O choque de Martha ao ouvir da irmã que estava grávida foi surpreendente. Eu pensei que ela iria surtar, mas acabou emocionando-se e abraçou Diana. Viki ficou contente pela jovem, mas conteve-se em demonstrar mais sentimentos.
A loira de olhos verdes então veio a mim, com lágrimas ainda no rosto e me abraçou. Contudo, a seguir, mirou-me séria e disse:
— Guilherme. Você é o pai e a responsabilidade por tudo também será sua. Se não a magoá-la, eu ficarei do seu lado. Mas, se pisar na bola com ela, eu estarei com meu pai...
Era a segunda vez que eu ouvia algo assim em poucos dias. Da primeira, minha mãe também falou que me apoiaria, mas somente se eu fosse correto. Ali, Martha havia se tornado uma aliada importante diante do que viria.
— Martha, obrigado. Amo Diana e nunca irei abandoná-la.
— Falar é fácil Gui, mas quando a onda vir sobre você, vai ter que ser firme pra não cair, ouviu?
— Eu sei, mas por sua irmã, irei até o fim.
Diante de meu semblante firme e confiante, a loira abriu um sorriso e comemorou. Diana, que observara a admoestação da irmã, sorriu-me com um ar de felicidade. Para ela, nada mais importava, a não ser eu e o bebê, confessou-me depois.
Naquele sábado, após o jantar, nós dois fomos até a praia, enquanto as duas amigas ficaram vendo um filme no video-cassete. A noite estava estrelada e a brisa do mar soprava os cabelos de Diana, como que os acariciando. O som das ondas a quebrar na areia era a nossa música, até vibrando o chão.
Ela sentou em um dos bancos de concreto do local e eu deitei sobre seu colo. Então, Diana contou mais de sua vida, especialmente de como era difícil conversar com os amiguinhos de escola, quando criança, dada à língua falada em casa.
Naquela noite aprendi algumas palavras e expressões em alemão, mas o que realmente importava, era ouvir sua voz suave e sentir o toque de sua mão eu meu rosto. O carinho dado por ela não tem palavras para ser descrito e eu amei cada minuto.
Por duas vezes, busquei inutilmente ouvir as batidas de um coração ainda inexistente em seu ventre. O que eu ouvia, vinha dela, de seu coração forte, que nutria agora mais um ser, ainda microscópico dentro de si.
Seu calor, com aquela brisa que já deixava nossas peles levemente frias, me desprendia da temperatura, dos sons em volta e até do tempo.
Num dado momento, eu olhei para o relógio e gelei!
— Di! Já são 22 horas! — exclamei.
Olhando-me com surpresa, ela indagou e brincou a seguir:
— Sim, e daí? Tem outro compromisso, seu Guilherme?
Eu nem ri nesse momento, visto estar preocupado em retornar ao Guarujá.
— Compromisso? Claro que não amor, mas eu disse a minha mãe que voltaria hoje.
— Hoje você não sai daqui.
— Como assim?
Diana, ainda surpresa com minha atitude, sorriu.
— Você vai dormir lá na casa com a gente. Eu falei com a Viki e ela permitiu. Já está tudo pronto para isso, queridinho...
A morena buscou minha boca e presenteou-me com seus lábios quentes, que me renderam e tiraram a preocupação de mente.
Com tantas coisas na cabeça, eu até pensei na hipótese de ficar por lá, mas a Providência do amor dela preparara minha cama, literalmente. Ali, numa distante Peruíbe, meu coração estava em casa, em um novo lar, que se chamava Diana Niechtenbahl.
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Desert Rose
Genç KurguGuilherme tem uma relação complicada com o pai e seu pensamento mais profundo é largar tudo e partir... Contudo, sua vida dará uma guinada enorme ao se deparar com os belos olhos azuis de Diana, alguém que ele acredita ser "inalcançável". Ela, uma g...