- Cigarros?- digo tentando esconder meu nervosismo.
- Eu sei, não sou tão idiota assim, mas oque ele estavam fazendo ai, no teu bolso?- ele pergunta ainda bravo.
- Olha..- tento explicar mas ele me interrompe.
- Tu sabe que eu não gosto dessas coisas.- ele diz me olhando, ainda um pouco bravo.
- Antes de eu te conhecer Paulo eu já fumava, e eu não fumo toda hora, todos os dias, só quando eu preciso.- digo o olhando séria.
- Promete tentar parar?- ele diz um pouco mais calmo.- Não gosto de brigar contigo.- completa.
- Eu posso até tentar, mas não gosto de fazer promessas que talvez eu não cumpra, que isso fiquei claro.- digo ainda seria, as vezes essa calma toda dele me irrita.
- Ok, vamos dormir que é melhor.- ele diz e nem me olha mais apenas deita e vira para o lado dele da cama ficando de costas pra mim sem nem se quer dizer boa noite. Tudo bem. Não ligoooo, não ligo mesmo! A atropelada sou eu e o babaca que dirigia o carro que fica irritado, a com a perna engessada sou eu e o Paulo que fica ai se queixando de tudo. Certo, tudo bem destino, você gosta de ferrar comigo né? Ok, EU NÃO LIGO! Deito virando pro meu lado e logo adormeço pensando em tudo que aconteceu hoje.
Acordo com um barulho insuportável vindo do meu celular, olho para um relógio que ficava na parede e vejo que são 06:00. Quem é o filho da mãe que liga a esta hora para alguém? Olho na tela e vejo que é minha mãe.
- Alô..?- digo sonolenta e abrindo os olhos lentamente.
- Filha, poderia me fazer um favor?- ela pergunta com um certo receio.
- O que precisa?- pergunto tentando levantar e minha perna começa a doer um pouco.
- Preciso viajar, coisas do meu trabalho, e não consegui achar ninguém para ficar com a sua avó, ela mora comigo e não pode ficar sozinha já que já tem seus oitenta e poucos anos de vida né.- ela diz explicando.
- Vovó Carmen?- digo entusiasmada.
- Sim.- minha diz e percebo que ela sorriu.
- Claro, poderia ter avisado antes mas, estou com saudades dela, eu.. Eu tenho que ir la que horas?- pergunto animada, perdi o contato com minha vó depois que minha mãe foi embora, eu sentia saudades mas não sabia onde encontrá-la.
- Daqui a uma hora preciso que você esteja aqui, eu disse a ela que talvez você iria vir e ela ficou toda feliz.- minha mãe diz contente.
- Ok, então logo estou ai.- digo sorrindo.- Até..- e então desligo o telefone, vejo que Paulo havia acordado e estava sentado na cama me observando falar no telefone, sigo em direção ao banheiro me apoiando nas paredes e percebo que ele me olhava, apenas o ignoro, entro no banheiro e quando vou fechar a porta ele me impede colocando o pé, não permitindo que eu termine de fechá-la.
- Eu não me incomodaria nem um pouco em quebrar seu pé.- digo seria e o olhando fixamente, ele não diz nada, mas rapidamente me puxa pra fora do banheiro e me da um abraço calmo e cheio de amor.
- Não fica brava comigo não.- ele diz e segura meu rosto fazendo com que eu o olhe.- Eu odeio quando a gente fica nesse clima tenso.- ele completa e me beija, eu apenas sorrio e ele sorri de volta. Esse era um dos nossos geitos de fazer as pazes.
- Quase terminou de quebrar minha perna mas ok. Ouviu a conversa?- pergunto.
- Sim, quer que eu vá junto?- ele pergunta.
- Pode ser, se você quiser claro.- digo.
- Tudo que for ao teu lado eu quero.- ele diz sorrindo e eu sorrio.
- Vou me arrumar, se arrume também.- digo o selando.
Vou até o banheiro, e faço minha higiene matinal. Visto um shorts preto um pouco rasgado na frente, uma blusa cinza básica um pouco larga, e uma sapatilha preta, passo apenas um lápis no olho e faço um rabo de cavalo despojado. Paulo veste uma blusa branca escrita New York em preto, uma calça preta meia justa e um vans preto, pego uns papeis que estava usando para terminar a edição do livro, já que preciso terminar, mas termino isso na casa da minha avó, e pego meu celular, ele pega o dele e vamos abraçados juntos até a cozinha. Hoje era o dia de folga da Cintia nossa empregada, então tivemos que nos virar com o café da manhã, Paulo fez panquecas e eu fiz um suco de laranja natural. Terminamos de comer e fomos até o estacionamento pegar o carro. Expliquei o caminho pro Paulo e fomos ele inteiro em silêncio, não tinhamos nada interessante pra conversar então fiquei apenas observando as ruas pela janela do carro, então começo a lembrar de quando eu era criança e eu, meu pai e minha mãe íamos até a casa da minha vó pra almoçar todos os domingos, era sempre tão bom, eu devia ter uns nove anos naquela época, lembro dos meus primos e primas, a gente brincava muito juntos, sempre fomos bem unidos, o motivo certo de o porque esse afastamento todo aconteceu eu realmente não sei, eu sinto saudades de tudo oque eu tinha, de tudo oque eu vivi. Sinto uma lágrima escorrer e Paulo percebe.
- Tudo bem pequena?- ele pergunta com o olhar triste, por perceber que eu estava também.
- Sim, é apenas saudades.- digo ainda olhando pela janela e seco minhas lágrimas.
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Destinos Cruzados
FanfictionNós tínhamos tudo pra dar certo, tudo pra seguir uma vida juntos. Mas parece que sempre algo vai atrapalhar, sempre vai dar algo errado. As pessoas pensam que tem uma vida difícil, mas elas não viram a situação da minha. Às vezes fico pensando, e...