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~ 𝒞𝒶𝓉𝒶𝓇𝒾𝓃𝒶 ~

Olho o Tomás atentamente antes de falar.

- Casar? - Digo ainda chocada com o comentário dele e sustenho a respiração.

Não que nunca tivessemos falado de casamento antes, mas nunca houve um pedido oficial quando estavamos bem, por isso é que me sinto totalmente apanhada de surpresa agora. 

O Tomás sorri, no seu jeito despreocupado e encolhe os ombros.

- Porque não? - Pergunta descontraído e eu sinto o coração bater cada vez mais pesado. 

- Estás a falar a sério? - Pergunto incrédula e ajeito-me no colo dele. - Queres casar comigo?

Ele ri, parecendo divertir-se com o meu choque e assente. 

- Claro que eu quero casar contigo, ainda tens dúvidas quanto a isso? - Pergunta.

Abano a cabeça, para organizar as ideias e olho-o séria.

- Espera aí, isto não é mesmo um pedido de casamento, é? 

Observo o Tomás colocar o braço bom atrás da cabeça e por uns segundos ficamos apenas atentos um ao outro.

- Aceitarias se fosse? - Pergunta mais sério.

Observo o corpo dele enquanto penso. 

Quando era pequena, como quase todas as meninas, eu imaginava e idealizava o dia do meu casamento. O dia em que entraria na igreja vestindo um vestido volumoso como os das princesas... Entretanto fui crescendo e, para além de perceber que nem todos os casamentos são assim, fui percebendo que talvez eu nunca fosse a noiva. Talvez o dia do meu casamento nunca chegasse. Não era uma ideia que me animava assim tanto ou algo que eu queria muito. 

No entanto, conforme a relação com o Tomás foi avançando, esse desejo voltou. Não o desejo de entrar numa igreja vestida de branco, até porque eu não sou religiosa, simplesmente achava que essa era a única forma de casar quando era pequena. Mas o desejo de estar com alguém para sempre. Oficializar a relação em frente às nossas famílias e amigos, cercados de todos os significados do casamento. 

Infelizmente, esse dia não chegou. 

Olho novamente o rosto do Tomás, pronta para responder-lhe.

- Eu não aceitaria. - Digo com calma, não querendo ser rude. - Não é assim que eu quero ser pedida em casamento. Não nestas circunstâncias, principalmente. 

- Então o problema é a forma como o pedido foi feito e não a pessoa que está a pedir? - O Tomás pergunta sorridente, demasiado calmo para quem acabou de ser rejeitado. 

- Não estás chateado por eu dizer que não? - Pergunto.

- Não respondas à minha pergunta com outra pergunta. - Ele diz e aguarda em silêncio que eu lhe responda.

- O problema é a forma e o momento. - Tento explicar-me.

- Não é a pessoa então. - Ele sorri novamente.

- Não. - Acabo por admitir e percebo que a resposta o agrada quando o seu sorriso se alarga e ele me puxa para deitar novamente sobre ele.

- Isso basta. - Diz contra o meu cabelo e volta a abraçar-me. - E respondendo às tuas perguntas, não, não fico chateado por dizeres não, até porque... Não, não era um pedido.

Inclino a cabeça para conseguir olhá-lo e ele sorri novamente. 

- Se tu dissesses que sim, eu diria que foi um pedido pois não sou tão burro assim a ponto de desperdiçar uma oportunidade dessas. - O Tomás explica, fazendo-me rir. - Mas não foi um pedido, só queria aliviar o clima. Sei que temos muito a fazer antes de poder pedir-te em casamento. E quando o fizer vai ser como tu mereces, com tudo a que tens direito.

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