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Dormi muitas horas no nosso primeiro dia no Rio, porque ainda não havia me acostumado com o fuso horário. Fui dormir nua abraçada com Luke, porque a gente precisava matar a saudade e a fome, se é que vocês me entendem.

- Para onde vamos amanhã? - perguntei, já que estava de noite e era óbvio que não podíamos sair. Estava quase fechando os olhos de tão confortável que estava. Luke estava acariciando meus cabelos (como sempre) enquanto ficávamos embalados juntinhos no ar-condicionado. Melhor sensação do mundo.

- Para Ipanema. - falou, e eu franzi a testa.

- É um ponto turístico? - perguntei, curiosa.

- Não, é um bairro que fica na zona Sul do Rio. É um lugar bacana, a gente pode ir na praia também, dizem que é linda. - contou, e eu dei uma risada fraca.

- Quem costuma saber das coisas sou eu, então é estranho ver você falando como um adulto sábio. - falei, parecendo uma drogada de tanto sono.

- Mas eu sou um adulto sábio, você que é cega demais pra ver. - me sacaneou.

- Sou nada.

- É sim. - rebateu.

- Sou nada, seu imbecil.

- É sim, cegueta.

- Vai dormir, caralho. - mandei, e ele gargalhou.

- Tá, tchau. - ele falou, dando um beijo na minha bochecha, e eu me virei de costas para ele. O mesmo então me abraçou, o que fez arrepiar todas as partes do meu corpo.

- Eu sei, meu toque é incrível. - sussurrou no meu ouvido, e eu dei um tapa na cara dele, rindo de minha atitude infantil. - Au! - reclamou.

- Boa noite, Luke gosta-de-me-irritar.

- Boa noite, Julie-só-sabe-reclamar-e-me-bater. - falou, e eu revirei os olhos, sem conseguir evitar um leve sorriso no rosto.

Fechei os olhos, começando a pensar mentalmente.

Uau, eu estou com ele, tipo realmente com ele. Ele é meu, e eu sou dele. Isso ainda parece ser algo irreal.

Como que uma amizade se transformou em um relacionamento tão... complexo? Como eu pude sentir algo por um garoto que me tratou grosseiramente nos primeiros dias? Como eu pude confiar tanto nele, ao ponto de transar com ele?

Eu não sei responder nenhuma pergunta, mas tenho certeza que essa foi a melhor decisão da minha vida e não me arrependo nenhum um pouco de viver isso.

O que eu sinto é algo tão bom, que eu não quero que acabe, que se estenda por muito, muito tempo. Eu amo esse garoto, e eu só estou esperando o momento certo para dizer isso, mas toda vez que eu esperei para fazer ou dizer algo eu só piorei a situação.

Eu não deveria esperar, eu não posso estragar tudo mais uma vez. Já errei demais, agora está na hora de acertar, não é?

- Eu te amo, Luke. - sussurrei, esperando que ele estivesse acordado e pudesse me ouvir, mas ele está imóvel, com a respiração tão calma que me fez tirar a conclusão de que ele não estava acordado.

Tentei não me abalar com isso, não é minha culpa e muito menos a dele, eu só falei na hora inapropriada. Fechei os olhos e comecei a ignorar todas as brechas que a minha mente dava para iniciar uma conversa estúpida, começando a dormir rapidamente.

[...]

Despertei por conta da luz natural que havia no quarto. O sol do Rio é forte mesmo de manhã, e eu agradeço por isso. Não quero desperdiçar mais um dia dormindo, eu quero aproveitar cada minuto dessa viagem, assim como eu fiz em Toronto.

Nassy Onde histórias criam vida. Descubra agora