44

372 32 6
                                    

~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~

Levanto-me para acompanhar o Tomás para dentro. Por mais que queira ter esta conversa e levá-la até ao fim, o meu corpo dói demais e a minha voz já quase não sai de tanto tossir. 

Ainda assim, no caminho para o quarto, aproveito para terminar o que estava a dizer antes.

- Continuando. - Introduzo enquanto deixo a manta no sofá e logo me arrependo por sentir frio. - De que adianta estar sempre rodeada de pessoas se os meus únicos verdadeiros amigos são a Melissa e o Jorge? Não é irónico que eles sejam os teus melhores amigos? 

- Amanhã falamos, Catarina... - O Tomás tenta calar-me mas nego com a cabeça.

- Não! Eu quero que me ouças também, que percebas como tudo isto é tão errado. - Paro de andar e falar quando uma nova onda de tosse me atinge. - Tu falas de ti como uma pessoa cheia de vícios, mas todos eles são tratáveis se tu quiseres, basta estares disposto a isso. E nunca mais digas que pareces um delinquente, isso é um absurdo.

Paro novamente de andar quando sinto os pulmões queimarem e o Tomás rapidamente me ampara, encostando-me ao corpo dele.

- Amanhã. - Sussurra contra a minha cabeça. - Amanhã vamos voltar a este assunto se tu quiseres, mas tu precisas de descansar. 

Pela primeira vez na noite, dou o braço a torcer e concordo com a cabeça, as energias acabaram.

Sigo para o meu quarto com a ajuda do Tomás e deito-me na cama, cobrindo-me de imediato.

- Precisas que te traga alguma coisa? - Ele pergunta, solícito e eu nego com a cabeça.

- Se o Diogo acordar e eu estiver a dormir. - Pigarreio. A minha garganta está arranhada de tanto tossir e espirrar e por isso dói ao falar. - Podes tentar fazer como faziamos com a Beatriz?

Não acho que vá resultar com o Diogo já que ele não gosta muito de mamar deitado, embora já  tenha conseguido fazer algumas vezes, mas não custa tentar e estou realmente exausta.

- Claro que sim. - O Tomás diz enquanto aperta os cobertores à volta do meu corpo, deixando-me mais quente e confortável. - Vou dormir na cama do quarto dele para estar mais perto caso um de vocês precise de mim. Não saias da cama, se precisares chama-me ou liga-me.

Assinto com a cabeça e vejo-o afastar-se em direção à porta, só parando quando o chamo.

- Promete que não vais fugir antes de terminarmos a nossa conversa.

Vejo-o passar a mão pelo cabelo antes de assentir.

- Eu prometo, Cati. Descansa.

Não demora cinco minutos para eu conseguir adormecer e, felizmente, só acordo no dia seguinte, com o barulho do choro do Diogo. 

- À noite resultou, mas ele agora não está a colaborar. - O Tomás diz, atrapalhado para conseguir segurar no bebé que não para de chorar e se contorce.

- Calma, meu amor. - Digo para o Diogo enquanto me sento e percebo que a minha voz ainda está rouca. 

Com cuidado, pego nele do colo do Tomás e levanto o pijama, para amamentá-lo. 

Sinto de imediato o meu corpo arrepiar-se e suspiro.

- Não é mais confortável na cadeira? - O Tomás pergunta enquanto puxa os cobertores para cima, para cobrir a minha barriga e eu assinto.

- É, mas está frio e não tenho vontade de sair da cama. - Respondo. - Podes ir buscar-me o comprimido e uma garrafa de água?

Sem nem mesmo responder, o Tomás sai do quarto e volta depois com o que eu pedi. Sinto os meus olhos arderem enquanto observo todo o cuidado que ele tem para dar-me o comprimido à boca e segurar a garrafa enquanto bebo. 

De Volta A CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora