Eu observo as batidas cardíacas de Rubi se transformarem em linhas constantes, aumentando o barulho das máquinas.
Eu olho ao redor do quarto do hospital, mas derrepente eu não estou mais naquele lugar, não, agora eu estou vendo o caixão de Rubi ser colocado em um buraco no chão.
O nome de Rubi gravado no caixão se mistura com o nome dos meus pais, e eu me vejo novamente naquela já tão conhecida estrada, mas agora além da caveira dos meus pais no carro à também a de Rubi.- Ei, Ei, respira fundo, ok ? Apegue as velas, Hero!
Josephine manda, quando me ajuda a sentar na minha cama onde nós temos dormido na última semana.
- Eu estou bem, eu estou bem.
Eu digo, porque é isso que eu sempre digo toda vez que tenho o mesmo pesadelo, e Jo me responde da mesma forma de sempre, me puxando para seus braços e acarenciando os meus cabelos. De alguma forma isso funciona todas as vezes.
Uma semana se passou desde que eu perdi Rubi, e desde então eu entrei em um limbo, onde eu vou para o trabalho, fasso uma coisa ou outra do caso em que estou trabalhando, e volto para o meu apartamento, em busca de que o silêncio do mesmo acabe com o silêncio na minha mente e na minha alma.- Seu aniversário é no dia seis de novembro, não é?
Jo me pergunta, enquanto folheia o diário de Rubi, que ela encontrou quando foi pegar as coisas da minha amiga no quarto da mesma, porque eu mesmo não tive força para fazer.
Desde a primeira noite em que Jo se deitou do meu lado ela vem escolhendo alguns trechos do diário de Rubi para ler para mim, a princípio eu não queria, achava que ler os pensamentos de Rubi só iriam provocar mais estrago na minha alma perturbada, mas Jo consegue sempre escolher as melhores passagens do diário, o que não me surpreende, acho que o super poder de Jo é me ajudar a lidar com minha alma problemática, até que a mesma esteja curada.- Sim. Por que ?
- Achei uma passagem aqui do dia do seu nascimento.
Jo diz, e eu respiro fundo três vezes, antes de concordar com a cabeça, deixando assim Jo ler o diário de Rubi.
- Eu tentei, durante muitos anos eu tentei ter um filho, mas não pude, não consegui, na verdade, dar um filho não só ao meu marido mas também para mim mesma.
Quando minha melhor amiga ficou grávida eu me senti feliz por ela, mas também a invejei.
Ela me convidou para ser a madrinha do seu bebê, e eu aceitei de bom grado. A Felicidade era nítida nos olhos dela ao ouvir a minha resposta, e eu pensei que talvez essa fosse a minha única chance de ter uma proximidade com um bebê.
Eu não estava errada.
Quando vi Hero pela primeira vez eu senti como se meu coração não coubesse no meu peito, foi aí que eu tive certeza, quando eu o segurei pela primeira vez, eu tive certeza de que ele seria um filho para mim, o filho que eu sempre quis vindo ao mundo pelo ventre da minha melhor amiga.
Eu o amei desde a primeira vez que o vi, com aqueles olhos verdes enormes e brilhantes e os cabelos tão pretos que chegavam a assustar.
Hero é, e sempre será o meu coração, minha melhor alegria e meu maior orgulho.
Se meus planos se concretizarem um dia você lerá este diário, meu filho, e por isso eu quero que você saiba que, caso esteja lendo isso após a minha morte, não quero que você fique triste, quero que você se sinta feliz, porque eu sei que estou só por ter conhecido você.
Aproveite ao máximo cada momento da sua vida, meu querido, e fique em paz consigo mesmo, porque eu sei que estou!
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Depois de tudo
FanfictionJosephine Langford sempre se considerou uma pessoa sortuda. Pais amorosos que a apoiam em absolutamente tudo, formada em direito pela Universidade da Califórnia, um namorado perfeito com que ela planejou sua vida toda e um futuro promissor como adv...