Instinto Protetor

350 41 12
                                    

Sniper Masker

Manter o foco está se tornando uma tarefa impossível.

Minha mente insiste em retornar àquela cena, àquele instante de puro desespero.

A sensação que percorreu meu corpo quando voltei para o apartamento e vi a porta aberta, todas as portas abertas.

O medo.

O medo de ter chegado tarde demais.

Nunca quero sentir isso novamente.

Foi... terrível.

---

Flashback On

Caminho pelo corredor segurando uma sacola.

Acho que Kuon vai gostar dessas botas. Não fazem muito o estilo dela, mas são mais seguras do que aqueles malditos saltos que ela insiste em usar.

Sinto um incômodo no peito ao lembrar de como ela se equilibra nas pontes, oscilando perigosamente, como se estivesse prestes a despencar.

Ela é um desastre ambulante.

E mesmo assim sobreviveu até agora.

Solto um suspiro, mas, ao dobrar o corredor, paro.

A porta do apartamento está entreaberta.

Todas as portas do andar estão.

Meu corpo se enrijece.

Sempre há saqueadores vagando pelos prédios, mas e se não for isso?

E se for algo pior?

— Kuon...

Meu coração martela.

Seguro a arma com força e corro.

O silêncio denso se quebra por risadas vindas do quarto.

Sinto um arrepio subir pela espinha.

Não.

Apresso os passos, o sangue rugindo nos meus ouvidos.

Quando cruzo a porta, a cena à minha frente me causa uma mistura de nojo e repulsa.

Gostaria de nunca ter visto isso.

Três homens estão cercando Kuon.

Sorrisos lascivos em seus rostos, mãos grosseiras deslizando pelo corpo dela, agarrando, apertando, explorando.

Kuon se debate, mas é inútil.

Seus olhos estão arregalados, vidrados em puro terror.

O ódio que explode dentro de mim é instantâneo.

Queima como algo vivo, devorando qualquer traço de razão.

Abaixando-me, ajusto a mira na cabeça do último homem que a segura.

Não penso.

Não hesito.

Apenas aperto o gatilho.

O estampido ecoa pelo quarto.

O tiro perfura o crânio do bastardo, e ele desaba como um boneco sem vida.

Os outros dois congelam.

Kuon cai no chão, livre.

Mas não corre.

Fica ali, paralisada, tremendo, os olhos desesperados me encontrando.

A mesma expressão.

A mesma súplica.

The Other WorldOnde histórias criam vida. Descubra agora