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~ 𝒯𝑜𝓂𝒶́𝓈 ~

Acordo com a sensação de que dormi mais do que o costume e logo percebo o porquê ao sentir o peso da Catarina sobre o meu corpo, adormecida.

Procuro o telemóvel para ver as horas e como não o encontro ligo a televisão e descubro que são nove e meia. Não dormi assim tanto, mas dormi tão bem que sinto que dormi umas quinze horas.

Tento sentar-me na cama, para esticar os músculos e rio quando ouço a Catarina resmungar e escorregar para o lado da cama. Percebo que está de pijama e não nua como na noite anterior e sei que já deve ter saído da cama para cuidar do Diogo, mas mesmo assim preferia se ainda estivesse nua, para eu apreciar.

- Bom dia. - Ouço-a murmurar, ainda de olhos fechados e baixo-me para beijar a cabeça dela.

- Bom dia. - Respondo quando me afasto e levanto-me da cama, indo até à casa de banho.

Não sei como agir e isso deixa-me muito desconfortável. Sei que o que aconteceu na noite passada não foi uma reconciliação mas também sei que não vou simplesmente fingir que não aconteceu. Prefiro deixá-la escolher em que ponto estamos mas tenho medo de que o ambiente fique estranho até lá.

Faço a higiene básica e volto para o quarto, encontrando a Catarina ainda deitada na cama, com o meu telemóvel no ouvido, não parecendo muito disposta a conversar.

- Deixa de ser chata, Melissa. - Ouço-a dizer, chateada e aproximo-me, sentando-me no meu lado da cama. - Eu sei disso tudo, mas agora já está feito, não vou voltar atrás.

Ela fica em silêncio durante uns segundos e depois volta a falar, irritada.

- Eu pago à minha equipa para me ajudar e me aconselhar, não pago para decidirem por mim e controlarem a minha vida. Se eu não pedi conselhos foi porque não precisei deles.

Percebo pela conversa que estão a falar de trabalho e tento perceber o que pode ter acontecido.

- Mel, eu adoro-te, mas não estou com paciência para sermões a esta hora da manhã. - Ela baixa o tom e percebo que é para não descarregar na amiga. - Sim, eu sei que tu ligaste para o Tomás e não para mim e isso só me irrita mais, ele não é meu pai.

- Não sou mesmo. - Sussurro apenas para aliviar a tensão mas vejo que ela não gosta da piada.

- Chata, chata, chata. - A Catarina diz repetidamente antes de desligar o telemóvel e volta a fechar os olhos como se nada tivesse acontecido.

- Vais voltar a dormir depois de discutir com a tua melhor amiga? - Pergunto confuso.

- Discussões de trabalho não contam para a amizade, está tudo bem. - Ela responde simplesmente e vira-se para o meu lado, pousando a cabeça no meu colo. - Tenho pouco tempo até a Beatriz acordar então vou dormir sim.

Enterro uma das mãos no seu cabelo e começo a massajar a sua cabeça.

- Dorme então. - Digo quando percebo que não lhe vou arrancar mais nada e continuo as carícias.

Em certo momento, a Catarina geme de satisfação e o som vai direto para o meu pau, que se contrai.

Encosto a cabeça na parede e fecho os olhos. Definitivamente não vai ser fácil conviver com ela agora que os limites estão praticamente ultrapassados.

- Papá? - Ouço a voz chorosa da Batriz pouco tempo depois e vejo-a entrar no quarto, agarrada ao peluche que usa sempre para dormir. - Onde está a mamã?

- Está a dormir, bebé. - Digo-lhe baixo e destapo a Catarina.

É comovente ver como o choro termina no mesmo minuto e é substituído por um sorriso alegre enquanto a Beatriz sobe na cama e abraça a mãe, ignorando o facto de que a Catarina estava a dormir.

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