L tinha seus olhos fixos na enorme janela logo a sua frente, do quarto onde estava, exatamente no último andar do prédio das máquinas, ela podia enxergar o Resort dos jovens a muitos metros de distância, cercados pelos muros de ferro da qual ela mesma providenciou.
L sentia um profundo ódio, a ira crescia dentro dela a cada segundo que se passava, porque no final das contas, mesmo sem saber, Cynthia Brooke estava certa, as coisas realmente haviam dado errado no projeto de L.
A máquina chefe não entendia o porque, todo seu planejamento era perfeito, não havia falhas, não era possível encontrar um erro sequer, até que de repente todo seu incrível mundo virtual desmoronou em um piscar de olhos.
Aquilo lhe fazia pensar se tudo aquilo valia a pena, toda a sua dedicação de anos e anos em uma incessante construção de um mundo perfeito e imortal, agora parecia a coisa mais estupida que já fez com sua vida naquele momento.
Ela havia devastado o mundo com um vírus que sequer era capaz de encontrar a cura, e agora, ela também era odiada por todos.
O grito furioso de L ecoou alto e estridente, tão alto que seria capaz de assombrar todo aquele lugar por uma eternidade.
...
Malia e Cynthia haviam marcado de se encontrar no quarto de Brooke daqui a poucos minutos, minutos o suficiente para que pudessem convocar o restante de seu grupo de amigos para a reunião.
Enquanto isso, A37 vasculhava seu quarto em busca de qualquer informação que pudesse haver ali, quem sabe até mesmo um bilhete bizarro de L, afinal a maldita máquina parecia gostar de infernizar a sua vida.
- Ei. - A voz de Scott chamou sua atenção.
- Por que não bateu na porta? - Ela fechou a cara. - Se eu estivesse nua?!
- Eu já te vi nua.
Malia lhe encarou desconcertada, porém raivosa.
- A porta estava aberta, A37.
Merda. Malia pensou alto, por que ela era sempre tão desatenta ao ponto de deixar sua porta escancarada?
- Eu convenci L que nos desconectassem porque não queria que você continuasse se machucando com os experimentos que ela fazia em mim. - Scott disse sem rodeios.
- O que? - A37 franziu o cenho.
- Você não se lembra. - Ele suspirou, cruzando os braços. - Mas toda vez que L praticamente eletrocutava o meu cérebro, você sentia toda dor e eu não sentia nada.
Malia pareceu tentar esconder a surpresa estampada em seu rosto, se aproximando alguns passos, lhe encarando com seu olhar confuso.
- Ela não concordou logo de cara, mas depois de alguns dias L percebeu que nossa conexão não tinha nada a acrescentar para ela, então finalmente aceitou nos desconectar.
- Eu não me lembro. - A37 engoliu a seco.
- Eu sei, você apagou muitas vezes.
Malia suspirou, desviando o olhar para o chão por um segundo, até retornar a lhe encarar nos olhos mais uma vez, sentia que tinha algo a dizer, mas nenhuma palavra saiu de sua boca enquanto seus rostos se aproximavam, e selaram um beijo suave.
- Precisamos nos encontrar com Cynthia. - A37 se afastou de forma tímida, caminhando para fora do quarto.
...
Em poucos minutos todo o grupo estava reunido no dormitório de Cynthia. Stiles, Cora, Scott, Lydia e A37 observavam Brooke se sentar na poltrona como se tivesse um longo e importante discurso prestes a citar.
- Eu preciso saber o que estão achando disso tudo. - Ela disse.
- Um inferno? - Stiles respondeu enquanto brincava de fazer tranças nos cabelos de Cora.
- Um inferno. - Todos os outros disseram juntos.
- Eu acho que deveríamos fugir, e A37 concorda comigo. - Cynthia engoliu a seco.
Scott permanecia calado, estalando seus dedos enquanto escutava Brooke com atenção.
- Fugir? - Lydia pareceu preocupada. - Eu não sei, o que vamos fazer lá fora?
- Não sei. - Cynthia deu de ombros. - Mas aqui dentro as coisas vão ficar piores, porque L está enlouquecendo.
- Cynthia está certa, precisamos fugir. - Ray se pronunciou. - Eles mentiram para nós, não vamos ganhar a imortalidade se continuarmos aqui, nós somos só cobaias de um teste.
- Eles vão nos machucar cada vez mais. - Cora queria que estivesse mentindo.
- Exatamente. - A37 suspirou. - Talvez L consiga criar o mundo perfeito que ela tanto quer, mas nós não vamos fazer parte dele, nós vamos morrer dentro do laboratório dela.
- Por isso precisamos começar nos livrando dos nossos chips, tiraremos parte do controle de L sobre a gente.
Todos levaram sua atenção para o chip implantado em sua mão esquerda ao mesmo tempo, mas não tiverem tempo de pensar sobre isso quando o som de alarme soou pelo resort.
Todos imediatamente correram para fora, apesar de Malia não entender bem o porque, imaginou que algo ruim teria acontecido.
A movimentação pelo corredor era grande, todos que estavam em seus quartos saíram para descobrir o que estava acontecendo, mas aparentemente a emergência não estava no corredor dos dormitórios.
Alguns jogadores desceram as escadas, outros usaram os elevadores e foram atraídos o mais rápido possível para a sala de auditório de onde vinha o som estridente.
Havia uma mensagem na enorme tela a frente de todos, e ela dizia:
" Está mensagem é anônima e não tem o consentimento de L. Venho alertar que as coisas piorarão a partir de agora, L está fora de controle, então, se quiser ser salvo desse lugar, saibam que vocês tem um aliado entre as máquinas."
- Isso é o que eu chamo de quebrar o sistema. - Cynthia sorriu.