Vinte e um

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Alana

— Onde vocês estavam? Nós chegamos faz cinco minutos... — a beta vem nos receber.

Puts... Será que era por isso que estavam uivando minutos atrás?

— É que nós... Nos perdemos, tá muito escuro e a gente não sabia pra que lado ir — me arrependo assim que termino de falar.

Eles me olhavam como se não acreditassem em uma palavra. Não sabia muito sobre répteis ou qual animal Killian podia se transformar, mas ele provavelmente podia ver perfeitamente no escuro e tinha um olfato apurado o suficiente para achar o caminho. Surpreendentemente eu ainda não sabia que animal ele era, mesmo ele não podendo se transformar já que não tinha controle sobre ele. Mas eu tinha o direito de saber, né?

O alfa olhava feio para Killian, mas ele não parecia ligar. Eu também não ligava, não depois do que aconteceu. Ele havia me carregado por apenas um minuto, já estávamos bem perto do local de encontro. Mas antes de me colocar no chão ele me beija novamente, foi rápido mas eu ainda me sentia entorpecida e um tanto avoada. Ao menos o sorrisinho bobo estava sob controle agora.

Apesar da pouca luz ali eu conseguia distinguir o rosto de cada um. Era injusto a alcatéia ser aberta a todos os alunos e não levar em conta de que nem todos enxergavam no escuro, eu devia ter pelo menos direito a uma lanterna. Felizmente os alunos voltam a conversar entre si enquanto os "líderes" da atividade discutiam estratégias. Killian e eu trocamos olhares, mantemos uma certa distância um do outro para que não desconfiassem do motivo da nossa demora.

Todos parecem concentrados em outra coisa mas de repente ouço meu nome ser chamado ao fundo. Minha mente estava em outro lugar para perceber de imediato que era o líder da equipe pedindo pra eu esconder a bandeira. Maxim havia sido criado pelo alfa supremo dos lobos, como ele mesmo gostava de se gabar, mas isso não significava que ele era um bom líder.

Apenas abro as asas e começo a subir com aquele pedaço de pano chamado de bandeira.

— Mais alto por favor — ele continua gritando lá de baixo.

— Não posso ir mais alto — grito de volta. Graças a restrição da professora eu não podia voar acima das árvores.

— Okay então, aí já tá bom.

Amarro a bandeira em um galho por entre as folhas. Estava bem escondida. Volto ao chão e guardo as asas.

— Okay, faremos o seguinte. Os que demarcaram território comigo vão estar na linha de frente — ele anuncia.

— E se a gente dividisse os grupos? Alguns predadores ficam aqui pra defender nosso lado. Temos chance de encontrar a bandeira mais rápido assim — um garoto sugere.

— Claro que não — Maxim descarta a ideia sem mais nem menos.

— E se... — uma menina começa.

— Ok, vocês querem ganhar ou não? — ele pergunta impaciente.

Eu até tinha uma ideia, mas depois de ver tantos levarem um fora eu preferi não dizer nada.

— É um plano simples mas que já vi funcionar milhares de vezes, se cada um fizer sua parte vamos ganhar — Maxim insiste, mas ele não havia compartilhado plano nenhum — Como eu estava dizendo, agora que marcamos o território vou precisar que todo o resto do grupo fique aqui e...

— E o rio? — Killian perguntou.

Um silêncio desconfortável ficou no ambiente por dois segundos inteiros. Os olhares de todos recaem sobre os dois alunos que se encaravam de modo nada amigável.

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