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~ 𝒯𝑜𝓂𝒶́𝓈 ~

Quando a Catarina sai da sala, para tomar banho, ocupo-me a preparar as papas de aveia para ela e termino a reunião com a equipa dela, agora por mensagem.

Estou decidido a afastá-la por uns tempos das redes sociais e vou fazê-lo mesmo que ela me odeie para sempre. É algo necessário e eu decidi não desistir quando a psicóloga dela ficou do meu lado e concordou que seria o primeiro passo a dar.

Decido também que vou dar uma trégua com a Catarina por um tempo e simplesmente concordar com tudo o resto que ela queira, mesmo não sendo o melhor para ela.

- Fiz papas de aveia. - Digo quando a vejo entrar na sala de banho tomado e vestindo um pijama limpo.

- Vais ligar para ela? - Ela pergunta direta.

Assinto com a cabeça, ainda com o olhar fixo nos desenhos animados que a Beatriz assiste ao meu lado.

- Posso ouvir a chamada? - Pergunta novamente, juntando-se a nós no sofá com o prato de papas.

Já é um progresso. E mesmo que não ache que ouvir a conversa lhe vá fazer algum bem, acabo por concordar.

- Podes ouvir, mas não podes falar. Lembra-te que ela não faz ideia que eu estou aqui.

- Posso escrever os insultos e tu di-los por mim?

Acabo por rir com a ideia.

- Podes sempre ligar-lhe tu e dizer tudo o que tens aí atravessado.

- No momento em que ela percebesse que sou eu ia gravar a chamada e depois publicar no insta para os tropinhas dela me virem atacar, não, obrigada.

- Então preferes que eles me venham atacar a mim? - Finjo que estou magoado, levando a mão ao peito.

- Eles adoram-te porque ela é obcecada por ti, nunca te atacariam. Na verdade... - Ela diz de boca cheia e nem sou capaz de me importar com isso já que é sinal de que ela está a comer. - ... Acho que devias voltar a namorar com ela, para eles pararem de me atacar.

Olho-a surpreso com aquela sugestão e ergo uma sobrancelha.

- Eu nunca namorei com ela. - Pontuo. - Nem seria capaz de me envolver com ela depois de tudo o que já fez contigo.

Essa é a verdade. A rapariga nem sequer me atraía mais, mas mesmo que fosse a personificação dos meus sonhos, ainda seria a pessoa que atacou a Catarina sem dó.

- Oh que querido, a negar sexo para me defender. - Ela goza, sussurrando a palavra sexo para a Beatriz não ouvir. - Que romântico. O que tu não estás a dizer é que lhe negas a ela porque não te faltam opções.

- Quem disse que não me faltam opções? - Digo também num tom baixo e aproximo-me do ouvido dela para sussurrar. - Se eu tivesse tantas opções assim não tinha o saco a explodir como tenho neste momento.

A Catarina olha para mim séria e eu acabo por rir com a expressão de choque no seu rosto.

- Se não queres saber, não puxes pelo assunto. - Encolho os meus ombros.

- Tu és nojento. - Ela resmunga antes de sair do meu lado para levar o prato ainda pela metade à cozinha. - Podes ligar-lhe? - Diz quando volta. - Não quero estar muito tempo à tua beira, vai que isso explode. 

- Sim, vou ligar. - Digo enquanto procuro no whatsapp por mensagens com ela já que já não tenho o número gravado. - Mas não posso por em alta-voz, se queres ouvir vais ter que te encostar aqui. 

- Sabes que eu estou zangada contigo não é? - Ela pergunta, teimosa, enquanto se encosta a mim porque a sua curiosidade é maior do que o orgulho. 

- E não estás sempre? - Provoco.

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