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~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~

Sinto a minha pulsação acelerar enquanto fixo o meu olhar no do Tomás.

- Não me acuses de te trair quando sabes que eu nunca o fiz. - Digo já num tom mais baixo, sentido o aperto nos meus pulsos afrouxar um pouco.

- Eu sei. - Ele murmura com o olhar agora fixo nos meus lábios. - Desculpa-me.

- Tomás... - Sussurro em aviso quando o sinto aproximar.

- Catarina. - Ele imita antes de cobrir os meus lábios com os seus num beijo faminto.

Fecho os olhos e decido ignorar todos alarmes na minha cabeça enquanto subo no seu colo e retribuo o beijo.

Mesmo sabendo todos os motivos para aquilo ser errado, nunca pareceu tão certo.

Tento soltar as mãos para poder tocá-lo, mas o Tomás não permite.

Em vez disso, passa a segurar os meus dois pulsos com uma só mão e com a mão agora livre agarra o meu queixo, intensificando o beijo.

- Tomás. - Sussurro no que me parece ser um gemido quando os nossos lábios se separam e sinto o meu rosto corar ao perceber que iniciei um vai e vem lento entre os nossos quadris, mesmo que inconscientemente.

- És tão linda. - Ele sussurra em resposta, espalhando agora beijos pelo meu pescoço, deixando cada lugar que ele toca em chamas.

- Isto é errado. - Tento alertá-lo.

- Nada me parece mais certo. - Ele refuta no meu ouvido, fazendo-me remexer no seu colo.
É nesse momento, ao sentir o contacto entre os nossos pontos mais sensíveis que caio de vez na realidade e me levanto, fazendo-o soltar os meus pulsos no processo.

- Não vai voltar a acontecer. - Faço questão de esclarecer. - Isto não está certo.

- Tu mandas. - Ele responde com um sorriso de canto enquanto ajeita os boxers, chamando a minha atenção para o volume que lá se formou.

Resmungo algo que nem eu mesma entendo antes de sair da sala e vou para o meu quarto.

- Até fiquei assustada quando vi que me estavam a ligar do número de tua casa, mas depois lembrei-me que ainda não tens o telemóvel e tens que usar o fixo. - A Melissa diz mal atende a minha chamada, na semana seguinte.

- É, o teu amigo é teimoso e não me devolve o meu telemóvel. - Queixo-me enquanto observo a Beatriz pintar os desenhos que a professora enviou há umas horas.

Desde segunda feira que o ensino online finalmente começara e agora todos os dias a professora da Beatriz mandava tarefas para que os pais pudessem fazer com os filhos durante o dia.

O que para mim é muito bonito na teoria mas não faz tanto sentido na prática quando os pais precisam de trabalhar e não podem simplesmente deixar o trabalho para pintar desenhos com os filhos. É complicado.

- Eu fui contra a decisão dele, mas tenho que admitir que este tempo longe te fez bem, docinho. - Ela diz e posso sentir o carinho na sua voz.

- Talvez eu precisasse de uma pausa. - Acabo por admitir.

Desde toda aquela confusão que eu continuo sem telemóvel, a minha equipa decidiu e eu concordei que eu poderia continuar a fazer as publicidades, mas esse é todo o contacto que eu tenho com as redes sociais.

Gravo ou fotografo com o telemóvel do Tomás e depois a equipa trata de editar e publicar sem que eu intervenha.

O que mais me surpreende é o apoio do meu público. Achei que quando vissem que o meu perfil praticamente só tinha publicidade iam deixar de acompanhar, mas a verdade é que o engajamento continua alto. Talvez isso se deva à nota que a minha equipa publicou em meu nome, sendo franca e explicando que eu precisava de uma pausa porque todo aquele mundo me estava a fazer mal, mas não podia abandonar as publicidades pois isso resultaria em quebras de contrato complicadas.

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