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LUKE PATTERSON

Embarcamos bem na hora do combinado. Não conversamos muito depois do beijo, só apreciamos a presença um do outro. Nós teremos tempo pra isso.

Quando nos sentamos nos assentos, ela ficou olhando a janela. Pensei que ela poderia estar envergonhada, já que é a primeira vez que nos vemos sabendo dos sentimentos um do outro, porém, acho que ela só está aproveitando e registrando esse momento.

- Animada para conhecer o Brasil? - perguntei, olhando para ela, que se virou para me responder.

- Claro que sim, é a nossa segunda viagem juntos. - comentou, e eu assinto.

- A segunda de muitas. - falei, e ela sorriu.

- Nós somos muito sortudos, eu sou a única que sabe falar em português. - Julie falou, me olhando com aquele típico olhar de "eu sou melhor do que você".

- Eu não tenho paciência para aprender nem uma língua, enquanto você aprende quatro. - fui sincero, e ela deu uma risadinha gostosa.

A aeromoça pediu para colocarmos o cinto e nos deram as instruções, nos desejando uma ótima decolagem. Admito que estou um pouco nervoso, porque dessa vez vou estar em um país totalmente diferente. Ainda bem que estou ao lado de Julie, senão eu nunca saberia me comunicar com os nativos de lá.

O começo da viagem foi bem tranquilo. Julie e eu decidimos assistir um filme juntos apenas pra pegar no sono e descansar, já que demoraria muito o voo. Molina deitou no meu ombro e eu fiz um carinho em seus cabelos, fazendo a mesma dormir mais facilmente.

É tão doido pensar que o que eu mais desejei por anos se realizou. No começo, eu pensava que ela era uma idiota, que nem a amiga dela, Flynn. Mas aí, eu notei que apesar de Flynn ser conhecida, ela não era desonesta e muito menos Julie. Esse jeito que ela tinha me encantou e fez com que eu a desejasse cada vez mais. Eu nunca fiz questão de negar meus sentimentos por ela, ela que nunca se tocou. No ano passado, eu finalmente perdi a virgindade e comecei a usar isso ao meu favor, mas nada conseguia apagar o meu desejo por ela, nem ninguém.

Quando ela me pediu para que eu perdesse a virgindade com ela, eu não pude negar ou dizer que aquilo era errado, porque para mim era a maior realização da minha vida. Eu sabia que ela sentia nada por mim ainda por causa daquele Nick, então eu achei que deveria tomar mais cuidado com ela, mas não consegui mais uma vez. Ela é irresistível, mas quando transou comigo ficou mil vezes mais, eu não conseguia parar de pensar nela nem por um segundo. Eu me apaixonei muito fácil, eu sei, mas levou tempos pra que ela finalmente percebesse que eu a amava muito mais do que um simples melhor amigo.

Quando eu vi ela falando com Nick, eu fiquei totalmente sem chão. Além de querer matá-lo, eu queria me matar. Eu não devia ter me envolvido de cabeça com ela. Pra me ajudar, eles faziam tudo na minha frente, como se estivessem querendo jogar na minha cara o que eu não podia ter. Os olhos da Julie brilhavam quando estava com ele, seu sorriso era tão grande quanto a sua paixão por ele, e aquilo machucava toda vez porque ela não olhava assim pra mim, ela não me queria tanto quanto eu queria ela. Se apaixonar já é doloroso, agora ver a pessoa que eu amo amando outra é com certeza mil vezes pior. O mais intrigante é que ela sempre demonstrava um certo carinho por mim, o que me enchia de esperanças e me deixou ser usado por ela totalmente.

Quando ela beijou e transou com aquele filho da puta, foi o fim da picada. Porra, quando é que eu iria parar de sofrer e me mancar que ela não me queria de jeito nenhum? E então, eu me joguei na bebida, sem nem conseguir ver de tantas lágrimas que caiam e atrapalhavam minha vista.

Apesar de toda essa dor, eu saí do lado dela nem um minuto se quer. Eu estive lá no pior choro, eu estive lá quando ela estava se sentindo realizada, eu estava lá pra tudo, porque eu sou o melhor amigo dela, e melhores amigos são feitos para isso.

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