Capítulo 46

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Acordei com uma enorme dor de cabeça, olhei a hora em meu celular que marcava seis horas da manhã.
Deixo o mesmo em cima do criado-mudo ao lado de minha cama e me levanto em direção ao banheiro, e é quando me surpreendo por um barulho de mensagem em meu celular. Volto para olhar de quem era, e me surpreendo ainda mais.

"Paulo: Que horas vai ser a ultrassom?"

"Eu: Bom dia pra você também.. Está marcada para as oito da manhã."

"Paulo: Passo ai ás 7h30."

Fico feliz por ele estar se importando com o nosso filho, mas fico triste ao perceber que ele está sendo tão seco comigo.

Resolvo não responder mais nada, vou ao banheiro e tomo um banho demorado pois ainda era cedo.

Escovo meus dentes, passo apenas um pó, coloco uma blusa larga, na qual está escrito "Angel", um short um pouco desfiado e pego uma bolsa qualquer.

Quando terminei de me arrumar já eram 7h15, e então pego meu celular e desço para tomar café.

Quando estou terminando de comer a campainha toca, deve ser ele.
Como as meninas ainda estão dormindo, deixo um bilhete avisando onde fui.

Pego minha bolsa em cima do sofá e vou até a porta abri-lá.

- Pronta?- ele diz fitando o chão, assim que a porta é aberta. Pensei em falar algo, pedir mais uma vez para que ele me perdoasse ou algo do tipo, mas resolvo não dizer nada.

- Sim, vamos.- digo apenas isso, trancando a porta e indo até o elevador, ele vem logo atrás.

Chegando no estacionamento, vou em direção ao meu carro.

- Vamos no meu.- ele diz me fazendo voltar e ir em direção ao carro dele.

Passei a ele o endereço de onde iríamos. Era um pouco longe de casa, e o trânsito não ajudava nem um pouco. O silêncio que estava no carro era torturante, ainda mais em um trânsito parado. Ele não me olhava, fingia que eu não estava ali.

- Posso perguntar uma coisa?- digo na tentativa de acabar com aquele silêncio. Mas ele não me respondeu.- Por que está tão seco comigo?- pergunto com um certo receio.

- Como se você não soubesse o motivo.- ele diz e força um sorriso irônico.

- Eu já disse Paulo! Meu Deus! Ele me beijou a força!- digo e uma lágrima escapa.

- Não me importa! Eu estou aqui pelo meu filho, e não pra conversar com você. Eu não quero discutir, então acho melhor não insistir nesse assunto. Acabou.- ele diz seco, sem nem se importar se o que ele disse iria me machucar ou não.

- Não imagina o quanto dói ouvir isso de você..- digo baixinho, secando as outras lágrimas que insistiram em descer.

Percebi que uma lágrima também escapou de seus olhos, mas ele a secou rapidamente. Resolvi ficar quieta e não dizer mais nada.
Até que finalmente chegamos ao consultório, apesar de estar triste, eu ainda estava ansiosa, afinal, essa é a primeira ultrassom que faço.

...

- E então doutora, como está o bebê?- Paulo pergunta curioso, observando a tela onde passava as imagens do nosso filho, era tudo tão novo pra gente.

- Eles estão ótimos!- ela diz sorrindo.

- Eles?!- eu e Paulo perguntamos juntos e muito surpresos.

- Sim, eles! São gêmeos! Ainda não dá para saber se serão duas meninas, ou dois meninos, mas serão dois bebês.- a doutora diz sorrindo largamente, e pela primeira vez no dia, vejo Paulo dar um sorriso sincero de felicidade.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora