- Acho que... a minha febre abaixou. - Cora disse, sentada no chão escorada na barreira de vidro que lhe separava de Malia.
- Isso é bom, não é? - A37 estava enrolada em cobertor, também sentada no chão logo atrás de Cora.
- Sim, acho que sim.
Estavam isoladas em uma sala enorme, onde no meio havia uma jaula de vidro, das quais estavam trancafiadas ali. Mas não era um leito de morte tão terrível, ao menos era o que Hale imaginava, a cama era confortável, os cobertores eram quentes e macios, recebiam tudo que queriam assim que pedissem, o pequeno banheiro embutido na jaula tinha bastante privacidade e elas podiam assistir filmes no projetor sempre que quisessem, uma forma adorável de morrer.
Mas nada ali lhes distraia do fato de estarem prestes a irem embora para sempre, o do pensamento doloroso e cruel de quem iria morrer primeiro, Cora não queria assistir A37 morrer, e muito menos A37 queria ver Cora partir, se Deus existisse, elas só pediram apenas uma coisa, que pudessem partir juntas.
- Vocês acordaram. - O som dos sapatos de K contra o piso ecoavam alto.
- Por que nos separaram?! Essa barreira não estava aqui antes! - Cora se levantou já completamente transtornada, mas logo a vertigem tomou conta de seu corpo e ela precisou encontrar um lugar para se apoiar.
- Cora, você está ferida e infectada, não se exalte. - K disse. - Sua perna voltou a sangrar?
- Não. - Hale tinha uma expressão raivoso.
- Não respondeu o porque nos separou! - A37 bateu contra o vidro.
- Separamos vocês para que uma não atrapalhe a recuperação da outra.
- Recuperação? Nós vamos morrer. - Cora disse.
- Acha mesmo que não vamos fazer nada para tentar salvar vocês? - K tomou uma expressão séria. - Não iremos deixar que morram.
Malia e Cora trocaram olhares, confusas e desconfiadas.
- Só vim entregar alguns recados que deixaram para vocês, são muitos. - K abriu a caixa de correspondências de Cora, deixou as cartas ali e depois foi para a caixa de Malia.
- Agora temos caixa de correspondência individuais, que chique. - Hale disse enquanto pegava as cartas. - Reformaram tudo enquanto a gente estava dormindo?
- Dopamos vocês com sonífero. - K sorriu.
- Hahah, que legal. - Malia arregalou os olhos assustada.
- Precisam de alguma coisa? - A máquina perguntou.
- Não. - As duas responderam simultaneamente.
K assentiu, e caminhou em direção para fora dali, mas gritou algo no meio do caminho.
- Voltamos em 30 minutos! Para o soro!
As duas se sentaram em suas camas para abrirem suas correspondências, K não estava mentindo, eram muitas cartas mesmo.
Enroladas em um laço vermelho, havia um pequeno papel escrito: