Capítulo 30

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- Não! Ele não merece mais nem ouvir sua voz, Jhe!- diz Bia irritada e um pouco enrolada por causa das bebidas.

- Nem pensar!- completa Isa, ela pega o celular da minha mão e desliga ele.

- Mas..- tento dizer, mas elas me interrompem.

- Nem pensar! Ele vai achar que é só estralar os dedos que você volta pra ele..- diz Isa.

- Ele tem que sentir na pele como é sentir sua falta.- diz Bia.- E hoje é nossa noite meninas, esquece ele Jhe..- completa Bia.

- Vocês tem razão, apesar que eu sinto que devia ter atendido mas.. Ha quer saber foda-se! Ele não pensou quando me largou com um filho dele na barriga..- digo, minhas lágrimas queriam muito sair, mas as segurei fortemente, peguei a garrafa de vodka que havia restado e coloquei um pouco no copo de cada uma de nós, virei meu copo de uma vez, depois disso não me lembro de mais nada, apenas que minha visão escureceu e acabei adormecendo.

...

Acordo com uma dor de cabeça enorme e assustada no meu quarto com o meu celular tocando desesperadamente, tento ver o porque dele estar tocando, mas não consigo abrir os olhos direito, pois estava muito escuro no quarto e a claridade do celular estava muito forte, então levanto e vou até o banheiro lavar o rosto, ignorando meu celular. Após fazer minha higiene matinal, volto pro quarto pra vestir alguma roupa, meu celular toca novamente e me vem na memória que ontem Paulo havia me ligado, então imagino que seja ele, vou até meu celular e vejo que não era ele, e sim a mãe dele, tia Ro.

- A-alô?- digo com um certo nervosismo, ao atender.

- "Querida?!"- tia Ro diz, a voz dela era de choro, me preocupei com isso.

- Tia? Porque essa voz de choro? E qual o motivo da ligação..?- pergunto preocupada.

- "Eu preciso te dizer uma coisa.. É que.."- ela diz, mas para na metade da frase pois começou a chorar descontroladamente, ouço alguém dizer a ela para se acalmar, devia ser o pai do Paulo.

- Por favor tia Ro, diga logo, estou começando a ficar preocupada.- digo com a voz já trêmula.

- " O Paulo.. Ele.. Sofreu um acidente!"- ela diz finalmente e começa a chorar novamente.

-O-oque?- digo e uma lágrima cai.- C-como assim? O acidente foi muito grave?- completo já chorando e desesperada, me sentando na minha cama.

- "Os médicos disseram que os ferimentos dele são muito grave, disse até que talvez ele nem ande mais!"- ela diz chorando e desesperada, assim como eu.

- Ha meu Deus!- digo chorando muito e coloco a mão na boca.- Em que hospital ele está tia Ro?- pergunto chorando.

- "Aquele perto de casa.. Querida, olha.. Eu sei que ele te magoou muito, e que vocês nem estão mais juntos, mas você poderia vir pra cá? E-eu acho que isso iria ajudar em algo, não sei mas.."- ela ia dizendo mas a interrompo.

- Eu vou o mais rápido possível tia Ro! Não se preocupe, hoje mesmo estarei ai, se cuide, até logo..- digo me despedindo e desligo o celular. Eu estava em choque! Não acreditava no que estava acontecendo, não poderia ser, penso e quando vejo já estou encharcada das minhas lágrimas, e pra falar a verdade ultimamente eu só sei chorar.. Pego uma mochila, coloco apenas duas trocas de roupas, e as coisas básicas, pego meu celular e desço as escadas, vejo as meninas tomando café.

- Bom dia dorminhoca!- elas dizem juntas sorrindo, mas ao perceberem minha cara de enterro, desfazem o sorriso.

- E-eu preciso ir pra Campo Largo! Agora..- digo sem nem responder o bom dia delas.

- Porque? Como assim?- elas perguntam preocupadas.

- Paulo sofreu um grave acidente, tia Ro me ligou pedindo pra ir lá, não posso recusar isso..- digo já chorando desesperadamente e me sento em uma das banquetas que ficava ao lado do balcão da cozinha e afogo meu rosto com minhas mãos.

