Capítulo 19 - De volta para Triton

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Ao entrar no casarão de Felipe, vi Andrea posta no sofá, vestindo um shortinho jeans e uma camisa amarela, escrita "Palm Beach". Com o cabelo ruivo jogado no ombro esquerdo e as pernas dobradas sobre o estofado, mirava séria para a enorme TV de 41 polegadas da Sony.

Concentrada no filme "O Nome da Rosa", reproduzido no videocassete, a garota nem olhou para mim. Ao lado dela, alguém que não via há dias... Ana Ruiter, sua irmã, era muito parecida com Andrea, porém, seu cabelo era castanho e não tinha sardas.

Seus olhos verdes miraram-me surpresos quando cheguei a sala. Ela, rapidamente comunicou a irmã:

— Dea, olha quem chegou!

Olhando-me com desdém, a ruiva apenas a respondeu:

— Foi visitar a namoradinha...

— Mas, ela não está aqui?

— Deixa de ser tonta Ana, não te falei que ela foi embora? Só sobrou ele aqui...

A jovem olhou-me sem jeito, mas mirei na irmã, comendo a pipoca. Senti raiva de seu comportamento ali, ainda mais diante da irmã, que poderia reproduzir a coisa para sua família. Outro ponto é que Andrea já estava dando bandeira...

— Você quer que eu vá embora? — falei.

Ainda que mirasse na TV, o olhar de Andrea denunciou sua apreensão com minha pergunta. Recuperando-se do susto, a ruiva olhou-me sorrindo falsamente e respondeu:

— É claro que não! Por que eu desejaria isso? Você é nosso amigo! Ah! O Fê tá lá no quarto de jogos, com um game novo. Vai lá falar com ele.

Olhei para Ana e forcei um sorriso, cumprimentando-a:

— Oi! Tudo bem contigo?

— Tudinho!

Quando passei diante das duas, Ana levantou-se e me deu um beijo no rosto. Então, ao me afastar, percebi que Andrea pousava seus olhos sobre mim. Deixe-as e fui até o anfitrião, afinal, tinha um recado para ele.

Ao entrar num quarto reservado para jogar, o interrompi animado.

— Ei! Para tudo aí!

— Caralho! Que susto da porra!

— Foi mal!

— Puta merda, perdi essa fase!

— Calma! O que tenho pra te falar é mais importante que isso aí...

— A loira?

— Ela tem nome...

Jogando o controle no chão, Felipe ergueu-se rapidamente e sentou numa poltrona de couro, posta ao lado da TV.

— Conta aí! O que ela disse?

— Meu... A Martha tá a fim de você!

— Uhull! Nossa! Que legal!

Fiquei contente por ele, mas o interrompi:

— Espera aí! Calma!

— Você não disse que ela...

— Você nem me deixou falar ainda!

Felipe, com o rosto avermelhado, puxou os cabelos para trás e fixou o olhar em mim.

— Bem, eu a chamei "anjo" e...

— Ei! Teu lance é com a Diana!

Eu ri alto diante da consternação visível no rosto do rapaz.

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