O relógio tocou às 5:30h, mas, confesso que não havia dormido direito. Se adormeci por duas horas, foi muito naquela noite de grande ansiedade. Levantei rapidamente e pensei em vestir uma calça, mas eu estaria na praia. Como ela estaria vestida?
A questão invadiu-me, mas decidi mesmo ir arrumado, visto que não seria uma diversão propriamente dita, mas um momento importante. Assim, enfiei-me em uma calça jeans, a mais nova que eu tinha.
Coloquei um tênis e uma camisa verde, devidamente posta para fora da calça, tendo ela estampa aveludada com a águia bicéfala dos Paleólogos. [Nota do autor: Heráldica da última dinastia do Império Romano do Oriente]
O perfume Quasar contemplou o conjunto, que ainda contava com meu corte de cabelo curto e rosto bem liso, sem barba. Consegui a proeza de me aprontar em 30 minutos, embora tudo já estivesse arrumado, ou quase...
Já habilitado, peguei o Fusca 1500 1975, de cor azul, que pertencia ao meu pai. Em casa, além desse Volkswagen, havia outro, a Kombi...
O barulho do motor refrigerado a ar não atraiu a atenção de meu pai, mas mesmo assim, deixei um bilhete onde avisava que iria até o Guarujá e de lá seguiria para a marina. Kild, nosso cão labrador, despediu-se de mim com sua língua enorme e o carinho que só ele tinha.
Ao chegar ao centro do Guarujá, parei o carro na avenida da praia das Pitangueiras. Como ainda era cedo, consegui estacionar em frente ao referido restaurante, devidamente fechado àquela hora. Com o motor desligado, a rotação continuava alta, mas essa era em meu peito...
Senti um enorme calor me invadir devido à ansiedade, com meu coração batendo já acima do normal. O céu azul e o sol no horizonte davam as boas-vindas, assim como o cheiro acre do sal e o vento forte vindo do mar. Aquela força do oceano quebrando sobre a areia era perceptível ali, mas minha mente...
Nem tive tempo de refletir sobre tudo isso, quando vi uma graciosa jovem se aproximar. De início, seu rosto era sério, parecendo até um pouco tenso, talvez. Metida em um vestido listrado verde com mangas curtas, ele realçava suas formas.
Com os cabelos negros soltos e calçando uma sandália rasteira marrom, a morena produziu um belo sorriso ao se aproximar. Isso elevou meus batimentos e o nervosismo.
— Bom dia! Aqui estou — cumprimentou-me Diana.
— Bom dia. Que bom que veio!
Diana pegou em minha mão e se aproximou, sem cerimônias, fixando seus olhos azuis nos meus e beijamo-nos. Seu perfume doce me dopou completamente, enquanto sentia seu corpo junto ao meu. Ali, pude nutrir-me mais daquele beijo inesquecível, dado na noite anterior.
Minha língua encontrou a dela e envolvemo-nos cada vez mais, aquecendo aquela manhã que prometia calor de primavera, que logo acabaria.
— Sonhei com esse beijo hoje... — falou Diana.
— Eu nem sonhei... — comentei.
— Por quê?
— Eu nem dormi direito... Nem deu para sonhar com você.
Diana riu e disse:
— Seu bobo! Já pensou se todo encontro que marcarmos cedo, você não dormir?
— Não tem problema, você me mantém acordado...
— Eu? Nem pensar! Deixo você dormindo e vou embora.
Frisei o olhar e ela achou graça, rindo novamente. Então, falei:
— Não vá...
Abracei-a e beijei-lhe. Após uma eternidade que passou em segundos, creio eu, seus olhos azuis, como o imenso oceano de testemunha daquele encontro, Diana ficou séria. Isso me lembrou do assunto importante que ela queria tratar na conversa. Procurei não conjecturar antes de ouvir.
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Desert Rose
Ficção AdolescenteGuilherme tem uma relação complicada com o pai e seu pensamento mais profundo é largar tudo e partir... Contudo, sua vida dará uma guinada enorme ao se deparar com os belos olhos azuis de Diana, alguém que ele acredita ser "inalcançável". Ela, uma g...