- Se acalma, a gente te leva pro aeroporto, não adianta ficar nesse estado..- elas dizem e me olham com um olhar de pena.

- Me acalmar? O homem da minha vida sofreu um acidente! E se algo mais grave acontecer com ele? Como eu fico? Eu amo ele! Eu sou uma idiota! Não devia ter entrado na vida dele.. Droga! Droga! Mil vezes droga! Porque eu não posso ter uma vida normal?- digo já gritando e chorando descontroladamente, elas me abraçam tentando me acalmar. - Tadinha da tia Ro.. Ela não merecia passar por isso, tudo culpa minha..- digo baixinho dessa vez, ainda chorando muito, sinto minha cabeça doer, maldita ressaca.

- Toma isso..- Bia me entrega um copo de água e um remédio pra me acalmar e passar a dor de cabeça.

Depois delas insistirem tanto pra mim comer algo, comi uma maçã, e então fomos até o aeroporto, chegando lá comprei logo a passagem e fiquei esperando pra embarcar, quando anunciaram meu voo, me despedi das meninas e fui em direção à sala de embarque e logo entrei no avião.

Paulo POV On

- Jhe, não vá..- digo mas ela não me dá importância e segue seu caminho.

Mais porque caralho eu fiz isso?! Porque eu fui tão idiota ao ponto de dizer aquelas coisas horríveis e deixar ela ir? Idiota, idiota, é isso que eu realmente sou um completo idiota sem sentimentos! Vou em direção às atendentes pra comprar a próxima passagem pra São Paulo.

- Senhor, me desculpe mas, não haverá mais nenhum voo com destino a São Paulo hoje e nem amanhã..- diz a atendente.

- Como?! Você só pode estar de brincadeira comigo né?!- digo irritado e bufando, saio dali decidido a ir de carro pra lá mesmo.

...

- Mãe?!- digo ao entrar em casa, ela não responde, a vejo chorando na cozinha.- Vim me despedir, vou voltar pra Sp agora.- digo e ela me olha com um olhar triste.

- Não faz mais nenhuma besteira querido, por favor.- ela diz chorando e me abraça forte.

- Vou apenas concertar oque fiz mãe, não se preocupe.- digo.- Assim que der volto pra cá te visitar, não vou nem levar as coisas que eu trouxe.- digo pegando meu celular, e as chaves do carro.- Se cuida.- digo por fim e beijo a bochecha dela.

- Filho..- ela diz chorando, paro na porta pra ouvi-la.- Não esqueça que agora você vai ser pai, não a faça sofrer mais ainda, e se cuide.- ela diz por fim e eu saio fechando a porta, meu coração apertou ainda mais.

Peguei um engarrafamento enorme, eu estava exausto, e com fome, parei em um posto pra abastecer o carro e comer algo, pedi um café e continuei a viajem, o trânsito parecia não acabar nunca! Estava me agoniando, após algumas horas já estava escuro e começou a chover, ótimo! A pista agora está três vezes mais perigosa e o trânsito só vai atrasar mais, não consigo acreditar nisso.. Olhei no relógio e marcava nove horas da noite, o que será que minha pequena está fazendo? Que saudades, nada disso era pra estar acontecendo.. Fico com isso na cabeça e uma lágrima cai, calma Paulo, vai dar tudo certo, pensamento positivo..

Após alguns minutos dirigindo naquele trânsito sem fim e com chuva que não parava de cair, vejo um farol enorme vindo em minha direção, buzino mas o cara parece não ouvir, ele está em alta velocidade e na contra-mão, caralho! Começo a buzinar mais ainda, só que o cara parece ser surdo, e não desvia, começo a entrar em pânico e desespero, tento desviar dele então mas tinhas vários carros ao meu lado, e não foi possível evitar a batida, meus olhos se fecharam, logo após os abri lentamente, passei a mão em minha cabeça que doía demais e vi que estava sangrando muito, percebi que o carro havia capotado e eu estava de ponta cabeça, minhas pernas doíam demais e eu não conseguia movê-las, avistei meu celular e consegui pegá-lo, disquei o número da Jhe, chamou várias vezes, mas ela não atendeu, não consegui ligar para mais ninguém, porque depois disso minha visão escureceu novamente e não me lembro de mais nada.

Paulo POV Of

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