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Yuka

A Kuon está deitada ao meu lado com seus cabelos espalhados sobre meu peito enquanto dorme tranquilamente, mas eu sei, eu sinto na verdade que ela está me escondendo algo e isso está corroendo ela por dentro ao ponto em que ela vai atrás de golpes mais baixos para me distrair e funcionam...porra como eu sou patético!
Não consigo resistir a ela de forma alguma...
Mas, não posso cair nos seus joguinhos e se ela não pretende me contar eu vou descobrir do meu jeito.

Sinto ela se mexendo e olho em sua direção
Seus cílios longos e curvados, as pequenas brechas fazem a luz do sol entrar pelo quarto e iluminar seu corpo como se fosse a mais pela pintura.

- Yuka?

Vejo sua mão tocar meu rosto com certo receio é beijo sua testa de forma sútil

- Bom dia, dormiu bem?

Ela confirma com a cabeça e vejo seus olhos encherem de lágrimas

Que porra?

- Kuon o que aconteceu?

Aproximo meu corpo do dela e toco gentilmente seu rosto com medo de machucá-la de alguma forma.

- Nada! Eu só estou muito feliz, estava com medo de acordar e não ver você aqui comigo de novo...

Olhar a Kuon desse jeito me faz imaginar o quanto ela deve ter sofrido quando fui embora sem nenhuma explicação e a deixei completamente sozinha
Eu sou um idiota!
Passo meus braços ao redor do seu corpo puxando ela para mais perto de mim, apertando ela cada vez mais, tentando romper qualquer distância existente entre nós dois.

- Me perdoe por isso, não vai se repetir

- Promete pra mim?

Como eu poderia recusar qualquer pedido seu quando me olha dessa forma?
Porra!

- Prometo

Beijo sua testa novamente e enxugo suas lágrimas vendo um lindo sorriso se formar em seu rosto

- Quer comer algo?

- Sim, estou morrendo de fome

Normalmente a Kuon não tem tanta fome pela manhã, mas que bom que o apetite dela melhorou nesses tempos.

...

Estamos reunidos na mesa com a criança, May, Yuri, Rika e outros membros desfrutando de um café da manhã tranquilo relatando nosso percurso ao longo desses meses e os desafios que encontramos deixando um clima agradável entre todos apesar de toda a situação.

- O que vão fazer com aquele cara?

Um dos amigos do Rika pergunta e no mesmo instante toda a mesa ficou em silêncio e meu humor foi por água abaixo, toda vida que eu lembro que trouxemos aquele cara até aqui e deixamos ele vivo me corroe por dentro

- Ainda estamos interrogando ele, o doutor deu um jeito em alguns ferimentos e estamos vendo o que conseguimos tirar dele

- Meu papai?

Todos da mesa encaram a garotinha sentada ao lado da Kuon que tinha seus olhos brilhando coberto por lágrimas

- Meu papai tá machucado?

- Lena fique calma...

A Kuon tenta tranquilizar ela, mas depois do que ouviu ela parecia irredutível e começou a chorar

- Quero ver o papai, eu quero ver ele...

Todos intercalavam o olhar entre mim e o Rika para ver nossa decisão
Desse ângulo parece que somos os monstros aqui e estamos separando uma família, mas não é disso que se trata, estamos mantendo um estuprador longe de uma criança inocente que não faz ideia de quem o pai é.

- Rika...será que tem como levar ela até ele? Só pra ela ver ele, já faz tempo que prometemos isso a ela e...

Eu sei que isso é difícil pra Kuon porque ela se apagou a menina, mas justamente por ter se apegado a ela não aguenta ver ela sofrendo com toda essa situação.

- Acha uma boa ideia Yuka?

Meu irmão olhava para mim, mas eu sinceramente não posso tomar nenhuma decisão agora sem envolver minhas próprias convicções e desejos.

- Comfio na sua decisão Rika

- Então está decidido, Lena se ajeite que depois do café irei levar você até seu pai

O Rika levanta com algumas pessoas e se afasta indo em direção ao local onde ele está sendo mantido preso, acho que vão tentar melhorar a sua cara antes dela encontrar ele

- irmã Kuon, eu vou ver o papai, eu preciso me arrumar pra ele ver que eu estou bem, você pode me ajudar?

Ela confirma com a cabeça e se levanta acompanhando a Lena de volta ao seu quarto.

- Quero falar com você Yuri

- O que foi?

Eu sei que a Kuon está me escondendo algo e se ela não pretende me contar posso pressionar minha irmãzinha até ela me contar tudo eu sei que ela não aguenta

- Vamos Yuri, vamos nos ajeitar

A May puxa ela pelo braço a levando pra longe da mesa me deixando incapaz de impedi-la pelo jeito que me encarava como se quisesse me matar.

Filha da puta, todos nessa merda de lugar estão conspirando contra mim?

Encaro a comida em meu prato, mas perdi completamente o apetite depois de tudo que rolou.

Me afasto da mesa e caminho em direção ao nosso quarto

- Você vem comigo?

- Não, esse é um momento de vocês

- Ele vai gostar de conhecer você Kuon, o papai é...

- Eu não posso, desculpa! Eu...só não posso ir, não estou me sentindo bem.

Abro a porta e vejo a Kuon andar até o banheiro e começar a vomitar
Entro no banheiro e seguro seus cabelos para que não suje mais do que o necessário, toda essa situação e esse estresse não está fazendo bem pra ela de forma alguma e está afetando ela fisicamente.

- Yuka...se afaste eu...

- Deixe de besteira, eu estou aqui, calma que já já você vai se sentir melhor

Seguro seus cabelos e acaricio suas costas enquanto vejo ele colocando todo o café da manhã pra fora

- Lena pega um copa de água pra irmã Kuon por favor

Vejo ela confirmar com a cabeça e se afastar rapidamente

Escuto a respiração pesada da Kuon, parece que já colocou tudo pra fora

Viro ela em minha direção e ela não parecia muito bem

- Kuon? O que está sentindo?

- Não é nada Yuka! Essa situação me deixa assim...

- Vamos no doutor

- Não, eu...

- Não foi um pedido, nós vamos lá agora, entendeu?!

Ela confirma com a cabeça.
Eu não gosto de agir de forma autoritária com ela, mas se ela não se cuida e se deixa chegar a esse ponto, eu preciso intervir de alguma forma.

Ajudo a Kuon a se levantar e vejo a Lena entrar no quarto segurando um copo de água

- Obrigado

Pego o copo entregando na mão da Kuon e vejo suas mãos trêmulas, o que será que ela tem? É só estresse mesmo?

- Lena vou levar a irmã Kuon no doutor, vou pedir pra irmã Yuko ficar com com você, está bem?

- Ela tá bem e o bebê?

Que porra ela tá falando? Olha pra Kuon e pra Lena e elas se encaravam como se tivessem falado algo que não deviam

- Que bebê Kuon?

Sinto seu corpo amolecer em meus braços e a levanto antes que caia no chão

- Vamos comigo até o doutor Lena a irmã Kuon vai ficar bem

...

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