Quarenta e Quatro

564 94 9
                                    

Alana

Reconheço a deusa da magia andando pelo quarto escuro e acendendo velas. Minhas roupas estão diferentes, estou de volta em um dos vestidos que trouxe comigo do clã. Só havia vestidos. Estava prestes a falar com Angélica, mas ela fala primeiro.

— Não tente falar — ela diz concentrada demais em acender velas para olhar para mim — Você ainda está entre essa dimensão e a dos sonhos, não está totalmente aqui ainda.

"Que conversa é essa?"

— Eu me sinto estranha — confesso, sentia um leve formigamento percorrer o meu corpo.

Angélica suspira impaciente e finalmente olha na minha direção.

— Não fale. Poupe sua energia, vai precisar. Você passou por dois feitiços de sonhos, mais um pouco e você faria parte daquela dimensão permanentemente - ela movimenta as mãos e mais velas se acendem, uma por uma — Você não tem ideia de quanto isso é perigoso.

Queria falar com ela, mas não sabia como, nem tinha certeza de que ela era real. Por que a deusa da magia estava aqui acendendo velas? E uma por uma? Não uso minha mágica há muito tempo, mas acho que ela reclamaria se eu tentasse ajudá-la. Após mais alguns longos e desconfortáveis segundos ela termina o que estava fazendo.

— Vou chamá-lo, espere aqui — ela sai do quarto sem dizer mais nada. Não sei o motivo de tanto mau humor, mas eu não sei se queria realmente saber.

"Chamar quem?", quero perguntar, mas seu tom áspero não dá margem para isso. E também não há tempo de formular hipóteses, ele entra no quarto e meu coração dispara. Minha pele arrepia quando ele me abraça e me puxa para o seu colo. Killian distribui beijinhos pelo meu rosto e eu não conseguia fazer mais nada, apenas sorrir. Um misto de alívio e euforia toma conta de mim. Meu companheiro afasta meu cabelo e desce os beijos pelo meu rosto, mas ele logo para e olha nos meus olhos.


— Finalmente... — Killian sorri também. — Fiquei acordado muitas noites pensando em você, na verdade você foi tudo em que eu pensei...

"Eu também... Eu também..." Eu o abraço tentando dizer tudo o que queria a ele. Ele ri e logo me abraça de volta.

— Você pode falar comigo.

— Eu te amo — digo a primeira coisa que vem na minha mente.

— Eu também te amo.

Afasto o abraço apenas para colar nossos lábios. Killian desce as mãos pela minha cintura e agarra minhas coxas por cima do vestido. O beijo começa doce e se intensifica rapidamente. Estou tão entorpecida por ele que quando paramos já estou deitada de volta na cama e ele por cima de mim. Meu companheiro interrompe o momento para me analisar atentamente, estava calmo, mas logo seu semblante irritado transparece.

— Ela machucou você?

Só então lembro do que aconteceu. A pergunta me atinge como uma raio, eu entro em desespero ao constatar que o último lugar em que me lembro de ter estado foi em uma prisão, cercada por grifos e com uma deusa louca jurando ameaças para mim.

— Ah não... Isso é um sonho? Você ainda está..? Isso é real?

— Shh, calma, você está segura. Eu tirei você de lá, mas tem que descansar, não está totalmente recuperada.

SelváticoOnde histórias criam vida. Descubra agora