Capítulo 24 - Ilusão

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Meu mergulho no mar revolto trouxe mais complicações que eu poderia imaginar, afetando não somente a mim, mas também meus pais. Como já dito, minha traição não passou impune diante de Wolfgang, que me demitiu do Desert Rose.

Proibindo-me de visitar Diana, o alemão trouxe consigo outra corrente contrária, mas disso falarei adiante. A questão agora era Andrea, a qual estava sendo enganada. Então, por que eu haveria de manipular os sentimentos da ruiva?

A motivação, igualmente já comentada, não vinha de minha própria vontade, mas de outra pessoa, muito interessada em se aproveitar do momento. Isso se deu por um ato involuntário que acreditei não me afetar mais, após o ocorrido com Diana.

Ocorreu em 29 de dezembro de 1993, quando eu acabara de voltar para casa de Felipe Ruiter. Ao atender ao telefone, Joice me comunicou que a ligação era para mim. Estranhei o fato de ser Ana do outro lado da linha, visto esperar a ligação de Andrea, ainda chateada pelo acontecido.

— Gui, tudo bem?

— Que pergunta Ana... Claro que não.

— Bem, talvez sua situação possa mudar...

— Do que está falando?

— Não vou te enrolar. Preciso que faça algo por mim.

Estranhei novamente, afinal, por que Ana precisaria exatamente de mim, que nem podia ajudar a si mesmo?

— Fale.

Com voz contrariada, a jovem Ruiter começou:

— Olhe, não gostei que aconteceu entre você e Andrea. Já desconfiava, mas a zona que isso virou, acabou com ela.

— Ana, aconteceu... Infelizmente sobrou pra todo mundo.

— Não! Deveria ter sobrado apenas para você! — disse ela, agora sim, irritada.

— Olhe menina, não vou discutir isso com você, ok?

— Ah! Vai sim! Por isso te liguei.

— Então fala logo! O que você quer?

— Quero que "volte" com Andrea, se é que um dia vocês ficaram realmente juntos, né?

A ironia de Ana tinha razão de ser, afinal, eu e a ruiva, não namoramos de fato, apenas tivemos um caso... Ainda assim, a imposição daquela garota me incomodou muito.

— Por que você acredita que ficarei com Andrea?

Sem delongas, Ana foi à questão.

— Porque não posso vê-la trancada naquele quarto como se sua vida não tivesse sentido, caramba!

Confesso que não havia entendido inicialmente, mas a garota explicou.

— Ela ama você e vou ajudá-la a ter o que quer, mesmo que não concorde com isso.

— Ana, não dá para ficar com sua irmã. Não quero, pois, gosto mesmo é da Diana.

— Na hora de transar com Andrea você não pensou nisso, né? Não adianta ficar aí posando de inocente.

— Ok! Não sou inocente, mas o que você quer que eu faça?

— Você é surdo? Já falei o que tem que fazer.

— Desculpe Ana, mas não dá... Sua irmã acabou com tudo.

— É mesmo? Bem, não me importo. Se você não ficar com ela, eu conto o que aconteceu conosco em seu quarto...

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