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~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~

- Eu garanto. - O Tomás diz no mesmo segundo, mas não consegue convencer-me. - Eu sei que já errei vezes demais, mas eu só peço mais uma oportunidade. Não vou estragar tudo de novo, eu prometo.

Afasto-me dele e procuro a minha camisola em cima da cama. Apresso-me em vesti-la, já desconfortável com a minha nudez e levanto-me. 

- Catarina, não fujas, fala comigo... - Vejo o Tomás levantar-se também.

- Queres ficar, fica. - Digo cansada. - Se vais fazê-lo para me ajudar, eu agradeço. - Sou sincera. - Mas não faças promessas vazias. Não digas que tudo mudou e agora vai ser perfeito, eu não acredito nisso e tu também não. 

Ando na direção da casa de banho e paro apenas para vestir o robe. 

- Faz as malas da Beatriz. - Digo focando no que é mais importante. - Não lhe digas que ela tem de ir para casa da avó, pergunta se ela quer de forma a que ela ache que tem essa opção. Diz que lá ela vai poder sair e ir ao parque, a tua mãe pode levá-la lá já que nunca tem niguém.

- E se ela não quiser ir? - O Tomás diz, preocupado e eu encolho os ombros.

- Ela vai querer, é só saberes falar com ela. - Garanto. Eu conheço a minha filha.

- Vou falar com ela. - Ele diz quando eu entro na casa de banho.

Limito-me a assentir e fechar a porta. 

Não demora 15 minutos até eu ouvir a Beatriz bater na porta e chamar por mim. Felizmente, pela primeira vez em dois dias, ela não o faz a chorar.

- Mamã? Abe a porta! - Ela insiste novamente e eu resisto à vontade de fazê-lo.

- Não posso meu amor. - Tento ser o mais carinhosa possível enquanto falo. - Pede ao pai ou à avó para vir ao jardim e vem à janela da mãe.

- Papáááá! - Ouço-a gritar e rio sozinha. 

Pouco depois, os dois aparecem na minha janela e eu aproximo-me, feliz por ver a minha pequena. 

- Mamã, poque eu não posso entar? - Ela diz triste e eu suspiro.

- Porque eu estou doente e se tu entrares podes ficar também. - Explico. - E tu não gostas de estar doente não é?

Ela nega com a cabeça rapidamente.

- Posso ir para casa da bobó? - Ela pergunta como eu já sabia que faria e eu finjo pensar. - Ela disse que podemos ir ao paque bincar. E vai facer bolo de cocolate. 

Escondo o sorriso por vê-la tão feliz com a ideia.

- De certeza que a avó não se importa que tu vás? - Pergunto como faria se ela me pedisse para ir noutra ocasião. 

- Ceteza!

- E tu vais portar-te bem e fazer tudo o que a avó pedir? - Recebo um siiim como resposta. - Não vais chorar e pedir para voltar para casa quando lá chegares não é?

- Eu já não sou bebé, mamã. 

Rio da resposta e assinto. 

- Eu vou ter saudades tuas, mas vou deixar-te ir. - Ela começa a saltar empolgada e eu sorrio. - Já pediste ao pai?

Desde que ela começou a perceber as coisas, ensinamos-lhe que ela deve sempre pedir aos dois, seja o que for, já que as decisões dos pais devem ser tomadas em conjunto. Isso intensificou-se quando nos separamos e tornou-se até engraçado porque muitas vezes ela pedia para ligar ao Tomás apenas para lhe pedir coisas banais como comer gelado ou ver televisão. Com o tempo ela foi aprendendo quais as coisas que precisava de pedir aos dois e as que bastava pedir a quem estivesse com ela no momento. 

De Volta A CasaOnde histórias criam vida. Descubra agora