Dezenove

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Alana

— Eliza e Sam, podem ir  — a professora chama.

As duas garotas se levantam dos assentos ao meu lado e entram no quarto. Eliza levava um violão, provavelmente tocaria para animar a colega. Observo as duas meninas entrarem até a porta se fechar. Eu e a garota ao lado seríamos a próximas.Uma mensagem foi enviada a todas nós, e fomos chamadas para vir aqui prestar apoio a aluna que saiu machucada do acidente com o grifo. Por isso troquei de roupa as pressas. Audrey havia ficado para se arrumar, ela veria algum filme com seus amigos. Não sabia o que era, mas parecia divertido. O hospital não era nem de longe meu lugar favorito da escola, mas Daphne precisava do nosso apoio agora.

Não conseguia afastar a sensação de que havia sido minha culpa. Era eu quem havia voado alto e atraído o grifo para a escola, ela apenas foi confundida comigo por tentar voar na mesma altura. Minhas asas eram maiores e mais velozes que as das outras fadas, acabei me empolgando e quase aconteceu uma tragédia por minha causa. Retiro o tablet da mochila e confiro. Não havia mensagens.

Eu encontraria Killian na piscina depois. Apesar de chateada por tudo o que aconteceu, eu estava ansiosa para vê-lo.

— Alana e Morgan, são vocês — a professora diz pra nós.

Havia sido tão rápido que nem tinha percebido que as meninas já haviam saído. Apenas levanto e vou até o quarto. Morgan entra primeiro. Levo um susto quando a vejo, ela parecia muito bem.

— Oi gente — Daphne cumprimenta.

— Oi Daphne... Se sente bem? — minha acompanhante pergunta devagar. Ela também havia percebido que Daphne estava ótima.

— Sim haha — ela responde — Vocês devem ser as milésimas pessoas que me perguntam isso hoje.

Me aproximo da cama com cuidado, e a analiso. Lembro da cena assustadora dela sendo carregada por um segurança, eu tinha certeza de que um de seus olhos estava sangrando na hora. Até tive até a impressão de alguém gritar a ela para pressionar a ferida.

— Mas e seu olho? — Morgan tira as palavras da minha boca.

Daphne pega um pequeno espelho na cômoda ao lado e olha seu reflexo.

— Tudo normal por aqui. — responde sorrindo.

— Tem certeza? — pergunto, ela estava esquisita.

— Nós vimos você machucada, algum deus curou você com magia? Será que você não está sob efeito de anestesia? — Morgan olha pra mim com dúvidas.

— Não, não e não — Daphne responde cantarolando — Azriel veio aqui pra me ajudar a curar mas não foi necessário.

— Tá bom, se você diz... Que bom que está recuperada — Morgan sorri de volta.

— Mas você se lembra do que aconteceu? — tento novamente, lembrando da cena, parecia grave.

Daphne suspira, parecia impaciente com tantas perguntas.

— Sim, eu lembro. O grifo veio e furou meu olho, foi assustador na hora mas estou viva, isso não passou de um susto... Foi como um sonho, um pesadelo, mas agora acordei e tô bem. Okay? — Daphne finaliza.

— Ok — respondo — Que bom que está tudo bem.

— Ótimo! — Daphne concorda — Será que podem chamar a próxima dupla? O médico disse que só posso sair quando as visitas acabarem.

— Claro! — Morgan se despede e praticamente sai correndo da sala.

Também sigo em direção a saída quando sinto alguém segurar meu pulso. Era Daphne.

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