Capítulo 7

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Uma semana já havia se passado desde que Hero conseguiu a autorização do juiz para levar o Caso de Cristiano Fontanele a júri popular, então dizer que nós estávamos trabalhando para montar o caso era muito pouco.
Afinal, que jovens de vinte e cinco e vinte e seis anos não estão em um bar em plena sexta a noite?











- Eu vou pegar um café para mim, você quer ?











Hero pergunta, já jogando sua caneta em cima dos papéis espalhados pela sua  mesa e se levantando da sua poltrona.











- Eu aceito, obrigada.












Eu digo, ao mesmo tempo em que sorrio e volto minha atenção para os livros na minha mesa, já que Hero precisa de todos os argumentos possíveis para esse caso.
Meu chefe sai da sala, e eu me pego pensando no dia em que ele me deu uma carona na sua moto. É claro que no começo eu estava morrendo de medo, mas depois... Eu nunca havia me sentido tão bem depois de tudo o que aconteceu.
A sensação de liberdade que me envolveu foi tão intensa que eu não consegui não sorrir para aquele momento, e também não consegui deixar de pensar que, quando eu tiver dinheiro, talvez comprar uma moto não seja uma coisa tão insana.










- Aqui está.











Hero chama a minha atenção, quando entra no escritório e me entrega um copo de café, enquanto ele mesmo bebe do seu copo.
Eu agradeço, e bebo de bom grado o conteúdo quente no copo.











- Merda !









Hero exclama, e assim que eu olho para ele uma risada escapa da mim.










- É, acho que o que eu disse no dia da minha entrevista não se aplica a mim, mas sim a você mesmo .












Eu digo, fazendo referência a primeira vez que nós nos conhecemos, onde eu disse para Hero que eu nunca derrubaria café nele porque era garçonete, de fato eu nunca derrubei café nele, agora ele em si mesmo já é outra coisa.
Hero ri das minhas palavras, ao mesmo tempo em que tenta inutilmente limpar a mancha enorme de café da sua blusa social branca.
Eu rio das tentativas frustradas de Hero, mas o sorriso nos meus lábios morre quando eu vejo meu chefe tirando a própria blusa.












- O- o que você está fazendo?










Eu pergunto, gaguejando um pouco, enquanto tento desviar os olhos de Hero, que está abrindo cada vez mais botões da sua blusa.











- Tirando a blusa, vou tentar lava-la no banheiro.












Hero diz, e eu concordo com a cabeça ao mesmo tempo em que cometo o erro de olhar para seu peito.
É claro, além de lindo e inteligente, meu chefe também tem um puta de um tanquinho, com vários gominhos no abdômen e um tentador e profundo "V" que vai para muito mais baixo que a sua calça.
Sentindo  minha boca salivar com a visão na minha frente eu subo meu olhar, arfando a medida que meus olhos encontram os músculos nos braços de Hero, assim como seu peitoral, embora uma coisa consiga me fazer ficar ainda mais suada.










- O- o q- que é isso ?











Eu pergunto, olhando para a cicatriz em seu peito, e depois para os olhos de  Hero, que parecem tão em chamas quanto eu imagino que minhas buchechas estejam.











- É uma cicatriz de uma cirurgia, eu recebi um coração depois de um acidente.














Hero diz, com o peito subindo e descendo muito rápido, enquanto seus olhos focam nos meus lábios, para depois voltarem para a minha tempestade azul, que fica cada vez mais cheia de lágrimas.












- Você está bem ?











Hero pergunta em voz baixa, e por mais que eu tente, não consigo desviar meus olhos dos seus próprios.












- Na verdade não, eu não estou. Meu... uma pessoa muito importante para mim sofreu um acidente, e morreu, e eu convenci a família a doar os órgãos.
Acho que sua cicatriz me impressionou .















Eu digo, com toda a sinceridade, enquanto aprecio os olhos de Hero deixaram de ficarem em chamas para assumirem um tom melancólico e solidário.














- Sinto muito. Essa pessoa é a mesma que você me contou no dia da sua entrevista, que te fez ficar um ano sem querer fazer nada envolvendo o direito?









- Sim, é a mesma pessoa.













Eu digo com um sorriso triste, e Hero se encosta na sua mesa, ainda completamente sem camisa, o que me faz ficar completamente molhada.
Merda, já faz tanto, tanto, tempo !











- Eu sei como isso é difícil, também perdi duas pessoas muito importantes para mim, alguns dias antes de receber essa cicatriz.
Sabe, não que isso seja da minha conta, mas você tomou uma boa decisão em doar os órgãos, isso pode ter salvado muitas vidas, eu sei que o ato de doar salvou a minha !













Hero diz, e eu mordo meu lábio inferior ao mesmo tempo em que concordo com um aceno de cabeça, embora essas palavras realmente tragam um certo consolo.













- Eu nunca conheci ninguém que recebeu algum órgão de uma pessoa que morreu.
Acho que isso me impressionou, mas... fico feliz que tenha recebido esse coração, uma segunda chance de viver.



















Eu consigo dizer apesar das lágrimas nos meus olhos, e Hero me dá um sorriso lindo, com suas covinhas aparecendo, apesar das lágrimas que também inundam seus olhos.
Não sei quanto tempo se passa, mas quando Hero interrompe o contato dos nossos olhos para ir até o banheiro eu sei exatamente o que tenho que fazer.
Eu pego meu celular, e não me permito nem pensar duas vezes para não dar tempo de mudar de ideia.












- Jo, querida! Como você está? Tudo bem ?











Martha me pergunta, quando me atende no segundo toque, e eu sorriso comigo mesma, feliz por ouvir sua voz .













- Oi tia Martha, eu estou bem, trabalhando bastante mas estou bem.
Tia Martha, você conheceu o homem que recebeu o coração do Phil não é?












- Sim, sim. Nós o recebemos em um jantar a uma semana mais ou menos, um rapaz muito lindo, simpático. Titan e Mercy já o consideram da família, ele veio jantar conosco a alguns dias atrás também.
Por que a pergunta querida, está tudo bem ?










Martha me pergunta, e eu respiro fundo, me recusando a não dizer as palavras.









- Está tudo bem sim, tia, é só que... Eu tive uma conversa com uma pessoa que recebeu um órgão de alguém que morreu, ele teve uma segunda chance de vida, e ele é uma pessoa ótima.
Em fim, eu só... Você acha que consegue chamar esse homem para um jantar amanhã a noite? Eu quero conhece-lo tia Martha, Eu estou pronta para conhecer o homem que recebeu o órgão do Phil...

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