Dez

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Alana

Subo o que pareciam ser dez quilômetros de escada, e ainda não estava nem perto. Estava me sentindo sufocada, e não só pelo fato das escadas serem intermináveis, eu também estava surtando. Abro as asas não aguentando mais perder tempo. Com apenas algumas batidas de asas chego a um dos últimos andares daquele prédio gigante. Ajeito os cabelos por cima do ombro e viro o corredor quando dou de cara com ele.

— Será hoje a noite então... — Killian conversa com outra pessoa.

— Sim, precisamos conversar novamente depois do jantar mas gostaria que soubesse primeiro — uma mulher responde.

Reconheço a imponente diretora Thornheart. Ficar perto dela me causava certos calafrios. Eles dois olham na minha direção.

Angélica apenas abre a porta atrás dela e chama alguém.

— Te vejo depois — Killian diz pra ela antes de ir embora. Ele estava vindo pra cá, estava prestes a passar por mim.

— Killian... — Eu o chamo. Eu tinha que dizer algo sobre ontem, tinha que agradecê-lo.

Mas quando ele para e simplesmente me encara eu esqueço tudo o que havia ensaiado.

— Eu gostaria de falar com você... — isso é tudo o que digo. Droga, pra onde foram as minhas ótimas habilidades de eloquência e oratória tão elogiadas em casa?

— Claro — ele diz como se esperasse eu continuar.

— Pode ser mais tarde? - Droga, isso estava ficando pior. O que você está fazendo, Alana?

Eu simplesmente estava muito nervosa, ainda mais por uma pessoa tão poderosa estar a poucos metros de mim.

— Tudo bem — ele responde e vai embora devagar.

Fecho os olhos e me xingo mentalmente. Só quando ouço seus passos descendo as escadas consigo relaxar um pouco.

— Você deve ser Alana — ouço-a me chamar.

Abro os olhos imediatamente. Angélica estava parada na minha frente.

Que merda.

— Sim, diretora Thornheart — respondo baixo.

— Seja bem-vinda a essa escola, espero que seu tempo aqui seja produtivo e que encontre seu caminho — ela diz em um tom sério.

— Muito obrigada.

Ela assente e continua me olhando. Aqueles olhos roxos pareciam olhar até minha alma.
Eu não estava nenhum pouco confortável com aquela análise.

— Senhorita Alana, queria me ver? — Azriel surge no corredor.

— Sim, senhor Killoran — respondo aliviada por ver um rosto amigável.

Ele indica com um gesto para que eu entre. Deixo o ar sair dos meus pulmões devagar enquanto me afastava de Angélica. Droga, eu estava muito nervosa. Azriel se senta do outro lado de uma mesa e fecha alguns livros.

Faço uma reverência cordial.

— Agradeço a formalidade, querida, mas não fazemos isso aqui — ele sorri fraco — Pode se sentar.

— Certo... — apenas fico ali de boca fechada enquanto ele terminava de arrumar sua mesa.

Azriel estava com o mesmo semblante sério de ontem. Seja lá o que fosse havia deixado Angélica e os professores meio preocupados.

Deuses eram seres estranhos.

— Então Alana, o que está achando da escola? — ele pergunta casualmente.

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