~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~
- Não digas asneiras. - O Tomás murmura antes de beijar uma das minhas têmporas.
- É verdade. Todas aquelas pessoas que me mandaram mensagem quando eu engravidei a primeira vez e disseram que eu não seria capaz, elas estavam certas, eu não sou mesmo. - Admito derrotada.
- Cati, tu tens dois filhos maravilhosos que te amam. Duas crianças saudáveis, bem cuidadas e amadas, principalmente por ti, que nunca quiseste ter amas, nunca quiseste que eles fossem para um berçário ou uma creche, sempre cuidaste deles enquanto trabalhavas. O teu único erro foi esqueceres-te de ti pelo caminho. És tão dedicada enquanto mãe e profissional que não encontras tempo para cuidar de ti.
Sinto os meus olhos arderem.
- Eu sou privilegiada. Há mulheres a passar muitas mais dificuldades do que eu enquanto cuidam dos filhos e trabalham e não as vês aí a chorar pelos cantos.
- Elas também não te vêm a chorar. - Ele murmura parecendo incomodado.- Tu, melhor do que ninguém, devias saber que as pessoas só mostram o que querem mostrar. Quantas e quantas mulheres não devem comparar-se a ti e sentir-se mal, porque acham que a tua vida é perfeita e não passas por nenhuma dificuldade.
Mais uma vez, o Tomás esfrega os meus braços e abraça-me contra ele, parecendo querer aliviar o peso da conversa.
- Tu estás cansada, a passar por uma fase em que as hormonas estão mais agitadas e o humor mais instável. Ambos sabemos que tens sido mãe e pai daquele bebé, que a minha ajuda de pouco serve. - Nego com a cabeça, não gostando de ouvi-lo dizer aquilo, mesmo eu já o tendo dito antes. - É normal sentir cansaço, é normal sentir dor, é normal te sentires triste... Só não é normal se te sentires sempre assim, mas até isso tem solução. Podemos ir ao médico se quiseres. - Sugere.
Suspiro. Não é depressão pós parto, eu tenho acompanhamento psicológico e sei que não é disso que se trata. Estou simplesmente cansada e com as emoções à flor da pele.
- Eu não me sinto sempre assim. - Esclareço, mas paro de falar quando sinto uma fisgada no peito.
O Tomás deve notar porque volta a beijar a minha cabeça de forma carinhosa.
- Vamos tentar a massagem? - Pergunta.
Apresso-me a negar.
- Vai ajudar, Cati. - Alega o Tomás, mas não me convence.
- Vai doer. - Murmuro tapando o meu peito quando ele aproxima as mãos. Eu sempre fui muito sensível a qualquer dor, mas fazer aquela massagem quando tenho tantas dores no peito devia ser considerado uma forma de tortura.
- Mas já está a doer...
- Vai doer mais. - Reclamo. Embora saiba que de nada adianta e vou acabar por ter de fazê-la.
- Não sejas teimosa, Catarina. Daqui a nada o Diogo precisa de mamar de novo e eu sei que tu não queres que ele use o biberão duas vezes seguidas. E com tantas dores ambos sabemos que não vai ser bom amamentares. Vamos tratar disso.
Suspiro derrotada e agarro as mãos dele, conduzindo-as para os meus seios.
É impressionante perceber como nem a dor consegue impedir a minha mente de misturar tudo.
Solto as mãos dele e encosto a cabeça ao seu ombro novamente, dando-lhe silencioasamente a autorização para que comece.
Como os meus seios estão inchados e sensíveis, o simples toque já é incómodo, mas quando o Tomás começa a identificar os nódulos e a aplicar pressão em movimentos circulares em cima deles, eu não consigo segurar as lágrimas silenciosas.
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De Volta A Casa
RomanceCom dois filhos pequenos, Tomás e Catarina estão separados e a viver vidas independentes há um ano, quando uma pandemia se instala no mundo e muda a realidade de todos. Focando no bem estar dos filhos e deixando de lado todos os ressentimentos, o e...