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- Precisa de algo, querida? - A voz de D soou nas saídas de som da sala onde Rose estava presa.

- Matar minha mãe. - A garota respondeu despreocupada, encarando suas próprias unhas.

- Bem, ela já está morta.

- Então vou matar vocês. - Rose sorriu.

- Eu suponho que isso também não irá acontecer.

- Preciso de um esmalte, vermelho, estou entediada. - Rose Willians se levantou da mísera e desconfortável cama que tinha, cruzando os braços de frente para as câmeras de monitoramento.

- Ótimo, isso é algo que podemos providenciar.

Willians sorriu para si mesma, até que disse alto:

- Eu serei imortal, D, se lembre disso.

- É por isso que precisa fazer suas unhas? - D soltou um riso fraco.

- Claro, será um grande evento.

...

Scott sequer fechava os olhos para tentar dormir, encarava a escuridão massiva de seu quarto parecer ainda mais dramática pelo fato de estar bebado, tudo parecia mórbido e pesado, e esse não era o efeito que esperava quando quase acabou com uma garrafa de vodka inteira.

- Você falou sério quando disse que acreditava em Rose? - Mccall indagou cabisbaixo, aquilo realmente havia o deixado triste.

Malia respirou fundo, se agarrando ao cobertor, e disse:

- Talvez.

Ele se levantou da cama subtamente.

- Aonde vai? - Ela indagou levantando seu tronco.

- Tomar um banho. - Disse sério.

A37 o encarou por longos segundos, segundos o suficiente para que ele se incomodasse, e dissesse:

- O que? Quer vir comigo?

- Você ignorou todo o meu medo de estar aqui e agora está bravo comigo? - Pareceu impressionada.

- Não ignorei seu medo, Malia, só pedi um tempo para montarmos um plano. - Ele dizia calmamente, mas de alguma forma suas palavras soavam afiadas.

- Scott eles me prenderam em uma sala! Eles colocaram vocês dentro daqueles malditos jogos para matarem uns aos outros durante anos e você acha que nós podemos esperar aqui? Junto com eles?! - Ela se levantou apressada, tirando o cobertor de seu corpo. - J.C pode parecer ter nos salvado agora, mas ele colocou vocês dentro daquele Resort para morrer, ele estava nesse projeto o tempo todo, ele também comandou tudo isso, então o que garante que isso não seja só mais uma parte dos jogos deles?

- Eu sei, A37. - Ele a encarou no fundo dos olhos. - Eu levei choques na cabeça também, eu vi amigos morrerem naqueles jogos e você não tem ideia do quanto eu odeio cada máquina desse lugar agora. Mas eu não vou deixar você cometer suicídio fugindo para o mundo lá fora sem sequer pensar no que está fazendo, isso é tudo que estou pedindo pra você.

- Então talvez terei que ir sem você.

- O que? - Não havia palavras para descrever a expressão que tomou o rosto de Scott naquele momento, era como se alguém houvesse socado seu estômago.

Os longos segundos parados de frente para o outro era como uma eternidade, como se esperassem que algum deles pudesse dizer algo que concertasse aquela situação.

- Ótimo.- Scott engoliu a seco, - Pode ficar na cama, eu vou dormir no chão.

- Vai dormir no chão porque não quer ficar perto de mim?

- Eu não consigo ficar perto de você agora, Malia. - Talvez, o fato de chama-la de Malia involuntariamente, fosse porque naquele momento, sentia que não a conhecia.

- Então eu vou embora. - Ela saiu, quase sem deixar rastros para trás.

Scott esfregou seu rosto, permanecendo no mesmo lugar por alguns minutos, tentando evitar os pensamentos que invadiam sua cabeça, e lhe faziam querer chorar. Depois de um tempo, ele caminhou em passos pesados para fora do quarto, até chegar ao de Malia, ele não pediu para entrar, apenas se sentou no chão ao lado da porta porque apesar de tudo, ele nunca se perdoaria se as máquinas fizessem algo com ela durante a noite, então ele ficaria ali, apenas para ter certeza de que A37 ficaria bem, mesmo que ele não estivesse.
...

Já era tarde da manhã quando Malia acordou e caminhou apreensiva para fora do quarto, ela jurou que havia sentido alguém em sua porta, mas quando abriu não havia nada ali além de um sensação de rastro deixado por alguém, que ela desejou profundamente que fosse Scott.

Ela continuou a caminhar, até chegar na área de sala de estar onde as máquinas utilizavam para se reunir, mas não havia ninguém ali além de Cynthia, que encarava algo distante da janela.

- O que foi? - A37 se aproximou.

- São os corpos do Resort.

Malia pôde enxergar alguns estranhos robôs que tinham rodas no lugar das pernas carregarem dezenas de macas cobertas por um lençol branco, era assustador, e embrulhou seu estômago.

- Todos esses anos no Resort fomos ensinados a lidar com a morte de amigos porque simplesmente não tinhamos outra escolha. - Cynthia respirou fundo. - O mundo lá fora completamente devastado por um vírus...estavamos vivos apenas porque as máquinas cuidavam da gente, e ao menos tínhamos a sensação de estar participando de algo maior, e todas as perdas era para um " grande projeto que salvaria o mundo".

Brooke sorriu, se sentia estúpida, mas continuou a dizer:

- O que mais dói é que mesmo agora, depois de tudo, ainda não temos escolha. Não temos nenhuma saída que não implique em perdas irreparáveis.

A37 nunca havia compreendido Cynthia tão bem quanto naquele momento.

Enquanto isso, Stiles havia se virado na cama em busca de Cora, talvez um beijo de bom dia quem sabe, mas como sempre, ela não estava lá.

Ele bufou, Hale era extremamente difícil de lidar, uma hora ela podia estar na sua cama e em outra ela sequer olharia na sua cara.

Poucos minutos depois, quase todos do grupo estavam reunidos em uma sala aleatória que encontraram nos fundos do prédio, era urgente, convocados por Cynthia, precisavam ser falar antes que as máquinas aparecessem, ja que aparentemente J.C e os outros ainda estavam ocupados se certificando de conter qualquer chance de L retornar.

O último a chegar foi Scott, todos lhe encararam entrar em silêncio, foi desconfortável para Malia, que logo desviou o olhar.

- Ótimo. - Cynthia se preparou. - Ontem na festa, escutei alguns jogadores conversarem na floresta que queriam continuar com o projeto das máquinas.

- O que?! - Stiles franziu o cenho.

- Eu pensei muito sobre isso e eles não estão totalmente errados. - Brooke suspirou.

Todos semicerraram os olhos, tentando entender o raciocínio de Cynthia.

- L fez merda, uma grande merda, não era pra ser nosso problema, mas nós somos os únicos que podemos tentar dar um jeito nisso.

- Dar um jeito? Achar a cura para o vírus? - Ray indagou.

- Sim.

- L está tentando achar a cura para o vírus que ela mesma inventou a anos e acha que NÓS vamos conseguir encontrar?

- Precisamos fazer algo. - Brooke pousou suas mãos na cintura. - Não podemos deixar o mundo se degradar enquanto nós estamos seguros aqui dentro com recursos para ajudar em alguma coisa, qualquer coisa.

Cynthia voltou seu olhar para Scott, sabia que ele seria o primeiro a dizer algo, mas estranhamente ele permanecia calado, encarando o chão, completamente distante.

- Estou dentro. - Lydia disse.

Cristais de Vidro - Scalia 2Onde histórias criam vida. Descubra agora