Poucos minutos depois de finalmente terem encontrado J.C, a guerra havia cessado, Rose fora presa em uma ala privada para jovens rebeldes, J.C tomou o controle e desativou todas as máquinas do prédio temporariamente, apenas para que tivesse tempo de organizar as coisas e reacordar as máquinas aliadas, como D, G e H.
Enquanto isso, alguns jovens pulavam de alegria ao finalmente poder ter acesso a comida. Outros precisavam ir para enfermaria com alguns ferimentos graves, mas nenhum dos jogadores havia morrido, e sendo muito otimista, tudo havia ocorrido muito bem.
J.C tinha os mostrado o caminho para o armazen de alimentos, não era tão perto do prédio das máquinas já que robôs não precisavam de comida ,mas buscar os alimentos em outro lugar não era nenhum esforço maior do que já tinham feito.
E ficarem de barriga cheia era uma ótima recompensa para tudo aquilo.
- Nem fudendo. - Stiles encarava ao redor abismado. - Eles esconderam tudo isso da gente esse tempo todo?
- Esconderam o que, besta? são só prédios. - Cora disse.
Mas Stiles continuava impressionado, e Scott também, as vezes eles tinham o mesmo funcionamento mental.
Enquanto caminhavam em direção ao armazen, eles podiam conhecer construções que nunca tinham vistos, e todas elas pareciam mil vezes mais bonitas que o Resort onde foram criados.
- Plantações! - Stilinsk apontou.
- Meu Deus, Melancias! São gigantes! - Cora correu em direção as frutas.
- Puta merda são mesmo! - Cynthia arregalou os olhos.
Scott olhou para Malia, ela parecia um tanto perdida, mas se encontrou quando cruzou seu olhar com o de Mccall.
Ele sorriu, porque ela parecia fabulosa em meio a todo aquele reflexo de prédios espelhados e grama verde.
- Vamos?! - Lydia passou correndo, puxando Malia pela mão. - Você vai amar!
...
Poucas horas haviam se passado, J.C continuava concentrado em seja lá o que estivesse fazendo na sala de controle enquanto os jovens finalmente tinham aval para descansar.
Malia lia alguns artigos no tablet que havia encontrado ali no quarto de uma das máquinas, sentada confortávelmente na cama.
- Como bebês podem ficar dentro da nossa barriga? - Ela indagou, mas logo percebeu que estava falando sozinha.
Scott havia dormido de tanto cansaço deitado nas pernas de A37, enquanto ela lia um artigo sobre ciclo menstrual e gravidez.
Ela tomou um tempo para observa-lo, ele parecia tão calmo, tão pacífico, tão seguro. Eram vulneráveis um com ou outro porque sabiam que aqueles eram os únicos momentos que podiam baixar a guarda.
Logo ao lado dos dois, Lydia dormia com seus fios ruivos tampando seu rosto, no tapete, Cora e Cynthia dormiam como se estivessem mortas, porque havia muitos resquícios de framboesa em suas bocas, fazendo com que parecessem que houvessem vomitado sangue.
Já no pequeno sofá logo a frente, Stiles e Ray dormiam de conchinha, estranhamente pareciam muito confortáveis para o pequeno espaço naquele estofado.
Malia se deitou, e Scott se remexeu para se acomodar em seus braços, com o rosto enterrado no pescoço da morena, deslizando suas mãos pela coxa dela para que a colocasse sobre ele.
Tal toque foi o suficiente para fazê-la arrepiar, mas iria fingir que não. A37 não tinha passado pela puberdade da forma mais ideal para aprender a controlar seus desejos, mas sentia que precisava começar a lidar com aquilo.
...
Era noite quando todos os jovens haviam acordado do "singelo" cochilo pós almoço, e isso significava que todo o silêncio naquele lugar havia acabado.
Grande parte dos jogadores estavam reunidos em um espaço parecido com uma sala de jantar, que obviamente não era, mas parecia muito.
Havia uma mesa enorme brilhante onde provavelmente as máquinas faziam reuniões informais para falar sobre a vida dos jovens, e era exatamente ali onde Scott, Lydia, Cora e Stiles estavam reunidos para falar da vida das máquinas.
Enquanto isso o restante do grupo ainda estavam trocando suas vestes por algo mais confortável, e Malia não demorou muito a chegar.A garota se aproximou lentamente, encarando algo distante, se abraçando ao braço direito de Scott.
- O que foi? - Ele se virou preocupado.
- Não gosto do jeito que eles olham pra você. - A37 disse, apontando com o queixo para uma direção.
Eram as máquinas, J.C já havia acordado todas as aliadas, e elas observavam os jovens discretamente, como se analisassem algo.
- Não quero que toquem em você. - Ela ordenou.
Cora, Lydia e Stiles estavam distraídos demais para prestar atenção na conversa dos dois.
- Está tudo bem. - Ele a tranquilizou. - E tenho certeza que se fizerem algo contra mim, você vai me proteger perfeitamente.
- Eu vou. - Malia disse firme, desconfiada enquanto ainda encarava as máquinas, segurando Scott ainda mais forte.
- Amor? - A voz de Scott soou como um alarme que trouxe sua atenção de volta. - Você está bem?
- O que?
- Você está se sentindo bem em estar aqui? - Ele quis dizer, que talvez, estar de volta no prédio onde permaneceu presa por tanto tempo fosse, quem sabe, traumatizante.
- Não. - Ela disse sem hesitar.
Ele a encarou preocupado, passando a mão pelo rosto macio da menina.
- Mas dessa vez não estou sozinha. - Ela olhou no fundo de seus olhos, parecia segura.
Scott sorriu, segurando sua mão, e disse:
- Não está, nem por um segundo.
...
- Jesus. - D olhava da janela, todos os jovens estavam reunidos lá fora, em uma barulhenta festa.
- Estão felizes, eles merecem isso. - J.C disse, concentrado em seu computador.
- Sim, definitivamente. - D pareceu suspirar.
- É por isso que precisamos ter certeza que L não vai voltar a qualquer momento, então de volta para o trabalho. - J.C sinalizou para que a máquina se sentasse novamente, e retornasse a continuar reprogramando todo o sistema.
Do lado de fora, na festa dos jogadores, Scott havia bebido mais do que o normal nos últimos 3 anos, estava um pouco fora de si, ou quem sabe, estava mostrando si mesmo demais.
- Eu amo você. - Ele dizia, tirando a franja da testa de A37 e sentindo sua pele. - Eu amo tudo em você.
- Você acabou de dizer isso. - Malia assentiu, confusa.
- Mas eu amo você, muito mesmo.
- Ele tá bem? - A37 se virou para Lydia, que enchia mais um copo de chopp.
- Ele ta ótimo, pode confiar! - A ruiva afirmou assinalando com umas das mãos.
- Mas eu não... - Lydia pensou alto enquanto se afastava, estava bêbada, e pensava sobre Cynthia, mas não fazia ideia de onde a morena estava.
E aquilo a deixava triste, triste como uma garota de 14 anos ao ser ignorada por seu primeiro amor.
Mas Cynthia não estava exatamente lhe ignorando, na verdade a garota estava andando pela floresta sozinha, cautelosamente, para que não fosse ouvida até se aproximar de um pequeno grupo de jogadores que discutiam algo entre si.
Ela não precisou ouvir nem 1 minuto do assunto para perceber que, nem todos os jogadores estavam do mesmo lado, e aquilo era um sério problema.