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Só mais três capítulos...

JULIE MOLINA
Estou arrumando minhas malas e empacotando tudo o que eu comprei aqui no Brasil. Eu odeio a ideia de voltar pra casa, mas também quero muito ver meus amigos e meus pais. Sinto saudade de todos, eu vivo mandando mensagens e fotos pra todo mundo e todos sempre respondem animadamente.

Sinto falta da energia deles, da presença constante e da irritação da Flynn no meu ouvido. Apesar de querer viver as coisas como eram antes, sei que nunca mais vai ser igual.

Luke está montando suas malas também e está tão pensativo quanto eu. O mesmo não para de falar sobre sua família desde quando pisou no Rio, porém não sei se manteve contato com alguém.

Não quero voltar a viver aquele mundo cheio de limites e obrigações, queria continuar nesse paraíso de lugar que ironicamente me traz a sensação de liberdade, mesmo sendo uma das cidades mais violentas do Brasil.

Sinto falta dos abraços fortes do meu pai, a comida caseira da minha mãe, das loucuras que Flynn contava e do jeito que falava apaixonada sobre seu amado Reggie, das vezes em que saíamos depois da escola e Alex sempre me pedia para dirigir o meu carro... Eu basicamente sinto falta de tudo, e eu finalmente vou voltar para eles.

Deixei as lágrimas rolarem pelo o meu rosto. Eu permanecia focada no meu trabalho de montar as malas, mas na verdade eu estava com a cabeça longe. Cenas antigas passavam-se na minha cabeça e eu ainda era capaz de sentir o friozinho na barriga de quando fui aos parques com Alex, Carrie e Flynn. Mais lágrimas surgiam, mas nenhuma delas indicavam tristeza. Isso era saudade, a mais profunda saudade de todas.

- Hey. - Luke falou bem perto do meu ouvido, fazendo eu levar um leve susto e voltar para a Terra.

- Oi. - falei um pouco tonta e sequei as lágrimas com as mãos.

- No que está pensando? - perguntou olhando para os meus olhos, provavelmente querendo entender o que se passava na minha cabeça.

- Sinto saudade de todo mundo. - comecei a dizer. - Saudade dos garotos, saudade dos meus pais, saudade até da perturbação diária dos professores...

- E de mim? - perguntou, irônico.

- Você está aqui, né? - falei, dando um sorriso de canto.

- Ainda bem que sabe disso. - sorriu.

- Obrigada. - juntei ele com o meu corpo, dando um abraço quente. Foi um pouco inesperado, mas é que eu preciso muito disso no momento. Ele é o único que pode me abraçar no momento. Luke colocou seus braços ao redor da minha cintura e eu deixei derrubar mais uma lágrima, a última lágrima que derramei aqui.

[...]

Estou no aeroporto com Luke. Estamos esperando o nosso voo ser chamado para que possamos finalmente embarcar.

Eu odeio esperar, acho algo insuportável. Eu sou do tipo que sempre espera pelas coisas e pelas pessoas porque nem sempre é a hora certa.

Quando me sinto nervosa, começo a bater o pé no chão ou as mãos no braço da cadeira. Luke já repara nesse tipo de comportamento meu e já me alertou várias vezes que eu deveria parar com isso, porém é algo totalmente inevitável, eu faço sem nem mesmo querer.

- Você está muito nervosa, se acalma. - ele disse. Josh segura minha mão, o que me faz sentir uma corrente elétrica de paz. Curiosamente, o seu toque sempre foi capaz de me manter calma, mesmo nos momentos mais desesperadores.

- Desculpa. - falei, deitando em seu ombro e respirando fundo. Dei uma leve mordida em meus lábios, pensando na reação dos meus pais ao me verem. Será que eles vão chorar? Pai e mãe sempre choram pra essas coisas bobas.

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