ~

O resto do dia parece arrastar-se. A Catarina voltou a dormir depois de amamentar o Diogo e eu fiquei com ele na sala.

Enquanto ele brincava no tapete de atividades, eu estive a trabalhar e só interrompemos essa dinâmica nas vezes em que ele tinha fome ou precisava de ser trocado e quando chegou a hora de almoço e eu precisei de levar o almoço à Catarina e almoçar também.

Já são quase oito horas quando a Catarina aparece na sala, de pijama e robe e com o nariz vermelho, de tanto espirrar.

- Precisas de alguma coisa? - Pergunto do sofá.

- Estou farta de estar na cama. - Ela resmunga enquanto se arrasta até ao sofá. - Podemos ver um filme?

- Claro. - Respondo no mesmo segundo e fecho o computador. - Queres escolher?

- Não, eu devo adormecer entretanto, escolhe tu. - Ela diz e abre a gaveta da mesa de centro para tirar uma manta.

- Senta aqui. - Digo quando ela se vira para o sofá e estico o braço, para que ela entenda que quero que se sente ao meu lado.

A Catarina faz uma cara engraçada antes de negar com a cabeça, mas não se afasta.

- Estou magoada contigo, não é uma boa ideia.

Gosto que ela baixe a guarda e admita que está magoada no lugar de fingir que é indiferente, mas dói-me constatar mais uma vez o mal que lhe faço.

- Vamos só ver um filme, não vou fazer nada. - Garanto.

Não tenho a certeza se ela aprova a ideia, mas mesmo assim a Catarina senta-se ao meu lado, um pouco afastada. Puxo-a para que fique encostada a mim e sorrio triunfante quando ela se aninha e encosta a cabeça no meu ombro.

Pego no comando da televisão e escolho um filme antes de rodear os ombros dela com o braço e aconchegá-la a mim. O filme escolhido é de ação, mas basta aparecer uma cena com crianças para a Catarina fungar.

- Tenho saudades da Beatriz. - Ela sussurra quando a olho questionador e eu sorrio, solidário.

- Ela vem cá amanhã. - Digo. - E está bem em casa dos meus pais, eles sabem cuidar dela.

- Eu sei que sim, não duvido nem um pouco disso. - Deixa claro. - Mas continuo a ter saudades dela.

Acaricio o cabelo dela, ainda com o olhar no filme.

- Já estiveste mais tempo longe dela, quando ela ficava comigo. - Constato e depois paro de falar quando algo me ocorre. - Não ficavas chorosa sempre que ela saía, ficavas?

A Catarina encolhe os ombros e isso é o suficiente para eu ter a minha resposta.

- Não gosto de ficar sozinha. - Ela justifica-se. - Quando ela ia contigo eu ia para casa de alguém ou convidava pessoas para virem para cá. Aliás, acho que o Jorge foi a pessoa que ficou mais feliz com a notícia da gravidez do Diogo, porque só assim para eu deixar de ir para casa da Melissa ou trazer a Melissa para cá.

- Ele sempre gostou de ti, nunca se importou que lá estivesses. - Digo para tranquilizá-la mas ela nega com a cabeça.

- Ele importava-se e com razão, eu fui sempre a errada na história. Mas estar nesta casa enorme e sozinha deixava-me demasiado triste.

Engulo em seco, atento a tudo o que ela decide revelar-me.

- Eu estive para comprar outra casa, só não o fiz porque descobri que estava grávida e não ia conseguir fazer as mudanças sozinha com um barrigão. - Ela continua a falar e instintivamente aperto-a contra mim.

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