Quarenta e sete

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Alana

— Não fique preocupada — ele segura minha mão.

— Não tô — minto numa tentativa de não deixá-lo nervoso também.

— Desde que chegamos está ofegante, suas mãos estão suando, seu coração está levemente mais rápido e não para de balançar os pés.

Desço da mesa de onde estava sentada. Ele era bom observador ou era eu quem disfarçava muito mal? De qualquer forma ele estava certo, mas como eu poderia manter a calma numa situação dessas?

— Não consigo parar de me preocupar, esses caras parecem ser bem violentos e você não é nada violento. Bem, só quando está com ciúmes. — digo a última frase baixinho, mas é claro que chama a atenção dele, afinal ele podia até ouvir meu coração batendo.

— Está falando daquele otário que ficava dando em cima de você em Clearhall? — Killian pergunta — Ele merecia uma surra.

— Não fala isso! Maxim era legal comigo... Ele era só um amigo. — contenho o riso enquanto tento manter a desaprovação no meu tom de voz.

— É claro que era — meu companheiro cerra o maxilar — Se serve pra te deixar mais tranquila eu estou com muito mais raiva do apenas ciúme agora.

Não esperava que ele admitisse isso, afinal eu estava só brincando. Aquilo me pegou de surpresa e eu definitivamente não estava mais tranquila. Eu estive presente em algumas vezes em que ele perdeu o controle e agiu de forma imprudente. Por mais que os líderes deste clã mereçam surras também, Killian tinha que voltar vivo, não importa o que aconteça.

— Só tome cuidado. — me aproximo levando minha mão ao seu rosto — Sei que vai vencer mas eles não parecem ser o tipo de pessoas que aceitam a derrota numa boa, eles não vão ignorar o que dissemos mais cedo.

— Eu sei — ele me puxa para si e me abraça — Pode não fazer muito sentido para você agora, mas sei como lidar com eles, querem me intimidar porque estão com medo, querem parecer maiores do que realmente são, mas consigo ler todos os sinais deles... Isso vai acabar antes de começar.

"Como assim?" Quero perguntar, mas a expressão dele se torna frio ao olhar para a porta na nossa frente, tinha alguém vindo. Apesar de estar com o coração quase saindo pela boca, e o arrepio incontrolável que eu sentia, eu confiava no meu companheiro. A porta de madeira antiga faz um grunhido quando abre. O céu já estava completamente escuro agora, e o caminho até a arena lá fora era iluminado com tochas.

— Chegou a hora — a única mulher da guarda vem nos avisar.

Meus pensamentos não me deixam em paz, e a todo momento fico imaginando o que aconteceria. Estou tão distraída que não me dou conta de vigiar o objeto mais importante para mim naquele momento.

— Que bonitinho — a feiticeira olha pra lamparina em cima da mesa e a segura — O que será que isso faz?

Tudo acontece tão rápido que não dá tempo de fazer nada. A mulher simplesmente larga a alça e eu assisto impotente a vela tremulando lá dentro, mas ela não chega a cair no chão. O objeto flutua de volta pra mim e eu o seguro forte contra o corpo.

— Então você tem poderes, não é, deuszinho? — ela sorri sarcástica. Killian havia feito isso.

— É melhor você sair daqui agora antes que eu perca a última gota de paciência que me resta — ele responde.

— Você não pode me ameaçar na minha própria casa, além de réptil eu sou a bruxa sacerdotisa do deus Sobek, o único verdadeiro deus a quem nós servimos — ela responde — Mesmo que vença, você não tem lugar aqui.

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