Capítulo 22

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Chegando na casa da minha vó, desço do carro pego meu material e vou em direção ao portão com o Paulo do lado, vejo que pouca coisa mudou, as coisas estão no mesmo lugar, tudo bem decorado como sempre foi, a única coisa que vejo de diferente ao chegar no portão é que eu não sinto mais aquela alegria imensa, sinto tristeza, e com isso meu coração apertou mais, parece que eu ainda me vejo com meus primos ali correndo pela casa, todos conversando e com um sorriso no rosto.

Balanço a cabeça na intenção de afastar esses pensamentos e vejo minha mãe vindo em direção ao portão, ela o abre e diz que está atrasada me da um beijo na bochecha e cumprimenta Paulo com um sorriso.

- Sua avó está na cozinha querida, ela ficou super feliz por você ter vindo e quis fazer um bolo.- minha mãe diz entrando no carro e sorri.- Estou de volta em três horas, tudo bem?- ela pergunta por fim, apenas assinto sorrindo e ela se vai. Olho pro Paulo e ele olha pra mim, então resolvemos entrar logo de uma vez, caminho pela calçada do quintal apoiando um pouco em Paulo com essas drogas de muletas, e chego até a porta da sala, bato nela e entro, Paulo vem logo atrás de mim, peço pra ele esperar ali na sala de estar, minha vó ainda não o conheçe vai que ela se assusta ou algo do tipo. Vou até a cozinha e sinto aquele delicioso cheiro de bolo de laranja, cara como eu amo isso.

- Vó?- digo com um sorriso no rosto e uma lágrima escorre.

- Minha querida!- ela diz vindo em direção a mim com um sorriso no rosto e me da um abraço apertado.

- Como a senhora está? Que saudades.- digo ainda deixando escorrer as lágrimas.

- Estou bem querida, apesar de tudo estou bem.- ela diz.- Oque houve com sua perna querida?- ela diz e me olha preocupada.

- Ha nada demais vó, foi um pequeno acidente, quebrei só o tornozelo e nem dói tanto.- digo explicando e sorrio.

- Menos mal.- ela diz aliviada.- Estou fazendo um café da manhã pra gente querida, fiz bolo de laranja, o seu preferido.- ela diz sorrindo e eu sorrio também.

- E o vovô onde está?- pergunto animada, vejo que ela desfaz o sorriso no mesmo instante.- Oque foi vó? Está sentindo alguma coisa?- pergunto preocupada.

- Seu avô querida...- ela diz e entra no choro não conseguindo terminar a frase.

- Oque houve vó? Oque ele fez?- pergunto ja muito preocupada.

- E-ele...- ela diz e tenta se acalmar respirando fundo.- Ele morreu á seis meses.- ela diz por fim.

Ao ouvir aquilo entrei em choque, estava sem reação, só senti as lágrimas escorrem mais, e desta vez de imensa tristeza, abracei minha avó tentando confortá-la, percebi algo errado desde quando cheguei, aquela sensação estranha, mas não esperava isso.

- Bom mas a vida segue minha querida.- ela diz tentando esquecer e secando as lágrimas e indo pegar o bolo no forno, minha vó sempre foi assim, sempre positiva com as coisas.

- Sinto muito vó.- digo tentando me acalmar e com um olhar triste, ela apenas assente.- É.. vó, preciso contar uma coisa pra senhora, é que eu conheci alguém e..- tento dizer mas ele interrompe.

- Você está namorando querida?- ela diz emocionada e vejo que ela ficou feliz, eu apenas assinto com um sorriso e afirmo com a cabeça.- E quando eu vou conhecê-lo?- ela diz por fim.

- Então.. Acho que agora.- digo e dou um sorriso meio sem graça.- É que ele veio comigo, a gente ta morando junto, e ele ta ali na sala de estar, mandei ele esperar ali porque não sabia se a senhora se assustaria ou algo do tip..- ela me interrompe novamente e vai em direção a sala de estar me deixando ali e eu sorrio com isso, mais uma mania da minha vó, positiva, espírito jovem e parece que ama me interromper. Fico ali pensando e esqueço de ir até a sala também.

- Ahhhh meu deus!- escuto minha vó gritar da sala e vou correndo pra lá assustada.

- Meu deus? Oque aconteceu aqui vó?- digo chegando na sala e vejo Paulo sorrindo.

- Eu não acredito que você está namorando o Paulo da banda Fly!- minha vó diz eufórica e sorri eu rio muito da situação e Paulo também.- Eu escuto vocês na rádio sempre!- ela diz animada e eu não consigo parar de rir.

- Não sabia que sua vó curtia nosso som.- Paulo diz pra mim ainda rindo.

- Eu também não.- digo ainda rindo.

- Venham, vamos tomar café! E você..- ela diz e se aproxima do Paulo o pegando pelo braço.- Venha querido, quero autógrafos ein!- ela diz por fim super animada e me pega pelo braço também nos puxando até a cozinha, quase cai mas tudo bem, e eu só consigo rir e Paulo também. Minha vó começa a preparar a mesa pro café, ela pois o bolo de laranja, torradas, nutella, um monte de frutas, suco de uva e maracujá, tava parecendo aquelas mesas de café da manhã de novela. Conversamos muito, contei pra minha vó como conheci o Paulo e tudo oque tinha acontecido. Terminamos de comer e minha vó chamou a gente pra ver o jardim dela, eu tinha que terminar de editar o meu livro o quanto antes, se bem que era meio difícil fazer isso agora, eu estava morrendo de preguiça, ainda mais de muleta, que saco! E então ela foi mostrar o jardim pro Paulo e eu fui até um cômodo que minha vó havia me mostrado, era tipo um escritório, entrei nele e organizei minhas coisas pra começar a edição, abri a janela e vi aquele céu que estava perfeito hoje, ainda mais com a vista pro jardim da minha vó, e ai eu perco totalmente a concentração e começo a fazer desenhos em umas folhas de sulfite que tinha ali, fiquei fazendo rabiscos, até que depois de um tempo cansei de fazer aquilo, amassei a folha e joguei pra trás, acho que caiu do outro lado da janela, e então o papel volta e cai na minha cabeça.

- Ué?!- digo estranhando isso, então pego o papel e jogo denovo pra trás e o papel volta novamente.- Mas que droga!- digo irritada olho pra trás não vejo ninguém, e jogo denovo o maldito papel e dessa vez com mais força, e essa merda volta denovo.- Mais que caralho, que saco!- e então escuto alguém tentando segurar a risada do lado de fora perto da janela e percebo que é a de Paulo, me aproximo da janela e vejo ele não se aguentando de rir.- Ahhhh então é você seu filho de uma rapariga, quer dizer a rapariga é você porque eu amo minha sogra, mas enfim, seu idiota!- tento bater nele mas como ele ta do lado de fora minha tentativa foi em vão, não consigo segurar e começo a rir também, então resolvo guardar minhas coisas pois minha mãe me enviou uma mensagem dizendo que estava a caminho.

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