Capítulo 21

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- Cigarros?- digo tentando esconder meu nervosismo.

- Eu sei, não sou tão idiota assim, mas oque ele estavam fazendo ai, no teu bolso?- ele pergunta ainda bravo.

- Olha..- tento explicar mas ele me interrompe.

- Tu sabe que eu não gosto dessas coisas.- ele diz me olhando, ainda um pouco bravo.

- Antes de eu te conhecer Paulo eu já fumava, e eu não fumo toda hora, todos os dias, só quando eu preciso.- digo o olhando séria.

- Promete tentar parar?- ele diz um pouco mais calmo.- Não gosto de brigar contigo.- completa.

- Eu posso até tentar, mas não gosto de fazer promessas que talvez eu não cumpra, que isso fiquei claro.- digo ainda seria, as vezes essa calma toda dele me irrita.

- Ok, vamos dormir que é melhor.- ele diz e nem me olha mais apenas deita e vira para o lado dele da cama ficando de costas pra mim sem nem se quer dizer boa noite. Tudo bem. Não ligoooo, não ligo mesmo! A atropelada sou eu e o babaca que dirigia o carro que fica irritado, a com a perna engessada sou eu e o Paulo que fica ai se queixando de tudo. Certo, tudo bem destino, você gosta de ferrar comigo né? Ok, EU NÃO LIGO! Deito virando pro meu lado e logo adormeço pensando em tudo que aconteceu hoje.

Acordo com um barulho insuportável vindo do meu celular, olho para um relógio que ficava na parede e vejo que são 06:00. Quem é o filho da mãe que liga a esta hora para alguém? Olho na tela e vejo que é minha mãe.

- Alô..?- digo sonolenta e abrindo os olhos lentamente.

- Filha, poderia me fazer um favor?- ela pergunta com um certo receio.

- O que precisa?- pergunto tentando levantar e minha perna começa a doer um pouco.

- Preciso viajar, coisas do meu trabalho, e não consegui achar ninguém para ficar com a sua avó, ela mora comigo e não pode ficar sozinha já que já tem seus oitenta e poucos anos de vida né.- ela diz explicando.

- Vovó Carmen?- digo entusiasmada.

- Sim.- minha diz e percebo que ela sorriu.

- Claro, poderia ter avisado antes mas, estou com saudades dela, eu.. Eu tenho que ir la que horas?- pergunto animada, perdi o contato com minha vó depois que minha mãe foi embora, eu sentia saudades mas não sabia onde encontrá-la.

- Daqui a uma hora preciso que você esteja aqui, eu disse a ela que talvez você iria vir e ela ficou toda feliz.- minha mãe diz contente.

- Ok, então logo estou ai.- digo sorrindo.- Até..- e então desligo o telefone, vejo que Paulo havia acordado e estava sentado na cama me observando falar no telefone, sigo em direção ao banheiro me apoiando nas paredes e percebo que ele me olhava, apenas o ignoro, entro no banheiro e quando vou fechar a porta ele me impede colocando o pé, não permitindo que eu termine de fechá-la.

- Eu não me incomodaria nem um pouco em quebrar seu pé.- digo seria e o olhando fixamente, ele não diz nada, mas rapidamente me puxa pra fora do banheiro e me da um abraço calmo e cheio de amor.

- Não fica brava comigo não.- ele diz e segura meu rosto fazendo com que eu o olhe.- Eu odeio quando a gente fica nesse clima tenso.- ele completa e me beija, eu apenas sorrio e ele sorri de volta. Esse era um dos nossos geitos de fazer as pazes.

- Quase terminou de quebrar minha perna mas ok. Ouviu a conversa?- pergunto.

- Sim, quer que eu vá junto?- ele pergunta.

- Pode ser, se você quiser claro.- digo.

- Tudo que for ao teu lado eu quero.- ele diz sorrindo e eu sorrio.

- Vou me arrumar, se arrume também.- digo o selando.

Vou até o banheiro, e faço minha higiene matinal. Visto um shorts preto um pouco rasgado na frente, uma blusa cinza básica um pouco larga, e uma sapatilha preta, passo apenas um lápis no olho e faço um rabo de cavalo despojado. Paulo veste uma blusa branca escrita New York em preto, uma calça preta meia justa e um vans preto, pego uns papeis que estava usando para terminar a edição do livro, já que preciso terminar, mas termino isso na casa da minha avó, e pego meu celular, ele pega o dele e vamos abraçados juntos até a cozinha. Hoje era o dia de folga da Cintia nossa empregada, então tivemos que nos virar com o café da manhã, Paulo fez panquecas e eu fiz um suco de laranja natural. Terminamos de comer e fomos até o estacionamento pegar o carro. Expliquei o caminho pro Paulo e fomos ele inteiro em silêncio, não tinhamos nada interessante pra conversar então fiquei apenas observando as ruas pela janela do carro, então começo a lembrar de quando eu era criança e eu, meu pai e minha mãe íamos até a casa da minha vó pra almoçar todos os domingos, era sempre tão bom, eu devia ter uns nove anos naquela época, lembro dos meus primos e primas, a gente brincava muito juntos, sempre fomos bem unidos, o motivo certo de o porque esse afastamento todo aconteceu eu realmente não sei, eu sinto saudades de tudo oque eu tinha, de tudo oque eu vivi. Sinto uma lágrima escorrer e Paulo percebe.

- Tudo bem pequena?- ele pergunta com o olhar triste, por perceber que eu estava também.

- Sim, é apenas saudades.- digo ainda olhando pela janela e seco minhas lágrimas.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora