Capítulo 16

438 29 0
                                    

- Você não tem vida própria não?- digo nervosa e quando vou descer do carro, ela da partida.

- Filha, olha, me perdoa, eu..- ela tenta dizer mais à interrompo.

- Eu não tenho o porque te perdoar, eu não tenho o porque olhar na sua cara sua.. Sua..- tento dizer mais as lagrimas me interrompem, não consigo me controlar.

- Oh, meu amor, não chora.. Eu não queria te fazer sofrer tanto assim.- ela diz chorando e para o táxi. Eu desço e ela desce em seguida, me impedindo de ir embora.

- Porque eu não podia ter uma vida normal? Porque?- digo entre as lágrimas e os soluços.

- Nada é tão fácil assim meu amor, eu.. Eu nunca tive tempo de me explicar pra você.. Posso?- ela diz chorando mais ainda. Apenas assenti e sentamos no meio-fio.- Bom, vou começar pelo início.- ela diz secando as lágrimas.- Quando você tinha onze anos, eu descobri que estava com câncer de mama. Seu pai não me amava mais como antes. Ele me pediu pra ir embora, mas eu disse que levaria você, mas ele negou, disse que queria me ver sofrer, e que se eu tentasse te levar embora, ou falar pra você o porque eu estaria indo embora ou se pelo menos avisasse que iria embora, ele.. Ele me disse que.. Que te.. Mataria.- ela diz e eu a olho chocada, esta é uma versão da história que eu realmente não sabia. Comecei a chorar e ela me abraçou, eu deixei, acreditei no que ela havia me contado, então ela continuou.- E então ele me expulsou de casa, eu sofri muito minha filha, e imagino que você também, mas hoje eu estou curada, e tenho você, o mundo dá tantas voltas.. Eu só quero ter aquela relação de mãe e filha com você, e você que iria te abandonar sem motivos? Eu fiz aquilo pra te proteger, meu amor, pra proteger sua vida.- ela diz tentando controlar o choro.

- Eu, e-eu.. Não sei oque dizer..- digo chorando.- Me perdoe.- choro ainda mais, e a abraço novamente.

- Está tudo bem..- ela diz.- Tudo bem..- ela termina e começa a cantar uma canção que cantava pra mim toda noite antes de dormir. E eu amava pois a voz dela é perfeita, ela inventou esta música, e um dia ja foi cantora.

" O mundo lá fora,
É cheio de perigos,
Eu só quero te oferecer
O meu doce abrigo.
Não sei o que seria
De mim sem você,
Não sei se tenho medo,
Do mundo ou de te perder.
Oh, minha pequena
Filha tão amada,
A noite é tão serena
E tu vai ser,
Uma linda morena.."

Sorrio após lembrar de uma cena.

Flashback On

" - Mamãe, mamãe!- digo animada.

- Oque foi minha querida?- ela responde.

- Canta aquela musiquinha pra mim?- digo.

- Claro.- e então ela sorri e começa a cantar, e eu adormeço."

Flashback Off

Uma lágrima cai. Eu tinha 6 anos naquela época. Penso um pouco em minha vida e resolvo, não adianta mais sofrer, bola pra frente, foda-se tudo, chega de brigas. Vejo Paulo se aproximando correndo. Ele pergunta se está tudo bem, apenas assenti. Estendo a mão e ele me levanta.

- Oque aconteceu pequena?- ele pergunta com o olhar triste e seca minhas lágrimas.

- Nada, apenas a coisa mais maravilhosa do mundo.- digo e sorrio olhando pra minha mãe, que retribui o meu sorriso, e me abraça, diz que precisa voltar ao trabalho e então ela se vai, dizendo que me liga mais tarde. Abraço Paulo pela cintura e ele segura a minha, e caminhamos abraçados até o carro, e conto tudo pra ele que fica super feliz.

- Ainda bem meu amor, ainda bem que vocês se acertaram.- ele diz.

- Fome.- digo o fazendo rir.

- Você não tem jeito mesmo.- ele diz e eu sorrio.- Mc?

- Claro.- digo.

- Mas por favor, sem pôneis rosa, eu quero que eles te vejam como minha namorada e não como minha filha.- ele diz rindo e eu rio também.

- Tabom pai, dessa vez peço um azul.- digo e ele ri.

- Me avisa quando pedir pra eu estar bem longe.- ele diz rindo.

- Vamos no mesmo shopping que antes, quero ver se acho minhas havaianas lá, sério me arrependo de ter jogado elas em você, elas eram tão lindas.- digo fingindo estar decepcionada.

- Cara de pau.- ele diz.

- Ei, o único com cara de Pau-lo aqui é você e não eu.- digo rindo e ele ri também.

- Boba.- ele sorri e me da um beijo na testa e logo em seguida na boca. Entramos no carro e ele segue pro shopping.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora