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~ 𝒯𝑜𝓂𝒶́𝓈 ~

Acordo no dia seguinte com uma sensação de leveza que há muito não sentia.

Espreito o berço do Diogo para confirmar que ele continua a dormir e volto a deitar-me. 

Tenho dormido no quarto dele para poder cuidar dele durante a noite para a Catarina descansar e também para estar mais próximo dela se ela precisar de mim. Fico feliz em fazê-lo e em perceber que o Diogo já me reconhece como pai e não como alguém que visita a mãe de vez em quando e de quem a irmã gosta. 

Estes momentos à noite ajudam a fortalecer a nossa ligação e ajudam a Catarina, então saímos todos a ganhar. 

Volto o olhar para o teto e relembro a noite passada. Mesmo que na maior parte do tempo tanto eu como a Catarina tenhamos atuado como se fossemos outras pessoas que se estavam a conhecer pela primeira vez, o jantar foi o ponto de partida que precisavamos para recuperar a nossa história. 

E se não fosse pela Catarina estar a ficar com febre novamente e ter precisado de se deitar, teríamos ficado até tarde a conversar.

Pensando nisso, levanto-me e depois de passar na casa de banho vou até ao quarto dela. 

Inicialmente penso que está a dormir e por isso faço pouco barulho, mas surpreendo-me ao vê-la virar para a porta já acordada.

- Bom dia. - Digo enquanto me aproximo e sento ao lado dela na cama.

- Bom dia. - A Catarina sussurra antes de se sentar mas logo se volta a deitar, desta vez com o rosto nas minhas pernas.

- Não estás melhor? - Pergunto enquanto aliso a testa dela com a mão e sinto a sua temperatura. 

Não consigo ficar descansado mesmo que ela não esteja quente e isso indique que já não tem febre. 

- Tomei agora o comprimido, vai fazer efeito ainda.

- Não gosto nada dessa ideia de tomares tanto Ben U Ron. - Murmuro sem parar os carinhos e sorrio ao vê-la relaxar.

- Eu também não. - Ela responde e encolhe os ombros. - Mas é o que eles mandam e tem ajudado.

Fico em silêncio por uns minutos, observando-a atentamente e percebo que a respiração dela está pesada. 

- Vamos esperar que faça efeito e tirar-te da cama para fazer um pouco de exercício, uma caminhada vai fazer-te bem. 

- Hmhm. - Ela murmura já sonolenta de novo e leva a mão à minha. - Continua a fazer isso, vou só dormir mais um pouco.

Duas horas depois, estamos no jardim e eu observo a Catarina amamentar o Diogo enquanto recupera o fôlego depois de uma breve caminhada.

Reparo que ela preferiu fazê-lo junto da entrada da casa mesmo tendo sofás e sombras na zona onde estava quando eu trouxe o Diogo e isso faz-me lembrar a conversa sobre os drones que ficou em aberto. 

- Com que frequência passam drones aqui? - Pergunto num tom tranquilo e ela encolhe os ombros, visivelmente desconfortável com o assunto.

- Alguma. 

A Catarina foca o olhar no Diogo e eu penso durante um tempo se quero ou não aprofundar o assunto. Por um lado eu quero deixar o assunto de lado porque sei que a incomoda, mas por outro nós combinamos de ser sinceros e nunca esconder nada um do outro.

- Não quero deixar-te desconfortável, só estou a tentar entender. - Decido ser sincero. - Tu disseste que alguém tirou fotografias tuas e te chantageia com elas, podes explicar-me melhor tudo isso?

De Volta A CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora