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JULIE MOLINA

Eu não gosto de dizer isso, mas eu me sinto um lixo agora. Nick me usou de fantoche, brincou com os meus sentimentos, brincou com o meu corpo, eu doei tudo para ele, tudo mesmo.

É difícil explicar a dor que eu sinto agora. Não tenho mais motivação para encarar a escola, não tenho motivação nem para olhar para as pessoas. Tenho medo do que elas podem fazer comigo, de como podem reagir ao me verem depois daquela cena toda. Eu fui muito forte naquela hora, mas foi porque eu estava com raiva. Agora eu estou triste, triste demais para pensar em outra coisa que não seja afogar em minhas lágrimas.

Luke está aqui, me abraçando fortemente. Não disse uma palavra desde a enfermaria, e não preciso disso. Ele me conhece, ele sabe do que sinto.

No momento estamos assistindo uma série aleatória na televisão de seu quarto, e eu coloquei uma roupa dele, que por sinal é muito confortável. Ficar debaixo dos lençóis com o seu melhor amigo é uma das melhores sensações do mundo, é como se eu precisasse de mais nada.

Não estou chorando tanto como antes, mas também não estou melhor. Minha cabeça ainda continua presa naquele assunto, o único jeito de sair é desabafar.

- Quer dizer alguma coisa? - Luke perguntou assim que acabou o episódio.

- Por que eu não consigo fazer nada certo? Qual é o meu problema? - perguntei, sentindo meus olhos arderem. Sentei-me na cama, virando-me para Luke, que me olhava atento.- Eu só queria que ele me amasse como eu o amei por anos. Eu ainda não consigo acreditar que eu deixei ele me tocar... - não consegui dizer mais nada, pois o choro começou. - Como eu pude deixar ele me beijar? - falei no meio do choro.

- Sh, você não tem culpa de nada. Pessoas apaixonadas são cegas, mesmo que você se machuque, você ainda insiste no relacionamento porque realmente ama a pessoa. - ele falou, me abraçando e acariciando meus cabelos, o que me deixou leve arrepiada. Eu amo quando fazem carinho no meu cabelo.

- Eu queria tanto alguém... que me amasse assim. - sussurrei, e me acalmei aos poucos, graças à sua carícia relaxante.

- Você vai encontrar, você é jovem Julie. Existem pessoas que estão dispostas a te apoiar e te amar incondicionalmente, você só precisa ver. - contou.

- Quem, Luke? - perguntei.

O mesmo não me respondeu, apenas me deitou e continuou com o carinho.

- Eu preciso ir embora. - falei, ficando com sono.

- Você vai à lugar nenhum. - disse.

- Eu quero ficar aqui. - sussurrei, fechando os olhos.

- Então fica, eu vou só ir na cozinha, tá bom? - Luke falou, e eu neguei.

- Não, fica aqui. - pedi, abraçando o seu corpo contra o meu. O mesmo fica colado em mim, com a respiração levemente desregulada. - O que foi?

- Eu nunca fiquei deitado com alguém assim. - falou. - As garotas sempre vão para cama com segundas intenções.

- Como eu fui? - perguntei, e rimos um pouco. - Eu não posso transar com você agora, estou cansada demais.

- Eu sei, não quero que você fique comigo só por causa de mim.

- Hm. - murmurei. - Você é diferente dele.

- De quem?

- Nick. - falei.

- Por quê?

- Ele não fazia isso. - falei, com uma leve raiva de lembrar dele de novo. - Eu tinha que transar com ele sempre que ele pedia.

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