Capítulo 2

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Eu abro meus olhos, ao mesmo tempo em que sinto um leve latejar na minha cabeça.
Eu tento me mexer, mas tudo doe, e eu acabo soltando um resmungo certamente incompreensível .










- Ela está acordando!










Uma voz feminina e muito conhecida diz, e eu viro a minha cabeça na direção da voz, encontrando assim Inanna e Titan, ambos sentados ao meu lado e com os olhos vermelhos.












- O- o que aconteceu?











Eu pergunto com a voz rouca, ao mesmo tempo em que encaro meu corpo.
Eu estou em um quarto hospitalar, usando uma camisola, com alguns aparelhos ao meu redor  e medicamentaçao venosa.










- O que aconteceu? Onde... onde está Philipe?











Eu pergunto nervosa, o que faz os aparelhos ao meu lado começarem a apitar em um ritimo mais acelerado.









- Jo!











Martha me chama, e eu volto meu olhar para a porta do quarto, onde a mãe de Philipe está, com tantas lágrimas escorrendo pelo rosto  que eu sinto os meus olhos ficarem marejados.













- Me diz que ele não...








Eu começo a dizer, mas um soluço escapa dos meus lábios quando Martha abaixa a cabeça e começa a chorar.











- Ei, me escuta!










Titan diz, ao mesmo tempo em que segura o meu rosto com carinho, me fazendo assim olhar para seus olhos vermelhos.











- Seus pais estão vindo para cá, eles estão tentado conseguir um avião agora mesmo.











Titan diz, e eu seguro em sua mão, querendo que ele me diga logo o que eu não quero e não posso acreditar ser verdade.










- Vocês sabem que eu não gosto de enrolação.










Eu digo, e então sinto a mão de Inanna na minha perna, o que me faz olhar para ela antes de me virar novamente para Titan.












- O carro capotou na estrada, e... O Phil aatravessou janela.
A única coisa que o mantém vivo nesse instante são algumas máquinas, os médicos já disseram que a decisão é nossa. Eles não podem fazer nada!















Titan diz, e é quando eu sinto,a enorme e sufocante dor no meu peito.
Eu seguro com força já mão de Titan, ao mesmo tempo em que ele desmorona nos braços da namorada.
Na mesma hora Martha vem até onde eu estou, e assim que ela me abraça eu choro ainda mais.
Não, não, não, isso não pode acontecer!












- Oi, desculpe incomodar, eu sou o seu médico.












Um homem alto e magro diz, e eu sinto Martha me soltar, enquanto pede desculpas para o médico.
Eu não escuto uma palavra se sequer, apenas concordo com a cabeça e respondo no automático.
Quando a voz do homem para, e eu entendo que não estou morta e nem tenho nenhuma lesão quando o meu namorado está praticamente morto no mesmo hospital eu peço para vê-lo.
Eu me levanto da cama, e quando piso no chão e não sinto nenhuma dor eu fico com raiva, raiva porque além de algumas manxas roxas nada aconteceu comigo, já com Phil...
Titan empurra a minha cadeira de rodas até o quarto onde Philipe estar, e eu sinto que se não fosse por estar sentada eu teria caído nesse exato instante.
Eu abro a boca para falar, mas a dor no meu peito é tão grande e tão forte que eu não consigo pronunciar uma palavra se quer.
Philipe, que a horas atrás estava me dizendo que eu conseguiria um emprego, que a horas atrás estava me beijando enquanto íamos para a nossa casa...
Ele agora está deitado, com um tubo na garganta e uma faixa branca ao redor da cabeça, em seus braços há dezenas de hematomas, e seus olhos estão fechados.
Titan me aproxima dele, e eu seguro em sua mão, ao mesmo tempo em que olho para George e Mercy, que parecem estar mais em choque do que qualquer outra coisa.













- Acorda, vamos, acorda logo! Você quis brincar com a gente, ótimo, agora acorda!












Eu digo, ao mesmo tempo em que aperto a mão de Phil, embora nada aconteça.
Eu fecho meus olhos, desejando que tudo isso seja só um sonho, embora eu sabia que não é.
Eu deito minha cabeça na sua cama, ao mesmo tempo em que deixo os soluços na minha garganta ficarem audíveis.












- Eu sinto muito. Eu volto mais tarde para conversar sobre isso.











Eu escuto a voz de uma mulher dizer, o que me faz levantar a cabeça e encontrar uma médica parda, com os cabelos presos em um coque.









- Conversar sobre o que ?











Eu questiono com a voz baixa e rouca, ao mesmo tempo em que olho para a médica, e Então para George, que mais parece um vulcão prestes a entrar em erupção.













- A doutora Mônica aqui quer que nós concordemos com a doação de órgãos.
Meu filho ainda nem morreu e já querem os órgãos dele!












George diz, ao mesmo tempo em que Martha tenta acalmar o marido em geral tão passifico e controlado.
Eu olho para o corpo de Philipe, e eu não sei de onde vem a minha coragem e força para falar, mas eu respiro fundo e digo:















- Ele teria concordado. Phil teria concordado com a doação.
Ele sempre diz que temos que ajudar as pessoas da forma que podemos. Ele doaria tudo, os olhos, a pele, tudo...












Minha voz sae em um tom melancólico, mas audível o suficiente.
Eu continuo encarando Phil, mas quando uma mão toca o meu ombro eu nem preciso me virar para saber que é Titan, e que ele concorda com a minha decisão.












- Jo está certa, era isso que Phil iria querer fazer.













O irmão mais novo do meu namorado  diz, e eu derramo mais lágrimas à medida que Martha e George assinam os termos que a médica diz serem necessários.
Eu seguro a mão de Phil o tempo todo, desde o momento em que a médica sai do quarto hospitalar, até o momento que ela retorna para levar Phil para o centro cirúrgico, onde serão retirados os órgãos para a doação.
Quando o médico volta para anunciar a hora exata da morte eu sei, que uma parte minha foi junto, mas não fasso a menor ideia se algum dia vou conseguir ela de volta...

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